Celebrar o presente, resgatar o passado e debater os desafios do futuro foram os pontos que nortearam o primeiro dia do IV Encontro de Aposentados(as) do CPERS. Reunidos em Bento Gonçalves, professores(as) e funcionários(as) aposentados(as) dos 42 núcleos do Sindicato reuniram-se, pela primeira vez, desde a pandemia.
O primeiro dia foi marcado por momentos emocionantes, que entrelaçaram a luta e a história destes educadores(as) que, apesar dos governos que insistem em desprezar a educação, não desistem da luta.
A abertura contou com a entrada das bandeiras do CPERS, da CNTE, de Bento Gonçalves, do Rio Grande do Sul e do Brasil ao som da música Ordem e Progresso, interpretada por Beth Carvalho.
Na sequência, o Coral de Aposentados(as) do 12º Núcleo de Bento Gonçalves apresentou o Hino à Capital do Vinho, Hino ao Rio Grande e canção Volare, clássico do Gipsy Kings.
Dentre os presentes, a professora aposentada Jussara Domingues, deixou um importante recado sobre a luta histórica da categoria.
Conjuntura política e a preparação para a luta marcam a primeira mesa do encontro
Celebrar a vida para recarregar a energia para a luta: durante o encontro, diversas mesas promoveram o debate sobre a atual conjuntura política e os próximos passos para a mobilização da categoria.
A primeira mesa foi formada pelos representantes do 12º Núcleo, que recebe o Encontro, nesta segunda e terça (29 e 30), e da Direção Central do Sindicato.
O diretor do 12⁰ Núcleo, Leonildo da Luz de Moura, saudou os presentes e a luta dos aposentados(as) pela educação pública e de qualidade.
“É um prazer estar recebendo vocês aqui na cidade sede do nosso Núcleo. Por mais desvalorizados que estejamos, não podemos desistir, porque ser educador é muito mais que uma profissão. Parabéns a todos os aposentados que seguem na luta e acreditam no futuro da educação”.
A diretora do Departamento de Aposentados do CPERS, Juçara de Fátima Borges, deu as boas-vindas aos presentes, ressaltando a importância do Encontro para renovar as forças dos educadores(as).
“Sabemos que os governos não valorizam a educação, mas nós valorizamos, se hoje estamos aqui, é porque vocês, lá atrás, lutaram pelos nossos direitos, muito obrigada pela árdua luta de vocês aposentados da educação”,
Em sua fala, a diretora do Departamento de Aposentados(as), Alda Maria Bastos Souza, exaltou a importância dos educadores(as) aposentados para a construção da história do CPERS.
“Desde 2014, estamos com essa incumbência de fazer acontecer esse Encontro, que está em dua quarta edição. Embora tenhamos governantes que nos desvalorizam, os nossos aposentados seguem unidos e fortes, seja na resistência ou nos momentos de celebração, como o de hoje”.
Emocionada, a diretora Glaci Weber, do Departamento de Aposentados(as), destacou que o CPERS é construído por muitas mãos e que a resistência e as conquistas só foram concretizadas graças à luta coletiva, como os tricôs da resistência, exibidos no Encontro e que serão levados para a Marcha dos Aposentados(as) no próximo dia 13 de setembro.
“Estamos aqui hoje exibindo esses tricôs, feitos com os pontos da indignação. Um dos tricôs aqui expostos foi confeccionado na greve de 1987. Então, olhem a preciosidade de relembrarmos a nossa luta. Estas mantas servirão para abrir a Marcha dos Aposentados, para mostrar a nossa insatisfação com o que fizeram com o nosso Plano de Carreira, com a Previdência, com os educadores”.
O presidente em exercício do CPERS, Alex Santos Saratt, debateu a conjuntura política atual e destacou que este ano eleitoral é crucial para definirmos o futuro da educação no Rio Grande do Sul e no Brasil.
“Nós estamos na realidade do desemprego, do osso como opção para a alimentação. Nós vivemos no Brasil da pandemia que enlutou milhares de famílias e estamos vendo a miséria crescer, e os de cima crescendo e nós seguimos perdendo. Precisamos derrotar o fascismo e o neoliberalismo no Rio Grande do Sul e no país e eleger um projeto que defenda o povo, ou estaremos fadados ao fracasso”.
Alex ainda ressaltou a importância da luta dos aposentados(as): “Todas as nossas conquistas tiveram os pés e as mãos de vocês, então eu agradeço a luta de todos. Viva os nossos aposentados, que esse encontro seja mais um marco na nossa luta para mudar os rumos do nosso país. Basta de ódio, de mentira, de violência, queremos amor e queremos mudança”.
“Nós temos pouco mais de 40 mil aposentados associados ao CPERS Sindicato. Isso representa mais de 50% dos nossos sócios. Essas pessoas, que dedicaram 20, 30, até 40 anos das suas vidas à educação e não abriram mão da luta, são exemplos que precisamos seguir”, finalizou o presidente.
A visão da CNTE sobre os ataques aos aposentados do Rio Grande do Sul
Na segunda mesa de discussão do dia, a secretária-geral da CNTE, Fátima da Silva, e o representante dos Aposentados(as) na CNTE, Sérgio Antônio Kampfer, debateram sobre “O Brasil e a Crise Mundial e a Visão da CNTE em relação aos ataques com os aposentados(as) do Rio Grande do Sul”.
Para Fátima, a luta dos aposentados(as) por direitos e valorização precisa ser mantida também durante a aposentadoria.
“Vocês vivem numa grande encruzilhada, principalmente após a aprovação da Reforma da Previdência estadual, com a taxação dos aposentados. O funcionalismo é desvalorizado e o momento político exige defender candidaturas que possibilitem reverter as perdas dos últimos governos. Esse Brasil, que está colocado por Bolsonaro, é o Brasil da miséria e da perda de direitos. Precisamos lutar para impedir a sequência desse projeto”.
Sérgio destacou a importância de manter a unidade na luta: “Eu quero parabenizar o CPERS e a sua representatividade de aposentados. São 40 mil sócios aposentados no Sindicato, essa unidade é o que nos mantêm. Somos muitos! Por isso, nossa união e nossa participação junto às lutas das entidades e das ações da CNTE são muito importantes e fundamentais para resistir aos ataques e construir direitos”.
É possível a sexualidade ativa de qualidade na 3ª idade?
O público ficou atento à palestra da psicóloga e terapeuta sexual de adultos e casais, Aline Garziera, que falou sobre a vida dos educadores(as) após a aposentadoria e a importância de conservar um debate sobre a sexualidade também na terceira idade.
“Vivemos a vida profissional tão intensamente que ela acaba tomando muito tempo das nossas vidas. Levamos trabalho para casa. Às vezes, perdendo hora de lazer com a família ou outras vivências”.
Aline explica que, mesmo após a aposentadoria, é importante manter as amizades e os grupos com interesses em comum: “Como aqui, vocês pertencem a um grupo, os aposentados do CPERS”, destacou.
E continuou a explicar: “O grupo que eu pertenço conhece as minhas dores, as minhas lutas. Eu tenho empatia pelo outro. Nossas lutas são as mesmas.”
A psicóloga defende que os aposentados(as) devem participar de algum grupo ou atividade que lhe dê bem-estar. “Quanto mais citocina e adrenalina meu corpo produz, menos dores eu vou sentir e minha autoestima vai aumentar”, finalizou.
Apresentações culturais abrilhantam a tarde do Encontro de Aposentados
O Encontro de Aposentados(as) do CPERS foi marcado por momentos culturais emocionantes e de descontração.
O violinista Luis Ricardo Florêncio Brittes, ex-aluno do CE Emílio Zuñeda, do município de Alegrete, onde aprendeu a tocar no projeto Mais Educação, emocionou os presentes executando obras eruditas e populares ao violino.
Já o grupo de Danças do 35º Núcleo, de Três de Maio, realizou um verdadeiro arraial no palco do Encontro.
A diretora do CPERS, Sandra Teresinha Severo Regio, foi a responsável pela atividade laboral e colocou todos os presentes para dançar ao som de músicas populares.
Noite das Danças Folclóricas Brasileiras
Para encerrar o primeiro dia do IV Encontro de Aposentados(as) do CPERS, o Departamento de Aposentados(as) do Sindicato promoveu uma verdadeira viagem pelas Danças Folclóricas Brasileiras.
O evento contou com a apresentação de nove grupos classificados nos Encontros Regionais de Aposentados(as), em 2019.
A noite começou com apresentações de danças internacionais que influenciaram as tradições no Brasil, como o tango, a dança do ventre e as danças dos imigrantes que vieram ao Rio Grande do Sul.
Na sequência, os grupos de dança dos núcleos apresentaram as seguintes danças folclóricas: Fandango de Salão do Núcleo de Três de Maio; Catira ou Cateretê do Núcleo de Guaporé; Samba do Núcleo de Uruguaiana; Samba de Roda do Núcleo de Santiago; Frevo do Núcleo de Cruz Alta; Xaxado do Núcleo de Lagoa Vermelha; Bumba Meu Boi do Núcleo de Pelotas; Carimbó do Núcleo de Cachoeira do Sul; e Maracatu do Núcleo de Porto Alegre.
Além das danças, a noite também foi marcada por manifestações políticas, que evoluíam conforme os locais por onde as danças levavam, como o Palácio Piratini em Porto Alegre, Brasília e a Amazônia.
Nesta terça-feira (30), o encontro segue com mais mesas temáticas e apresentações culturais.