Vergonha: funcionários de escolas recebem UM centavo de reajuste no contracheque


“É uma vergonha, humilhante, um deboche, desrespeitoso e desumano. Não tem fundamento o que foi feito. Eu espero, que não só o servidor público, mas a população tenha conhecimento disso e tome uma providência nas urnas e votem em candidatos que governem para a população, não para determinada camada da sociedade”. Esse é o apelo de Marcio Tavares de Almeida, agente educacional (cozinheiro) na EEEB Osmar da Rocha  Grafulha – CIEP, em Pelotas, que teve a ingrata surpresa de receber o aumento de UM centavo neste mês de junho.

A farsa do reajuste não é novidade na gestão Eduardo Leite / Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), que mais uma vez vende para a sociedade uma ilusão, assim como a farsa dos 32%. Desta vez, funcionários(as) de escola foram enganados e pagaram do próprio bolso o reajuste de 6% prometido pelo governo.

Em janeiro deste ano, Leite/Ranolfo já haviam deixado quase 22 mil servidores(as) de escola de fora do reajuste concedido ao magistério, esta foi a primeira vez que um governo estadual optou por não estender o aumento para todos os profissionais da educação. Agora, esse mesmo governo retira o reajuste de 6% para os funcionários e funcionárias da parcela completiva.

A parcela em si já é uma vergonha, visto que, servidores(as) que recebem o salário base de R$ 620,75 precisam do completivo para chegar ao valor do salário mínimo regional para estabelecimentos de ensino – R$ 1.419,86). Dos quase 22 mil funcionários(as) de escolas estaduais, mais de 12 mil recebem o completivo, ou seja, esses funcionários(as) não receberam nada de reajuste salarial. Como se não bastasse a cara de pau e o descaso do governo estadual, a folha suplementar rodou para conceder R$ 0,01 (um centavo) de reajuste salarial para esses educadores(as).

O CPERS mais uma vez desmascara a maldade do governo Leite/Ranolfo e traz relatos de cinco funcionárias(os) que comprovam a mentira do reajuste salarial. São histórias de pessoas que vivem com menos de um salário mínimo, que fazem acrobacias para honrarem as contas no final do mês, muitas vezes sem conseguir  pagar o básico para uma vida digna.

Luta pela subsistência

Valdirene Costa dos Santos, higienizadora na EEEF Portão Velho, em Portão Velho, está há oito anos na profissão e nunca recebeu reajuste salarial. A educadora conta que recebe R$ 1.300,00, mas por ter empréstimos no Banrisul, no final do mês recebe míseros R$ 870,00. Com esse salário, Valdirene sustentou a casa sozinha por dois anos, enquanto o marido estava desempregado. Com dois filhos a saída era, e ainda é, escolher as contas que serão pagas no final do mês. “Eu priorizo água, luz e a comida”, afirma.

A funcionária de escola, que mora em uma casa financiada pela Caixa Econômica Federal, conta que as parcelas estão em atraso. “O financiamento está com as parcelas atrasadas, já que tenho de escolher o que pagar no final do mês.”

Valdirene fazia faxina por fora para honrar as contas mensais, mas devido à pandemia de Covid-19, ficou sem a segunda renda improvisada.

Para ela, o reajuste salarial não é um luxo e sim uma necessidade. “Quero quitar minhas contas que estão muito atrasadas. Me sinto muito desmotivada às vezes, até para trabalhar. Nós funcionárias somos desvalorizadas demais”, desabafa.

Já Cassia Luana de Oliveira, também higienizadora na EEEF Portão Velho, passa pela mesma situação da colega, há cinco anos trabalhando em escola estadual nunca teve nenhum reajuste.

Cassia estava cursando licenciatura em história, mas teve que trancar a faculdade para limitar as despesas da casa: “Me formaria em janeiro de 2023, mas tive que optar por pagar as contas mais necessárias da casa, ou as mais vencidas”.

Com o salário de R$ 1.260,00 para 40h, mas recebendo R$ 870,00 devido a empréstimo bancário, Cássia já tem destino certo para quando tiver reajuste salarial de verdade. “Vou poder desafogar meu marido com as despesas da casa”, garante.

A educadora frisa que está difícil a vida financeira já que tudo aumenta, menos o salário, que está defasado há quase oito anos. “Me sinto desvalorizada, desmotivada. Está tudo caro, tudo aumenta, menos o salário da gente”, frisa.

A agente educacional l na EEEM Nove de Outubro, Joselaine Lara da Rosa, sobrevive com um salário de R$ 1.288,00 por 40h, mas também devido a dois empréstimos, recebe liquido R$ 841,00.

A educadora tem duas filhas e gostaria de poder oferecer mais conforto para as meninas, mas, infelizmente, o salário não deixa. “Deixo de comprar muitas coisas necessárias para as minhas filhas e a família. Gostaria também de estudar, mas não posso, pois não tenho como pagar.”

Joselaine explica que a indignação é o sentimento que persiste entre os colegas funcionários(as). “Como se nosso trabalho não tivesse valor. Somos humanos, precisamos de reajuste como os outros, também temos necessidades básicas que nosso salário não alcança. Estamos trabalhando só por amor a profissão, mas amor não paga as contas”, define Joselaine.

“É extremamente decepcionante, na verdade. Se tivéssemos o reajuste, estaria honrando com os meus compromissos mensais com mais dignidade, deixando de escolher quem não pagar”, garante Marcio, funcionário que abriu essa matéria.

Para ele, os governos de Sartori (MDB) e Leite (PSDB) foram os piores para a educação pública. “Nós, moradores de Pelotas e conterrâneos do Eduardo Leite avisamos ao Estado inteiro sobre como foi o governo dele aqui, mas não adiantou. Leite segue mentindo que colocou o RS nos eixos, acabou com as dívidas, colocou salário em dia, tudo uma mentira. Ele só destruiu nossas carreiras, destruiu com o nosso IPE. É cada vez pior, esses governos, governam sempre para quem tem e não para quem precisa”.

Marcio ressalta que o governo deve ter gastado muito mais em rodar a folha suplementar do que mesmo com o reajuste de um centavo.

“É só decepção, não temos esperança de melhoria para nada na educação pública. Ganhar um centavo de aumento é decepcionante e muito triste”, apontou Neusa Maria Soares Ferreira, agente educacional I (manutenção e infraestrutura), colega de Marcio.

O CPERS segue firme na luta, em todos os espaços, pela merecida valorização salarial dos funcionários(as) de escola, servidores(as) indispensáveis para o funcionamento das instituições de ensino. Se para o governo os funcionários(as) são invisíveis, para o Sindicato são essenciais!

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