Conversar sobre a luta da categoria, os ataques a direitos pelo governo Eduardo Leite (PSDB) e a ansiedade desencadeada pelo momento de enfrentamento ao Coronavírus (COVID-19), mas além disso matar a saudade mesmo que de forma virtual. Hoje foi a vez dos aposentados(as) do núcleo de Estrela (8º) se encontrarem, ainda que a distância.
A série de videoconferências realizada pelo Departamento dos Aposentados(as) do CPERS tem levado informação para os professores e funcionários de escola aposentados dos núcleos do Sindicato. Até o momento a reunião virtual já ocorreu nos núcleos de Porto Alegre, Três de Maio, São Luiz Gonzaga, Bento Gonçalves, Frederico Westphalen, Santiago e Estrela.
A educadora Glaci Weber, coordenadora do Departamento dos Aposentados do Sindicato, é quem comanda a reunião. Ela ressaltou a admiração pela adaptação dos aposentados nesse momento.
“Estou encantada com os aposentados se adaptando a essa nova realidade e lidando muito bem com a tecnologia. Queríamos fazer esses encontros presenciais e todos poderem se abraçar, mas infelizmente não podemos nesse momento. E esse foi o jeito que o departamento encontrou de ficarmos juntos e levar até os aposentados as informações do CPERS ”, afirmou.
A diretora Alda Bastos de Souza falou da felicidade de ver todos na reunião e destacou a luta que a categoria deve enfrentar com o governo estadual e federal, além da luta contra o COVID19. “Nunca vimos tantos ataques a categoria tanto no âmbito estadual quanto federal. Aí vem um vírus que nos ataca desta forma com tantas mortes. Nunca vivemos nada tão difícil. E vimos que é preciso união, solidariedade. De quanto precisamos um do outro. ”
“São momentos difíceis, momentos de mudanças, mas teremos que nos adequar a isso. Vamos ter que nos reconstruir. E vamos passar por tudo isso bem”, frisou o diretor do núcleo, Gerson Luís Johann.
O 2º vice-presidente, Edson Garcia, ressaltou a importância da iniciativa. “É um momento muito importante e muito difícil. Quero parabenizar a Glaci e a Alda pela iniciativa. Essa é uma forma para nos vermos, vermos que está todo mundo bem e organizar a luta. E estamos aqui para dizer que estamos na luta e seguiremos lutando pelos nossos direitos e pela nossa valorização”, afirmou.
A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, chamou atenção para a luta que a categoria realizou contra o desconto da previdência para os aposentados. Mas que, infelizmente, por Eduardo Leite ter a maioria dos votos na Assembleia Legislativa, a vitória não foi possível.
Helenir falou sobre a pressão que a categoria fez na Câmara e no Senado em relação ao PLP 39/2020. Para que os educadores ficassem fora do congelamento salarial, previsto até 2022. “Mas Bolsonaro, com o aval do nosso governador, vetou. Agora nossa pressão será para derrubar o veto no Congresso. Isso vai garantir que em janeiro possamos receber reajuste salarial”, defende.
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Outra questão levantada por Helenir é o retorno às aulas presenciais. “O governo está preocupado com as maçanetas, com o distanciamento, mas não está preocupado com as crianças que não vão poder abraçar seus colegas, professores, a tia da merenda. Temos colegas que foram infectados só em ir até a escola entregar cestas básicas e trabalhos. Se nós não nos rebelarmos contra isso, o governo vai dizer que a culpa das infecções é das direções das escolas. E colocar nas nossas costas mais isso”, destacou Helenir.
Informe jurídico
O advogado Marcelo Fagundes aborda durante as reuniões os principais pontos de interesse: desconto da previdência, alteração do Plano de Carreira do Magistério, confusão dos contracheques, suspensão dos consignados do Banrisul, entre outras questões levantadas pelos participantes durante a atividade.
Marcelo explicou a tramitação da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) ajuizada com outras entidades para impedir o desconto da previdência.
“Nós teremos o julgamento nos próximos dois ou três meses. Esse desconto é muito sério, esse é o dinheiro que faz falta no final do mês para um remédio ou médico. Vamos fazer o possível para barrar esse desconto. Vamos trabalhar muito para ter um êxito e vencermos ”.
De acordo com o advogado, a novela dos contracheques deve continuar por alguns meses. Marcelo chamou atenção para quem tem convocação incorporada. “Estamos vendo que é onde está dando mais problemas nos contracheques”, pontuou.
Marcelo destaca para os aposentados compararem os últimos contracheques e se ver que o salário baixou mais que desconto da previdência, se isso ocorrer os educadores devem procurar o jurídico.
Marcelo ainda lembrou que devido aos parcelamentos e atrasos de salários, muitos educadores tiveram que buscar empréstimos e grande parte da categoria encontra-se endividada.
“Podemos notar que muitas dessas financeiras estão cobrando juros abusivos, então quem perceber que isso está acontecendo pode nos procurar para entrar com uma ação. Muitas financeiras vão ter que devolver dinheiro para os educadores”, destacou.
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A aposentada Sandra Mara Karpiuk falou sobre a situação de miserabilidade da categoria, que mesmo com muita luta tem tido perdas consideráveis. “É falta de remédio, é falta de comida. Reconhecemos a luta que o CPERS vem fazendo, mas lastimamos as perdas que tivemos até agora. Temos colegas que estão se afundando em dividas. Para defender as suas casinhas. O que se pode fazer, além dessa luta jurídica? Podemos acionar os direitos humanos? ”
“A base do governo Leite é a base do governo Bolsonaro. Estamos em uma situação que ainda somos privilegiados porque temos uma casa e como honrar nossas contas. Mas fica claro que os dois governos estão juntos. Temos colegas que estão na penúria, sem nem ter o que comer”, falou a aposentada Luzia Regina Pereira Herrmann.
A aposentada Diema Pretto parabenizou a direção central do CPERS e a direção do núcleo pela realização da atividade. “Vocês organizaram uma reunião tão boa, tão valiosa que podemos estar participando no conforto da casa da gente. E tem muitas pessoas que querem participar que não conseguiram dar o contato a tempo. Foi muito boa mesmo”,
O diretor Cassio Ritter fez uma breve analise sobre o Coronavírus , ressaltando que o Brasil e o mundo não estavam preparados para enfrentar uma pandemia.
“Esses sacanas desses governos estão se aproveitando para retirar mais direitos de nós trabalhadores. Na reunião de Bolsonaro com os ministros, Guedes falou como se fossemos privilegiados, que ficaríamos dois anos sem reajuste. Então vemos relatos como o da Sandra que os nossos colegas estão passando por diversas dificuldades”, destacou.
Na opinião do diretor, para sairmos desta situação temos que mudar de governo. “Bolsonaro acabou comas leis trabalhistas, acabou com a previdência”, concluiu.
“A luta vai ser muito grande, temos que nos cuidar. E todos os aposentados tem que fortalecer nosso sindicato. Que é o único que luta pela gente, pelos nossos direitos. Então boa luta para todos”, finalizou.
Também participaram da reunião a secretária-geral do CPERS, Candida Beatriz Rosseto e as diretoras Rosane Zan e Vera Maria Lessês.
No fechamento do encontro virtual Glaci saldou a todos e falou da estar feliz e satisfeita com as reuniões. “Vencemos a timidez, vencemos a tecnologia e estamos nos preparando para as próximas lutas.”
Na próxima semana ocorrerão dois encontros virtuais dos aposentados dia 24, no 42º núcleo (Camaquã) e dia 25, no 14º núcleo (São Leopoldo).
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