Reabertura de escolas aumenta em 24% taxa de transmissão de Covid-19, aponta estudo em 131 países


Um estudo publicado na revista científica The Lancet Infectious Disease aponta que, após 28 dias da volta às aulas, houve uma elevação de 24% na taxa “R”, utilizada para medir a taxa de propagação do coronavírus.

Os dados foram calculados com políticas de relaxamento de contenção da Covid-19 – que incluem a reabertura de escolas – adotadas por 131 países, de 1º de janeiro a 20 de julho.

Essa é a primeira vez que se quantifica globalmente o reflexo do abandono das ações de isolamento.

Os autores do levantamento descobriram que, quatro semanas depois de acabar com a proibição de aglomerações, houve aumento médio de 25% do R, variável que indica o potencial de propagação da doença.

A reabertura de escolas e a liberação de eventos públicos – shows e jogos de futebol, por exemplo – foram as medidas que mais impactaram nos índices de transmissão da Covid-19.

Conforme a pesquisa, fechar escolas e locais de trabalho, proibir eventos públicos/aglomerações, solicitar que as pessoas fiquem em casa e limitem o deslocamento pelo país foram políticas mais eficazes para reduzir a taxa de reprodução do coronavírus. 

Juntas, elas reduziram o R em 52%.

O cronograma de cada nação foi dividido em fases individuais, para refletir com precisão as políticas de contenção, que variaram muito entre elas.

No total, foram 790 etapas avaliadas no estudo estatístico. O modelo considerou o procedimento de adotar ou relaxar as políticas até 28 dias depois.

Mudança ao longo do tempo na razão R após a introdução e relaxamento de NPIs individuais. Para cada NPI, o período de referência é o dia anterior à introdução ou relaxamento desse NPI. Uma relação R de mais de 1 indica transmissão aumentada, e uma relação R de menos de 1 indica diminuição da transmissão. As barras de erro apresentam os ICs de 95% das razões R derivadas do modelo. NPI = intervenção não farmacêutica. R = número de reprodução variável no tempo.

Segundo a análise, enquanto a adoção de um conjunto de medidas foi responsável por reduzir significativamente para perto ou mesmo menos de 1 o número de reprodução, o relaxamento das políticas de contenção teve efeito inverso.

Quando menor de 1, significa quantidade baixa de pessoas sendo contaminadas, mas, maior do que isso, demonstra o contrário.

Os resultados da análise principal apontam para uma tendência decrescente do índice de reprodução viral nas duas primeiras semanas depois do fechamento das escolas, dos locais de trabalho, da proibição de eventos públicos, da permanência em casa e nos limites de circulação de pessoas.

Individualmente, a medida mais efetiva nesse sentido foi banir aglomerações com mais de 10 pessoas.

Na primeira semana, o R era 0,9. Esse número caiu para 0,76 no 28º dia.

Os resultados também sugerem que, dentro de 28 dias, revogar a proibição de eventos públicos e reabertura das escolas pode aumentar a transmissão em 21%, e suspender a proibição de reuniões com mais de 10 pessoas pode elevar em 25%.

Escolas Fechadas, Vidas Preservadas

Para o CPERS, a falta de testes, de recursos humanos e materiais, e de controle da curva, inviabilizam qualquer possibilidade de retorno às aulas presenciais em curto ou médio prazo.

O Sindicato mantém a posição de que o retorno é precipitado e irresponsável, ainda que o governo demonstrasse capacidade de gestão para entregar os materiais prometidos, reformar as escolas e repor os quadros de funcionários(as).

Conclamamos a sociedade a se manifestar em todos os espaços possíveis, pressionando vereadores e prefeitos, eleitos ou candidatos, em defesa da vida.

>> Baixe o modelo de Ofício a ser enviado aos prefeitos, vereadores ou candidatos da sua cidade

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