Após a Assembleia Geral desta sexta-feira (28) , milhares de educadores(as) de todo o estado realizaram uma caminhada da Casa do Gaúcho até o Palácio Piratini em protesto contra as tentativas de censurar o exercício do trabalho de base e de representação sindical nas escolas do Rio Grande do Sul. Exibindo os cartazes que foram vetados no ambiente escolar pela Justiça, professores(as) e funcionários(as) manifestaram seu repúdio ao cerceamento do debate político e ao constrangimento sofrido pela base nas escolas visitadas pela Caravana em Defesa da Escola Pública.
Os materiais impressos proibidos pelo TRE apontam os aumentos destinados pelo atual governo para gastos com publicidade e empreiteiras, enquanto educadores(as) amargam quatro anos de perdas devido ao congelamento salarial. Também exibem os rostos dos deputados estaduais que formam sua base aliada, bem como dos deputados federais que votaram em projetos que prejudicam a categoria e os(as) trabalhadores(as), como a Reforma Trabalhista e a PEC do Congelamento de Gastos. Honrando a tradição do CPERS de respeito às instituições democráticas, os materiais citados no despacho não foram mais distribuídos nas reuniões com educadores(as), mas permanecem em circulação fora do espaço escolar.
Outro caso de censura denunciado pela caminhada remete à decisão autoritária, antidemocrática e carente de qualquer base legal da 9ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que orientou direções escolares a impedirem o acesso de dirigentes do CPERS às escolas de Cruz Alta e região na última terça-feira (25). Arvorada em uma interpretação equivocada ou mal-intencionada de decisão do TRE, a 9ª CRE enviou ofício às direções escolares na tentativa de privar a entidade de dialogar com professores e funcionários, extrapolando suas competências para fins de censura e perseguição política.
Apesar da orientação, a maior parte das direções soube exercer sua autoridade e autonomia na gestão do espaço escolar, abrindo as portas para a Caravana do CPERS. Deparando-se com a situação, o coordenador Gustavo Jung Bilibio chegou ao extremo de constranger pessoalmente educadores no chão da escola, reforçando a proibição. Em atitude machista e misógina, também protagonizou uma discussão com uma dirigente estadual do CPERS na porta de uma das instituições.
Salientamos que a decisão judicial utilizada como justificativa para o arbítrio nada diz sobre a presença do CPERS no ambiente escolar, calcada no exercício legítimo da defesa dos interesses da categoria.
Com 73 anos de história, o CPERS jamais se curvou diante de qualquer tentativa de intimidação ou silenciamento, mesmo durante a ditadura militar. Há quase três meses na estrada, totalizando mais de mil escolas visitadas e quase 20 mil quilômetros percorridos, a iniciativa cumpre papel fundamental na discussão dos rumos da escola pública e da situação funcional da categoria – que amarga 34 meses de salários atrasados -, além de aproximar o Sindicato dos seus mais de 80 mil associados em todo o Rio Grande do Sul.