Vacina, salário, EJAs e aulas remotas pautam 1ª reunião do CPERS com nova secretária da Educação


A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, e o 2º vice-presidente, Edson Garcia, participaram na manhã desta quarta-feira (7) de uma primeira reunião com a nova secretária da Educação do Rio Grande do Sul, Raquel Teixeira, empossada há uma semana.

O Sindicato levou à mesa pautas urgentes do período, com destaque para a vacinação dos educadores(as), a preocupação com a possibilidade de retorno às aulas presenciais, a necessidade de reposição salarial e a demanda pela homologação de turmas de EJA e Ensino Técnico.

Vacinação

Helenir abriu a reunião cobrando respostas sobre a imunização e um calendário para a categoria.

“Nós sabemos que o governador enviou um ofício ao governo federal solicitando prioridade para a vacinação dos trabalhadores em educação, mas isso não basta. Ainda não tivemos uma reposta concreta. Ver estados como São Paulo já iniciando enquanto continuamos sem previsão nos preocupa”, ponderou a presidente.

Raquel teceu duras críticas à condução da pandemia pelo governo federal, referindo-se à falta de uma coordenação central e afirmando que o país “perdeu o controle” da Covid-19.

Alegou, também, que o Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed) tem pressionado os Ministérios da Educação e da Saúde para assegurar a prioridade. Mas insistiu: para o Estado, a vacina não pode ser um pré-requisito para o retorno às aulas presenciais.

“Sou parceira e aliada na busca por vacinas. Estamos trabalhando em todas as instâncias possíveis para priorizar. Mas temos que considerar que talvez não chegue rapidamente como gostaríamos. Estaremos nos iludindo se não começarmos a discutir, agora, o retorno que eventualmente vai acontecer”, disse a secretária.

Helenir reiterou a posição do CPERS: “nós temos clareza que o governo quer e vai mandar abrir as escolas. Mas também temos certeza de que não há segurança para abrir em bandeira preta. E nossa categoria continuará lutando contra isso e zelando pela vida.”

Quanto às condições de segurança do ambiente escolar, Raquel informou que exigiu, das CREs, um levantamento de necessidades estruturais, bem como dos estoques e condições de EPIs, para preparar o retorno.

“Se abrir escolas é prioridade do governo, então as obras necessárias também precisam ser. Se determinada escola não tiver condições, não vai reabrir”, garantiu.

EJAs e Ensino Técnico

O CPERS tem denunciado e lutado continuamente contra a política de fechamento e supressão da oferta da EJA e de Educação Profissional nas escolas estaduais. Neste ano, milhares de estudantes aguardam a homologação de matrículas e liberação de turmas. A questão, já levada à Seduc anteriormente, foi o segundo ponto de pauta da reunião.

Edson Garcia pontuou: “nós estamos com muitos alunos precisando, inclusive, de atestado para permanecer no estágio ou no trabalho. Com o fechamento de turmas, eles estão também cerceados de trabalhar. Deixar estes jovens sem estudo e sem trabalho é inaceitável.”

A secretária disse entender a injustiça de negar o direito à educação a quem já não conseguiu estudar na idade adequada, e se comprometeu a analisar a demanda. Segundo ela, uma lista com os casos mais urgentes para a homologação será elaborada.

Raquel também sugeriu à secretária-adjunta, Ivana Flores, a realização de uma pesquisa para compreender as motivações das taxas de abandono das modalidades.

Após a reunião, o CPERS recebeu notícias da homologação de turmas que antes haviam sido negadas em escolas da região do 23º Núcleo (Livramento). O Sindicato continuará a lutar pelo amplo acesso ao direito à educação e pela homologação de todas as matrículas e turmas solicitadas pelas escolas.

Chromebooks e aulas síncronas

Outro tema que tem preocupado a categoria é a exigência, por parte das CREs, da realização de aulas síncronas apesar da falta de equipamentos, preparo e de subsídio para os gastos com Internet e luz.

Como no ano passado, Ivana Flores reafirmou: não é obrigatória a realização de aulas síncronas. Helenir também voltou a questionar a respeito da entrega dos chromebooks, prometidos a quase um ano, cuja entrega carece de transparência e previsibilidade.

De acordo com a gestora, cerca de 20 mil já foram entregues e outros 30 mil devem ser destinados ao longo das próximas semanas. O CPERS cobrou mais transparência e celeridade no cronograma de entrega.

Pauta salarial

“Secretária, como a Sra. já deve saber, completaremos sete anos sem um centavo de reposição. Recentemente, direitos foram retirados e o pagamento do piso se deu com o nosso próprio salário. Neste período, o custo de vida aumentou muito e não é possível continuar nessa situação de miséria. Precisamos tratar deste tema com urgência”, provocou a presidente Helenir.

Raquel disse ser “parceira” da luta por valorização profissional, mas não deu indicativos concretos de negociação e recomposição das perdas, que já chegam a 40% do poder de compra desde 2014, data do último reajuste. “É vergonhoso o que temos como salário no Brasil e o Rio Grande do Sul não foge à regra. Essa deve ser uma pauta permanente”, respondeu.

Recentemente, estudo do Dieese mostrou que os governos Leite e Sartori retiraram R$ 5 bilhões do bolso dos servidores(as) no acumulado dos anos congelados. O CPERS continuará na justa luta pela recomposição das perdas, salário digno e prioridade para a educação.

Notícias relacionadas