Na última sexta-feira (12), a tesoureira do CPERS, Rosane Zan, e a diretora do Sindicato, Alda Maria Souza, estiveram na EEEF Adalírio Lima Siqueira, instituição localizada na Aldeia Goj-Júr – assentamento consolidado do povo Kaingang –, em Passo Fundo (7º Núcleo). Há meses a escola lida com a informalidade da equipe diretiva, além de problemas infraestruturais, como a precariedade da energia elétrica.
Diante da falta de lâmpadas, da falta de funcionárias(os), da carência de espaço adequado para o setor administrativo e da ausência de acesso à internet, o responsável pela gestão da instituição, o professor Israel Kujawa, solicitou repetidamente reformas na escola. Mais recentemente, em 10 de abril, o educador enviou um novo ofício à 7ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), enfatizando a urgência das obras no local.
No entanto, o que impede a melhoria das dependências da escola é a não formalização da equipe diretiva. Em janeiro, Israel foi indicado pelo cacique Jocemar Mariano e designado pela 7ª CRE para ser o diretor, mas seu cargo ainda não foi formalizado. Da mesma forma, a Secretaria de Educação (Seduc) também não nomeou um Orientador Educacional, apesar de a comunidade escolar já ter indicado um profissional capacitado.
“O governo não faz o que lhe cabe, que é designar uma equipe mínima. Eles querem fazer uma gestão na qual os povos indígenas aceitem menos do que eles têm direito”, destaca o diretor.
Por conta da negligência generalizada praticada pelo governo Eduardo Leite (PSDB), Israel está sobrecarregado e cumprindo distintas funções dentro da Adalírio Lima, sem receber nenhum centavo a mais. “Na prática, eu sou o diretor, o orientador educacional e o coordenador pedagógico”, explica.
Mais do que simplesmente oferecer as condições básicas para estudantes e educadoras(es) estarem em sala de aula, o governo Leite tem a obrigação de respeitar as particularidades da educação indígena, cumprindo a Lei da Gestão Democrática.“É preciso propor um sistema de ensino de qualidade e referenciado, no sentido de atender as especificidades do povo Kaingang, considerando seus horizontes de futuro”, argumenta a tesoureira do CPERS, Rosane Zan.
Ano após ano o CPERS visita instituições educacionais voltadas aos povos originários e o cenário de descaso é sempre o mesmo: abandono completo do poder público, que não garante o mínimo exigido em lei. “É lamentável mais uma vez encontrarmos escolas indígenas sem nenhum investimento por parte do governo Leite”, comenta Rosane.
O Sindicato exige a imediata atenção por parte da Seduc à EEEF Adalírio Lima Siqueira. É inadmissível que as crianças não tenham um ambiente seguro e receptivo para estudar e confraternizar. A escola merece contar com todas as instâncias em funcionamento e as trabalhadoras(es) que cuidam da instituição devem ser respeitadas(os). Chega de descaso!
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