Contra a política violenta e antidemocrática, justiça para Dom e Bruno


O CPERS manifesta a sua mais profunda solidariedade aos familiares do jornalista Dom Philips e do indigenista Bruno Pereira, desaparecidos desde o dia 5 de junho, na Terra Indígena Javari, no Amazonas.

Nesta quinta-feira (15), a brutalidade de seus assassinatos foi confirmada por dois homens presos pela Polícia Federal. As vidas de Dom e Bruno foram ceifadas por uma política de morte violenta e antidemocrática, que silencia todos aqueles que buscam denunciar os abusos a nosso povo e nossa terra.

Estes dois guerreiros foram vítimas da necropolítica nefasta que decide quem vive e quem morre, com base no interesse financeiro que prioriza o lucro no lugar da vida, com o consentimento e apoio de Jair Bolsonaro (PL).

Bolsonaro destruiu toda e qualquer rede de proteção às tribos e à natureza na Amazônia, deixando livre o terreno para o tráfico e seus cartéis, garimpo ilegal, tráfico de madeira e outras mazelas. Fez de caso pensado e anunciado, quando disse que iria “dar uma foiçada” na Fundação Nacional do Índio (Funai) – triste alegoria que se concretiza na morte de dois trabalhadores(as) engajados em um mundo mais justo e menos desigual.

De acordo com o relatório da ONG Global Witness, o Brasil é o quarto país do mundo que mais mata ambientalistas. No Brasil e no Peru, é estimado que três quartos dos assassinatos aconteceram na região da Amazônia, com ativistas que protegiam a floresta.

No levantamento, também consta que há suspeitas de que quase 30% dos ataques tiveram relação à luta contra a exploração de recursos como extração de madeira, mineração e agronegócio em grande escala. Desse total, exploradores da indústria madeireira são suspeitos pelo maior número de assassinatos, respondendo por 23 casos.

O Sindicato repudia os discursos e a política genocida de Bolsonaro – que despreza a vida, promove a violência e a destruição, além do desmonte dos serviços públicos e da organização da sociedade brasileira.

Exigimos que os responsáveis diretos e indiretos sejam encontrados, julgados e punidos e que toda a política de destruição representada pelo atual governo seja derrotada e o Brasil supere esse período de barbárie e fome.

A investigação não pode terminar nos dois assassinos confessos. A teia de crimes precisa ser investigada, desfeita e seus cabeças penalizados; sobretudo aqueles que ditam políticas que abrem espaço para o crime.

Nosso carinho e empatia aos colegas e a todos os defensores dos direitos humanos, dos povos indígenas, do meio ambiente; indigenistas e defensores da vida.

Clamamos por justiça às vítimas da violência de Estado, do descaso que deixa criminosos agirem livremente, destruindo a mata e tirando a vida daqueles que a defendem. Justiça para Dom e Bruno!

Ilustração: Cris Vector

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