Educadores protestam na capital e no interior pelo direito à educação e contra o autoritarismo do governo Leite


Na manhã desta terça-feira (15), Dia Nacional de Mobilizações da Educação em Defesa da Vida, educadores(as), estudantes e pais protestaram em todo o Rio Grande do Sul pela abertura de vagas em EJAs, Neejas e Cursos Técnicos e contra o fechamento de escolas.

No interior, os atos se deram em frente às Coordenadorias Regionais de Educação (CRE). Na capital, o protesto ocorreu às portas do Palácio do Piratini, e também chamou atenção para o fechamento da escola Estado Rio Grande do Sul, arrombada pelo Estado no dia 3 de setembro e, desde então, ocupada pela comunidade escolar como forma de resistência.

“Além de defender um símbolo da educação, uma escola que carrega o nome do nosso estado, estamos aqui cobrando do governo a reabertura das inscrições que foram proibidas neste ano em modalidades fundamentais. Nenhum aluno a menos!”, destacou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.

Em meio à pandemia, o governo Eduardo Leite (PSDB) e o secretário da educação, Faisal Karam, proibiram a abertura de novas vagas nas modalidades da EJA, NEEJa e cursos técnicos em escolas estaduais.

A não liberação de matrículas impede a criação de turmas, reduz carga horária de professores(as), deixa contratados(as) à margem do desemprego e faz com que trabalhadores(as) sejam remanejados para outras escolas sem qualquer organização prévia.

Dezenas de milhares de estudantes, em sua maioria de baixa renda e em situação de vulnerabilidade agravada pela pandemia, serão prejudicados pelas determinações. Se o impedimento permanecer, muitos terão negado o direito constitucional à educação.

“Este é um governo que finge diálogo, mas que age no sentido contrário, arrombando uma escola e saqueando os móveis da Secretaria sem autorização da comunidade escolar. A Rio Grande do Sul é a única escola que oferece EJA e Ensino Fundamental no centro de Porto Alegre. Esperamos que o governo volte atrás dessa decisão absurda”, defendeu o diretor do CPERS, Daniel Damiani.

A mãe de aluna da Rio Grande do Sul, Natanielle Almada, ressaltou que o governo Eduardo Leite é autoritário e governa para elites e não para o povo.

“Só quem precisa da escola sabe o quanto é difícil. Quem é mãe ter que se deslocar para pegar as crianças. A outra escola é muito mais longe, como faz uma mãe que anda a pé com os seus filhos na chuva e no frio. Mostra que não é um governador que veio governar para o povo, e sim para a elite.”

O 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia manifestou o receio dos estudantes e educadores em voltar às aulas presenciais.

“Temos que ter segurança para voltar. Não só um retorno com uma data pré-estabelecida pelo governo, mas uma data que a gente tenha tranquilidade em voltar com todos os protocolos respeitados, tanto os sanitários quanto os pedagógicos”, destacou.

Cirlânia Souza, diretora do Colégio Emílio Massot, também criticou a falta de diálogo do governo.

“Estamos aqui pois são sonhos e projetos de pessoas adultas que estão sendo interrompidos. Não houve em nenhum momento diálogo com as instituições para discutir o fechamento das inscrições dos EJAs e cursos técnicos. É lamentável que em plena pandemia estejamos vivendo nessa situação, nos arriscando pra defender mais uma vez a escola pública.”

 

A secretária-geral, do CPERS, Candida Rossetto falou do dia de luta remetendo ao direito constitucional à educação.

“Estamos dizendo para a sociedade que o papel do governante é justamente na contramão do que Leite faz: é de defesa do direito à educação pública, gratuita e de qualidade. O governo usa o setor público para favorecer o setor privado.”

O tesoureiro do CPERS, Mauro Calliari, lembrou que Eduardo Leite e Bolsonaro estão alinhados na política de destruição dos serviços públicos e retirada de direitos.

“Aqui no Rio Grande do Sul, Eduardo Leite está atacando as escolas, tentando fechar escolas, desrespeitando o direito à escola pública de qualidade que defendemos e vamos continuar defendendo. ”

Durante a manifestação, após entregar o projeto de Reforma Administrativa na Assembleia Legislativa, o governador Eduardo Leite entrou pela porta dos fundos do Palácio, dando as costas para a mobilização.

“É uma marca deste governo não ouvir, não escutar a voz daqueles que educam e daqueles que levam os seus filhos para a escola. Hoje tínhamos para dizer a ele a sobre a importância da abertura da escola Rio Grande do Sul. Os estudantes querem a sua escola, os estudantes querem vagas nos Ejas e cursos técnicos. ”, afirmou a presidente do CPERS.

Diversos núcleos do CPERS também realizaram atividades em frente às CREs e escolas que oferecem as modalidades em risco. Confira:

Bagé

Caxias do Sul

Ijuí

Passo Fundo

Pelotas

Rio Grande

Santa Rosa

Santo Ângelo

São Leopoldo

São Luiz Gonzaga

Três de Maio

   

 

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