Dez dias após a reabertura das escolas, um grande surto de Covid-19 se alastrou em uma comunidade escolar de Jerusalém, infectando 153 alunos (13,2%) e 25 educadores (16,6%).
Ao todo, cerca de 260 pessoas foram contaminadas. É o que aponta estudo elaborado pela Faculdade de Medicina da Universidade Hebraica de Jerusalém, em parceria com o Ministério da Saúde de Israel, e publicado pela revista médica Eurosurveillance.
A transmissão em massa ocorreu em uma escola secundária, que atende 1190 estudantes de 12 a 18 anos. Após uma onda de calor extrema acima de 40 ° C, o Ministério da Saúde isentou os alunos do uso de máscaras durante três dias seguidos.
Em 26 de maio, foi registrado o primeiro caso. Já o segundo, no dia seguinte. Ambos não estavam epidemiologicamente ligados e constavam alunos de séries diferentes; uma das fontes de infecção era desconhecida. Familiares, alunos e professores que tiveram contato próximo com os infectados foram isolados.
De acordo com a investigação epidemiológica, em ambos os casos, estudantes que frequentaram a escola, entre os dias 19 e 21, relataram sintomas leves – como anosmia, ageusia, febre e dor de cabeça.
Com o surgimento das infecções, o escritório de saúde do distrito declarou ‘status de surto’. Entre as medidas, fechamento total da escola, isolamento social e testes da comunidade escolar.
Testagem em massa
Durante o feriado judaico, nos dias 28 a 30, foram realizados testes em massa de Covid-19, fruto de trabalho conjunto com a comunidade escolar, quatro Fundos de Saúde, a organização nacional de serviços de emergência, Magen David Adom, o município local e o escritório distrital de saúde.
Foram excluídos da testagem dez professores e 26 alunos que não frequentavam a escola desde a reabertura, em 18 de maio. O restante foi testado: de 151 a 152 funcionários e 1.161 a 1.164 alunos.
As taxas de Covid-19 diferiram entre os grupos, sendo mais altas nas séries juniores (7 a 9) do que nas mais avançadas (10 a 12) (Figura 1).
Os índices de pico foram observados na 9ª série, contabilizando 20 casos em uma turma e 13 em duas outras classes, e na 7ª série, com 14 infecções. Quatro dos professores testados positivamente lecionaram em todas as turmas com altos índices de contaminação, dois lecionaram em três e um lecionou em duas.
Em 30 de junho, haviam se recuperado de 100 a 153 estudantes (65,4%) e de 16 a 25 educadores(as) (64%), com dois resultados negativos de PCR. A avaliação do período de recuperação revelou que 60% dos casos assintomáticos se recuperaram em 25 dias em comparação a apenas 37% dos casos sintomáticos.
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Nos homens, a taxa de casos sintomáticos foi de 43% entre os estudantes e 76% entre os funcionários. Os principais sintomas relatados foram tosse, dor de cabeça, febre, dor de garganta e mialgia. Também foi registrada uma visita à emergência e nenhuma hospitalização.
Uma inspeção feita na escola relatou classes lotadas: de 35 a 38 alunos por turma em uma área de 39 a 49 m², constando 1,1 a 1,3 m² por aluno – abaixo do padrão de 1,5 m². Desse modo, o distanciamento entre alunos, e estudantes e professores não foi possível.
Número de casos nas crianças em idade escolar cresce após a reabertura
É preciso fechar as escolas
No Rio Grande do Sul, os números são alarmantes e indicam uma aceleração da curva. Já são 1.876 óbitos e 66.692 casos confirmados até a manhã desta segunda-feira (03).
É consenso científico de que o isolamento social é a única forma de evitar o contágio. Para o CPERS, a falta de testes, de recursos humanos e materiais, e de controle da curva, inviabilizam qualquer possibilidade de retorno às aulas presenciais em curto ou médio prazo.
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