Material produzido e disponível no portal Humanista da UFRGS.
A semana foi marcada pela discussão em torno dos 55 anos do Golpe Civil-Militar de 1964. De um lado, o consenso científico na História de que os 21 anos de governos autoritários no país – até a redemocratização, em 1985 – foram um período de ditadura. Do outro, o Governo Bolsonaro, cujo entendimento é o de que a tomada do poder pelas Forças Armadas, com a destituição do presidente João Goulart, foi um movimento democrático.
Primeiro, o próprio presidente Jair Bolsonaro, que em entrevista na televisão reduziu os crimes contra a humanidade cometidos pelo regime a “probleminhas”; depois, o ministro da Educação, Ricardo Vélez, que disse que pretende revisar livros didáticos nos conteúdos que tratam do Golpe de 64 e da ditadura militar; por fim, o telegrama do governo enviado à ONU (Organização das Nações Unidas) defendendo que não houve golpe e que os militares livraram o Brasil do comunismo e do terrorismo.
Em meio à confusão que o debate produziu sobre o acontecimento histórico, o portal Humanista foi ouvir a historiadora Mariluci Cardoso de Vargas (foto), na primeira edição do #EntrevistaHumanista em 2019. Ela é doutora em História e foi Analista de Pesquisa pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento da ONU na Comissão Nacional da Verdade, em Brasília (DF), órgão criado para investigar os crimes da ditadura. Atualmente, realiza estágio de pós-doutorado no Programa de Pós Graduação em História da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Mariluci diz que não existe em fóruns científicos de História discussão sobre o tema: foi golpe e foi ditadura, é o consenso a que chegaram pesquisadores da área. Uma definição sobre o que é ditadura, a avaliação do contexto político atual do país em detrimento do período militar e o papel da universidade nesse debate também compõem a pauta.
Assista a entrevista realizada pelos repórteres Luciana Forgiarini e Vinicius Dutra.