Três meses após as enchentes, escola indígena Adalírio Lima Siqueira funciona em uma tenda improvisada


Não é novidade para educadoras(es) e estudantes gaúchas(os) que a educação indígena é historicamente negligenciada pelos recentes governadores do Rio Grande do Sul. Ao longo da gestão de Eduardo Leite (PSDB), não tem sido diferente: enquanto 179 escolas impactadas pelas enchentes de maio já passaram por reparos, a EEEF Adalírio Lima Siqueira, localizada na Aldeia Goj-Júr, em Passo Fundo (7º Núcleo), tem funcionado em uma tenda. 

Durante a tragédia político-ambiental que assolou o estado, uma das vigas que dá sustentação ao telhado cedeu e a escola precisou ser interditada. As alunas(os) ficaram mais de 20 dias sem aulas, entraram em atividades remotas e, nesta terça-feira (19), retornaram aos estudos numa tenda instalada pela Defesa Civil.

“Temos pressa pela obra, pois dentro dessa barraca não dá, é muito quente e abafado. As crianças não aguentam ficar lá dentro, elas pedem para sair, não se sentem bem ali”, relata o Cacique Jocemar Mariano. De acordo com o líder indígena, a comunidade só aceitou fazer uso da tenda para evitar que os estudantes tenham seu processo de ensino-aprendizagem ainda mais comprometido. 

A situação precária da instituição não é de hoje. No dia 12 de abril deste ano, o CPERS visitou a escola, constatando a fragilidade da estrutura, e onze dias depois, participou de reunião com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), exigindo agilidade nas restaurações necessárias. Apesar de ter colocado um poste que leva energia elétrica diretamente para a EEEF Adalírio Lima Siqueira, a Seduc não expandiu por completo a rede de luz nem solucionou outras demandas da comunidade escolar. 

Para a tesoureira-geral do CPERS, Rosane Zan, Leite não criou, até agora, nenhuma política pública em defesa da educação indígena. “Um ensino que pretende valorizar as especificidades culturais dos povos originários e preservar suas tradições merece todo esforço das autoridades. O Sindicato tem estado ao lado das comunidades, defendendo a educação indígena”, afirma a dirigente.

Segundo o Cacique da Aldeia Goj-Júr, a verba para as reformas já está em conta, mas o governo do Estado não toma decisões, deixando a escola para trás. A luta indígena nunca foi fácil, então a gente sempre busca pelo melhor. Que a 7ª CRE e a Seduc tenham sensibilidade com a educação indígena”, deseja Jocemar.

Ano após ano, as escolas públicas situadas em comunidades indígenas amargam uma falta de atenção do poder estadual inexplicável. O CPERS é aliado da luta dos povos originários e seguirá pressionando, como tem feito até aqui, para que a educação indígena seja valorizada e respeitada por Leite e por todas(os) governantes que vierem depois.

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