Mobilização da categoria faz governo recuar e fechar totalmente as escolas


Após intensa pressão da categoria, denúncias incessantes do CPERS, ação na Justiça e levantes em diversas escolas contrariando as ordens do Estado, o governo gaúcho recuou na intenção de manter as instituições abertas em meio à pandemia.

A nova orientação, que suspende o expediente presencial de funcionários(as) e equipes diretivas e pedagógicas, salvo em exceções definidas pelas direções, foi comunicada em memorando assinado pelo secretário Faisal Karam, nesta segunda-feira (23).

O prazo de 72h dado pelo Tribunal de Justiça para que o governo explicasse a manutenção das escolas abertas terminaria na terça. 

“Tardou, mas enfim venceu o bom senso. Esta é uma vitória do protagonismo dos funcionários de escola, equipes pedagógicas e direções, que não aceitaram ser a linha de frente do contágio e se engajaram ao lado do Sindicato. Todas as vidas importam”, avalia a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.

A luta pela suspensão das aulas e o fechamento das instituições como estratégia contra o avanço da Covid-19 começou já no dia 14 deste mês, quando o CPERS publicou uma nota defendendo a urgência da medida.

Cabe destacar o pioneirismo da ação, vez que a providência não era sequer cogitada no Rio Grande do Sul até então. Já na segunda (16), Eduardo Leite (PSDB) anunciou a suspensão das aulas a partir de quinta.

Na sequência, um vídeo desastroso do secretário da educação – posteriormente retirado do ar – comunicava que todos os educadores(as) deveriam permanecer nas escolas, mesmo sem alunos(as), incluindo professores(as).

O governo recuou após a repercussão negativa, mas editou um memorando que determinava o funcionamento “normal” das instituições, que deveriam manter o expediente administrativo e a oferta de merenda, apesar da falta de estudantes e de verba para aquisição de gêneros alimentícios, e à revelia das orientações de isolamento social para conter a pandemia.

A diretriz indignou funcionários(as) e equipes diretivas e pedagógicas. O CPERS acionou a Justiça de imediato com pedido liminar e, na quinta, a juíza Andreia Terre do Amaral intimou o Estado a manifestar-se no prazo de 72 horas

O Sindicato também orientou as direções a reunirem seus conselhos escolares e, com o aval da comunidade, fechar as instituições para proteger suas vidas e de seus familiares.

Foram longos três dias de exposição no transporte público e no chão da escola aos riscos de contágio, marcados por intensa mobilização nas redes sociais em torno da hashtag #NossasVidasImportam.

Uma ação da escola Paulo Freire, de Uruguaiana, viralizou. Cansados de esperar, os educadores(as) organizaram cestas básicas com os alimentos estocados, distribuíram para a comunidade e fecharam os portões.

O CPERS recebeu diversas mensagens de educadores(as) trabalhando em escolas vazias e exigindo o fim da exposição à pandemia.

Leandro Krause, de São Borja, comentou: “Quarentena do Dudu é nos deixar na escola trabalhando, merenda iogurte com bolachinhas. Enquanto isso minha família em casa, e a esposa é do grupo de risco”.

 

Também foram registradas denúncias de educadores(as) pertencentes a grupos de risco trabalhando em diversas instituições. Muitos com receio de apresentar atestado, uma vez que contratados(as) em licença médica por mais de 15 dias são demitidos.

Ainda sem respostas do governo, a semana iniciou com um levante na rede. Centenas de escolas haviam, embasadas na gestão democrática e no debate com seus conselhos, encerrado as atividades.

Divulgado no final da manhã, o memorando da Seduc selou a vitória do movimento.

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