Um grupo de professores e estudantes do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o Julinho, esteve na manhã desta segunda-feira (7) na Secretaria Estadual de Educação (Seduc) para questionar e expor repúdio às enturmações em curso na escola.
Há cerca de 15 dias a direção do Julinho recebeu e-mail da 1ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) determinando a enturmação de nove turmas do Ensino Médio. No turno da manhã foram enturmadas uma turma do 3º ano, uma do 2º e uma do 1º ano.
No turno da tarde a determinação atingiu uma turma do 3º ano, duas turmas do 2º ano e uma turma do 1º. No turno da noite foram enturmadas duas turmas do 1º ano.
Desde então, docentes e alunos reúnem-se para debater as ações possíveis para conter o processo.
“Vamos ter turmas muito cheias e nelas terão alunos com necessidades especiais. Imagina como ficará para eles? Nós vamos tentar conter esta atitude que representa o fim da escola”, afirma o professor de História, José Luiz Morais.
Ele destaca ainda que a medida atinge também os educadores. “Oito professores já saíram da escola por determinação da CRE. Tem uma colega que ficou com apenas quatro horas e está tendo que se virar para conseguir completar a carga horária”, relata.
Além disso, a enturmação pode elevar os índices já preocupantes de evasão escolar, conforme mostrou o estudo feito pela orientadora Gina Marques.”Muitos alunos, após esta decisão, estão deixando de ir à escola”, afirma o professor.
No local o grupo foi informado de que não poderia ser recebido, pois o secretário Faisal Karam estava viajando e os demais representantes não estavam disponíveis no momento.
Só após a insistência dos dirigentes estaduais do CPERS, Sônia Solange Viana e Daniel Damiani, e do grupo da escola, foi definido que hoje à tarde o diretor geral da Seduc, Paulo Magalhães e a secretária adjunta da pasta, Ivana Flores irão reunir-se com a coordenação 1ª CRE para verificar a situação e logo após informar a direção do Julinho.
Na última semana, a secretária-adjunta Ivana Flores garantiu que não haveria enturmações neste ano. Mas a 1ª CRE determinou a execução da medida em diversas escolas de Porto Alegre.
Enquanto isso não ocorre, estudantes enfrentam as consequências da enturmação no cotidiano escolar.
“Estamos no final do ano, já temos vínculo com a nossa turma e com os professores e do nada o governo quer nos separar. Muitos colegas já estão desistindo de estudar, não aparecem mais na escola. Isso é muito grave, é mais ataque contra a educação. Estamos cansados disso! Vamos mostrar que resistiremos a mais esse descaso”, avisa o estudante Alisson Paz.
“Nossa turma foi desmembrada em outras. Cada um ficou em uma turma. Temos uma colega que sofre de ansiedade e que em nosso grupo conseguiu superar as dificuldades. Agora, com essa separação, ficou pesado para ela novamente”, relata a estudante Camile Pereira da Silva.
Amanhã, às 10h, os estudantes farão ato em frente à escola e seguirão em caminhada até a Seduc.