Símbolo da resistência na capital, o colégio Julinho sediou na manhã desta quarta-feira (22) uma plenária com direções e educadores(as) de mais de 20 escolas de Porto Alegre sobre as atrocidades previstas no projeto do governo Eduardo Leite.
Reunidos no auditório, professores(as) e funcionários(as) escutaram, atentos e perplexos, as explicações repassadas pela direção central do CPERS e a assessoria jurídica do sindicato, representada pelo advogado Marcio Rosa.
Os projetos incluem medidas como o congelamento dos salários de toda a categoria por anos a fio, o extermínio de direitos históricos como as vantagens temporais, ataques à organização sindical e taxação de aposentados(as) que recebem um centavo acima do salário mínimo, sem prever qualquer compensação.
“No texto apresentado pelo governo, as mudanças na carreira trazem um grande desestímulo aos educadores. Cito um exemplo: o professor que ingressa hoje no magistério, já entra no seu nível equivalente, de acordo com graduações e especializações que tiver. O projeto do governo prevê que isso ocorra apenas após o estágio probatório, que é de três anos”, explicou Marcio.
A falsa ideia que o governo tenta passar para a sociedade, de que irá pagar o Piso para a categoria, também foi esclarecida pelo advogado. “Vão retirar todas as gratificações e vantagens e incorporar no básico. Ou seja, serão os professores que pagarão o próprio Piso e não o governo. Isso não é um projeto, é um antiprojeto”, afirmou.
Sobre os educadores(as) em regime de contratação temporária, Rosa destacou “o governo quer a retirada de direitos fundamentais destes servidores, como a licença-maternidade”.
Edson Garcia, 2º vice-presidente do CPERS, frisou a importância das plenárias para fortalecer a justa luta da categoria. “As informações que passamos devem ser levadas aos colegas nas escolas. Só assim, compreendendo as consequências do projeto, vamos fortalecer a nossa resistência. Se não lutarmos, não sobrará nada”, destacou.
A secretária-geral do Sindicato, Candida Rosseto classificou o projeto do governo como o pacote de morte. ” É um projeto extremamente nocivo. Todos serão atingidos, inclusive os aposentados, que passarão a pagar alíquotas que podem chegar a mais de 16% do salário. Se não reagirmos, quem vai pagar a conta da crise seremos nós”, alertou.
Candida lembrou ainda que, 72 horas após o projeto ser protocolado na Assembleia Legislativa, será deflagrada a greve, conforme decisão da Assembleia Geral da categoria. “Isso já está definido! Agora, vamos mostrar nossa capacidade de mobilização nas escolas. E as direções têm papel fundamental neste cenário”, conclamou.
A vice-diretora do 39º núcleo do CPERS (Porto Alegre), Maria Resplande Batista de Sá, observou a importância da unidade para impedir que direitos historicamente conquistados sejam retirados. “Cada um que sair daqui hoje tem que ir para a sua escola e dizer o quanto é importante a nossa unidade frente a este tremendo ataque do governo, que é conivente com o governo federal. Não estamos derrotados, vamos unir forças para impedir esta afronta”, frisou.
Verônica de Souza Macedo, diretora da escola Vila Jardim Renascença, relatou que conhecia o projeto apenas de forma resumida e que através das informações repassadas na plenária pode conhecer a fundo as verdadeiras intenções do governo.
“Foi muito esclarecedor e assustador. Estou na reta final para me aposentar e me sinto muito insegura, pois ninguém vai escapar. É aterrorizante a forma como ele está atacando o nosso plano de carreira. Já estamos há cinco anos sem nem um reajuste, com salários atrasado, pedindo empréstimos ao banco para receber o que nos é de direito. É muito desrespeito”, afirmou.
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