“Estão nos estrangulando”: escola Vila Cruzeiro do Sul, de Porto Alegre, luta para seguir aberta


“O que entendemos dessa situação toda é que o governo não informa oficialmente a intenção de fechar a nossa escola, mas estão nos estrangulando no sentido de não nos deixar abrir turmas. Nos mantemos no local, mas está sendo bem difícil”.

Esse é o desabafo da Jaqueline Pontes Ferreira, diretora da EEEF Vila Cruzeiro do Sul, de Porto Alegre, que há alguns anos luta para seguir com as portas abertas.

As inúmeras tentativas de fechar a escola ocorrem desde o governo Sartori (MDB). Atualmente, a instituição está sendo pressionada, mais uma vez, para deixar o prédio onde está localizada.

Além disso, manobras do governo que, de forma sorrateira, age para diminuir o número de alunos(as) e assim justificar o encerramento das atividades, traz insegurança para educadores(as) e comunidade escolar.

No mesmo prédio da escola ficam localizados, em espaços diferentes, o Centro de Convivência e Profissionalização (CECONP) da Fundação de Atendimento Socioeducativo do RS (FASE) e uma das unidades da farmácia do estado.

A instituição possui o Termo de Cessão de Uso de Bem Público por 20 anos, a contar de 2017, mas foi surpreendida pela realização de obras sem aviso prévio.

Ao receber a notificação oficial, enviada pela FASE, somente após as obras iniciarem, a direção da escola buscou esclarecimentos junto à 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE).

Após a visita de um representante da CRE ao local, foi relatado que alguns espaços que estavam sendo usados não integravam a cessão de uso e alguns tiveram que ser desativados.

“Tivemos que realocar a sala de direção e a dos professores, desativamos o laboratório de ciências, a sala de recursos, o SOE, as salas de expressão e de artes, que eram muito importantes para o trabalho pedagógico e mais a sala de vídeo”, explica a diretora da instituição.

Uma das salas desocupadas foi a de Expressão, que atualmente está abandonada.

Também foi preciso se desfazer de itens que faziam parte do patrimônio da instituição por falta de local para armazená-los. A instituição oferecia uma oficina que ensinava os alunos(as) a produzir pães, auxiliando na geração de renda e também ensinando, na prática, conceitos de matemática, português e ciências, quando ainda integrava o projeto Escola Aberta.

Pressão ocorre desde 2015

A tentativa velada de fechamento da escola ocorre, segundo Jaqueline, desde o governo Sartori (MDB). “Não falam diretamente sobre o fechamento, mas as ações e a pressão que seguem fazendo falam por si. Em 2015, conseguimos reverter a situação quando, inclusive, fizemos uma reforma no espaço onde estamos. Quando iniciamos as obras queriam que nos retirássemos”, recorda a diretora.

Além da desocupação dos espaços, o impedimento da realização de novas matrículas traz ainda mais incerteza sobre o futuro da instituição. “Este ano, a central de vagas da Seduc informou que não tivemos procura e não nos autorizaram a abrir turmas dos 2º e 3º anos. E temos procura, mas não nos dão autorização para abrir as turmas.”

O CPERS segue atento à situação da escola e repudia a tentativa cruel do governo Leite/Ranolfo (PSDB) em encerrar as atividades desta importante instituição que atende crianças e jovens que se encontram em situação de extrema vulnerabilidade social. A educação é direito de todas e todos e o Sindicato seguirá firme na luta para a sua garantia.

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