Nesta terça-feira (26), o CPERS, juntamente com representantes das demais esferas do funcionalismo, realizou ato público unificado em defesa do IPE Saúde, por salário digno e pela revisão do valor do Salário Mínimo Regional.
Em frente à sede do Instituto, na capital, centenas de manifestantes ressaltaram a importância de manter o IPE público, solidário e de qualidade, bem como a urgente e justa reposição salarial para todos os servidores(as).
Nas falas das entidades foi destacado que o pagamento patronal – do governo – tem sido repassado com atrasos consecutivos. Diante disso, a autarquia sobrevive com os 3,1% da participação do funcionalismo, que já amarga oito anos de salários defasados.
Como consequência, a arrecadação do IPE Saúde fica estagnada, o que reflete diretamente na falta de recursos para atualizar o valor repassado aos médicos, honorários hospitalares e prestadores de serviço. Ou seja, precariza ainda mais os atendimentos.
“São quase um milhão de usuários do IPE. Se hoje o SUS, em alguns lugares, já está oferecendo um atendimento deficitário, imaginem com mais esta demanda. Então, lutar pelo IPE é defender a saúde de toda a população gaúcha”, observou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.
“O novo governador, na prática, segue a política de Leite e Sartori. Arrocha nossos salários e deixa a população sem os serviços a que tem direito. Sucessivamente, os governos sucateiam o IPE com a finalidade de privatizá-lo. Seguiremos lutando pelo direito a um atendimento de qualidade e defendendo o SUS, para que não fique sobrecarregado”, afirmou o 1º vice-presidente do CPERS, Alex Saratt.
A diretora do Departamento de Saúde do Trabalhador e representante do Sindicato no Conselho de Administração do IPE Saúde, Vera Lessês, enfatizou que a responsabilidade pelo sucateamento da autarquia é do governo. “Em 2018 criaram a autarquia e abandonaram. Em quatro anos, já é o 6º presidente. Não estão comprometidos com uma gestão séria. Queremos médicos, hospitais e clínicas credenciadas que ofereçam um serviço de qualidade.”
“O IPE é um patrimônio da sociedade gaúcha. O governo se diz preocupado com o Instituto, mas afirma que vai diminuir milhões do orçamento. A verdade é que quer privatizar”, expôs a representante do Fórum em Defesa do IPE, Marcia Eliza Trindade
Do local, os manifestantes seguiram em caminhada até o Palácio Piratini.
10,06% é justo e urgente!
No último dia 20, diante da cobrança dos servidores(as) para que o governo conceda a justa reposição de 10,06% para todos(as) os servidores(as), o governador Ranolfo Vieira Júnior afirmou não haver condições de conceder qualquer correção acima dos 6% (PLC 42/2022).
Um estudo do Dieese, já de posse do governador, desmente a justificativa. A análise mostra que o atingimento dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal não depende apenas do reajuste aos servidores(as), como alega o governo.
O documento ressalta ainda as perdas salariais dos servidores(as) públicos – da ativa e aposentados(as) – desde o último reajuste, em 2014. De acordo com o INPC/IBGE, a inflação acumulada entre novembro de 2014 e março de 2022 chega a 58,96%, o que representa, portanto, a perda de mais da metade do poder aquisitivo do funcionalismo.
“Nós merecemos, trabalhamos muito, não paramos nem no pior momento da pandemia. Já são oito anos sem reposição. O estudo do Dieese, que entregamos nas mãos do governador, deixa claro que é possível sim conceder 10,06%”, frisou a presidente Helenir.
“O governo sempre demonstrou um descompromisso com a categoria e os serviços públicos, além de não valorizar o IPE. Hoje, temos muitos bens do Instituo vendidos e o dinheiro colocado em caixa único. Isso é imoral”, denunciou o 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia.
A diretora do Departamento dos Funcionários(as) de Escola do CPERS, Juçara Borges, ressaltou que o índice de 6% proposto pelo governo não trará nem um centavo a mais para os funcionários(as) que recebem o salário base de R$ 620,72. “A maioria tem este salário miserável. Se ficar só nesse percentual, o completivo sugará os míseros reais de aumento e ficará tudo igual. É um absurdo.”
“A defesa do IPE é imprescindível para os aposentados, pois é o momento em que mais precisam. Mas a realidade que enfrentamos é a de total precariedade. E quanto ao reajuste, é uma questão de sobrevivência, de humanidade”, destacou a diretora do Departamento dos Aposentados(as), Glaci Weber.
Sempre presente nas lutas da categoria, a professora aposentada Jussara Domingues, de 81 anos, levou sua indignação para o ato. “Eu não consigo deixar de vir, pois esses governos nos desrespeitam de forma absurda. Só trabalham para beneficiar os empresários. Está mais do que na hora da população aprender a votar naqueles que nos apoiam”, acentuou.
“Não podemos mais eleger esse partido para administrar o nosso estado. Não vamos nos enganar com as propagandas, basta olhar os nossos contracheques para ver como foram sanadas as contas do estado do Rio Grande do Sul”, acrescentou a presidente Helenir.
Unidade na luta
Ao final do ato, todos os representantes das entidades representativas do funcionalismo público gaúcho deram as mãos simbolizando a força da unidade em defesa do IPE e da valorização dos servidores(as).
“Apesar do governo dizer que se reunirá com cada categoria em separado, nós estamos aqui hoje demonstrando que temos unidade na defesa do IPE e na valorização dos servidores públicos”, conclamou Helenir.