Quem educa tem por ofício combater a desinformação. Qualquer gaúcho que tenha compromisso com a verdade deve conhecer a grande farsa por trás do reajuste do magistério.
Alardeada como uma generosa reposição, Eduardo Leite vende à sociedade que conferiu um reajuste de 32% para a nossa categoria. É mentira!
Os dados apresentados pelo próprio governo do Estado à Assembleia Legislativa contradizem a propaganda: somente 14% dos educadores receberam mais de 30% de reajuste. A grande maioria – 86% – ficou de fora.
Pior: cerca de 45 mil aposentados amargaram somente 5,53%. Leite tirou 26,47% dos adicionais por tempo de serviço que esses professores já tinham no seu contracheque, o que fez com que o reajuste fosse pago com o dinheiro do próprio educador.
Vale lembrar que estamos há mais de sete anos sem qualquer valorização salarial e hoje o nosso poder de compra está reduzido para mais da metade da inflação.
Como se não bastasse tanto desrespeito, o governador ignorou do projeto os funcionários de escola e os aposentados sem paridade.
Aliás, Eduardo Leite teve a cara de pau de visitar uma escola para fazer propaganda do aumento do valor da merenda, tirou foto ao lado de uma funcionária, mas manteve um silêncio sepulcral em relação à valorização de quem garante a alimentação das nossas crianças.
Leite também anunciou aos quatro ventos um superávit recorde no Estado, que chegou a mais de R$ 2,5 bilhões em 2021. A realidade é que fez caixa arrochando o salário e retirando direitos dos educadores e demais servidores públicos. Se tem dinheiro, por que não valoriza aqueles que sustentam, junto dos estudantes, a educação pública?
Nossos direitos não são presentes, são fruto de muita luta e mobilização popular. Se o Piso Nacional do Magistério ficou acima do percentual aqui no RS foi porque conquistamos através da pressão para que a Lei fosse criada em 2008 e garantisse reajuste anual.
Estaremos cobrando do governo, com muita força, o reajuste de 33,24% para toda a categoria. O que nós conquistamos é através do nosso suor. Enquanto houver coragem, haverá luta!
Helenir Aguiar Schürer, professora da rede estadual e presidente do CPERS/Sindicato
*Artigo publicado originalmente no jornal Zero Hora em 15/02/2022