Em plena pandemia, o governo Eduardo Leite (PSDB) trabalha para dar fim aos 57 anos de história da EEEF Estado do Rio Grande do Sul, uma das poucas instituições da rede estadual ainda localizadas na região central de Porto Alegre. Mas a comunidade escolar resiste.
Nesta segunda-feira (24), educadores(as), pais e estudantes realizaram um ato em frente ao prédio para denunciar a intenção da Secretaria da Educação, que cobiça o prédio para instalar – segundo a informação oficial – um centro de atendimento a moradores(as) de rua.
A Seduc pediu as chaves e orientou a direção a realocar o atendimento para a escola Parobé. “Assumi em 2016, quando o governo Sartori já tentava fechar as portas da nossa escola. A comunidade é contra a saída. Resistimos antes e vamos resistir novamente”, afirma a diretora Elisa Santana.
Segundo ela, não há condições de mudança para a escola vizinha pois a Parobé atende o Ensino Médio e carece de estrutura para suprir as necessidades do público da Rio Grande do Sul, composto por estudantes do Ensino Fundamental.
Pais, estudantes e profissionais estão indignados com a ordem do Estado e se esforçam para compreender os motivos, uma vez que a escola é reconhecida pela qualidade de ensino.
“Minhas duas filhas estão aqui desde o 1º ano e eu não tenho queixa alguma. É uma escola de excelência. Não queremos perder este espaço e não vamos perder”, protesta Carla, mãe da Valentina, aluna do 7ª ano, e Rebecca, do 6º.
A professora Eneida Maria de Freitas se emociona ao defender a permanência da instituição. “Meus filhos estudaram aqui. Meu neto estuda aqui. Eu trabalho aqui há mais de 10 anos. É uma comunidade muito unida e acabar com uma escola como esta é uma atitude insensível, sem cabimento”, relata.
Para Edson Garcia, 2º vice-presidente do CPERS, a mobilização demonstra a importância da escola para as famílias do entorno.
“Esta é uma escola que tem tradição no oferecimento do Ensino Fundamental e do EJA Fundamental. Aliás, no Centro é a única escola que oferece esta modalidade de EJA. É uma escola bem localizada, cujas crianças não precisam atravessar a perimetral para acessar. Nós já defendemos esta escola em outras oportunidades e vamos todas as medidas necessárias para assegurar que esta escola não seja fechada. É inadmissível que o Estado se aproveite da pandemia para executar seu projeto de precarização, ignorando a qualidade do ensino oferecido e os laços da comunidade”, salienta.
A merendeira Raíssa trouxe a família para o ato. “Acho um absurdo o fechamento da escola. Somos uma das únicas da região central que permanece aberta e temos muitas crianças, adolescentes e o EJA. São vidas que não sabemos para onde vão. Não tem sentido”, lamenta.
O CPERS trabalha em conjunto com a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa para pressionar o Executivo e impedir o fechamento da escola.
O Sindicato considera a ameaça do governo Leite mais um ataque alinhado à política de enxugamento da rede, que se manifesta de forma continuada com a tentativa de fechar turnos, turmas e escolas em todo o Rio Grande do Sul.
A comunidade também organiza um abaixo-assinado. Preencha e ajude a escola a resistir!
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