A Caravana em Defesa da Escola Pública chegou à Fronteira Oeste nesta segunda-feira (3), iniciando a oitava semana de estrada em Santana do Livramento, 23º Núcleo do CPERS. A comitiva, formada por integrantes da direção estadual, dirigentes de núcleos e educadores(as) de diversas regiões do estado, visitou cerca de 40 escolas na cidade sede, em Rosário do Sul e Quaraí.
Além de dialogar com professores(as) e funcionários(as) no chão da escola sobre a situação da categoria e os ataques à escola pública, a caravana busca provocar uma reflexão sobre a importância do voto consciente e bem informado. Trata-se de identificar os projetos em disputa e compreender o significado da continuidade das políticas de desmonte, representadas pela ideologia do Estado mínimo.
Rafael Torres, diretor do Núcleo de Santa Maria, lembra da importância de se discutir o fazer pedagógico para além das pautas salariais. “Com o reajuste zero, o governo nos afasta da sociedade. A população até se compadece com nossos atrasos salariais, mas há muita gente pior, desempregada ou em subempregos. Precisamos traduzir a importância do voto para toda a comunidade escolar e discutir que modelo de escola pública queremos para o Rio Grande do Sul”, afirmou.
500 alunos sem aula há mais de 20 dias
Mais um reflexo do descaso generalizado com a educação pública, cerca de 500 estudantes da rede estadual de Livramento sofrem com um impasse político entre a Prefeitura e o Governo do Estado. Os alunos de cinco escolas do campo estão sem aulas há mais de 20 dias por falta de transporte escolar. No final da manhã, a Caravana visitou professores(as) e estudantes que ocupam a sede do Executivo em protesto.
A jovem estudante da EEEF Claudio Moreira, Camile Menezes Jardim, sintetiza o drama dos jovens que não conseguem ir à escola: “É uma vergonha. Isso atrasa o nosso estudo e o conteúdo que as professoras estão dando para nós. Vim para reivindicar o meu direito de ter aulas”, protestou. A diretora da EEEF, Ana Paula Bougleux, explica que o impasse envolve repasses insuficientes do Estado e o rompimento do contrato de transporte por parte do Município, sem uma alternativa à vista. “O que nós temos hoje são escolas paradas. Conquistamos um audiência junto ao Ministério Público para discutir esse impasse, mas não sabemos se será resolvido ou não.”
Para a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, que participou de uma audiência com o prefeito Ico Charopen (PDT), não interessam as razões por trás do impasse; o problema é inadmissível. “Quando o Sindicato chama um dia de paralisação, imediatamente somos cobrados por toda a mídia para não deixar os alunos sem aulas. Pois bem, os estudantes estão sem atendimento há 30 dias e ainda não há solução a vista. Estaremos cobrando da SEDUC assim como estamos cobrando da Prefeitura. É responsabilidade do Município e do Estado achar uma solução imediata.”
A Caravana segue viagem a Uruguaiana nesta terça-feira (4), Alegrete na quinta e São Gabriel na sexta. O roteiro continua até o início de outubro, confira o itinerário completo
No início da tarde, a caravana se reuniu na Esquina Democrática, junto à Fronteira da Paz, para dialogar com a população e distribuir materiais sobre a importância do voto em defesa da escola pública.