Diretor da escola Ayrton Senna pede auxílio para evitar fechamento da instituição


A direção central do CPERS recebeu, na manhã desta terça-feira (1º), o diretor da EEEF Ayrton Senna, Adroaldo Machado Ramos. Em pauta, estratégias para reverter o processo de sucateamento e barrar a constante ameaça de encerramento das atividades da instituição.

A Ayrton Senna é uma das quatro Escolas Abertas do estado, entidades da rede estadual que prestam atendimento especializado a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. São jovens órfãos, residentes em abrigos ou com necessidades especiais, com dificuldades de adaptação ao ensino regular, e que encontram nas escolas abertas um espaço de afeto e socialização.

“É um alunado que não tem casa”, explica o diretor. “A escola é onde eles enxergam uma referência de lar, e a professora é a referência de carinho e cuidado que eles não têm fora da instituição”, conclui”.

O CPERS tem denunciado a intenção do governo Eduardo Leite em fechar as escolas abertas – duas em Porto Alegre e duas em Cruz Alta e Santa Maria -, como parte do projeto de enxugamento e redução da rede estadual de educação.

Embora o Estado não tenha oficializado o encerramento das atividades, as direções informam que as CREs não respondem aos pedidos para suprir a crescente falta de recursos humanos, impedem a abertura de novas turmas e dizem que o modelo está com os dias contados.

Com o sucateamento, o diretor afirma que a escola depende de ONGs e do engajamento de toda a comunidade no entorno para oferecer o mínimo de condições aos estudantes, como refeições e materiais.

Dadas as necessidades especiais dos estudantes, as salas têm um número reduzido de alunos. “Eu tenho uma turma com dez alunos e cinco são autistas. Para o Estado, não importa. Acham que as turmas são muito pequenas. Eles são tratados como números”, desabafa Adroaldo.

Para a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, as escolas realizam um trabalho de ressocialização que interessa a toda a sociedade, pois acolhe crianças que estariam nas ruas e poderiam, de outra forma, serem aliciadas para a criminalidade.

A gente, que está no chão da escola, consegue enxergar para além da chamada. Temos uma relação de afetividade com cada estudante, que vai muito além da contabilidade da Secretaria de Educação”, explica. “A sociedade que tanto se queixa da segurança não pode abandonar quem mais precisa da escola aberta”, conclui Helenir.

Na próxima quinta (3), Adroaldo e a direção da EEEF Vila Cruzeiro do Sul, também de Porto Alegre, debaterão o tema em audiência pública na Câmara de Vereadores a partir das 14h. No dia 29, representantes das quatro escolas serão recebidos na Comissão de Educação da Assembleia Legislativa.

O CPERS apoiará o transporte das comunidades escolares para participarem da agenda e pressionar a Seduc a rever a política de desmonte.

Ao término da reunião, Adroaldo, que há anos havia se desfiliado do CPERS, assinou uma nova ficha de sócio. “Juntos somos muito mais fortes para resistir”, celebra.

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