Primeiro Encontro Regional de Aposentados mobiliza educadores de Alegrete e Uruguaiana


Foi dada a largada para os Encontros Regionais de Aposentados(as) do CPERS, o primeiro foi realizado presencialmente, nesta sexta-feira (20), na Câmara de Vereadores de Alegrete, após um hiato de dois anos. A atividade mobilizou educadores(as) aposentados(as) das regiões do 19⁰ (Alegrete) e 21⁰ (Uruguaiana) núcleos.

Nas próximas semanas, serão realizados encontros em todos os 42 núcleos do Sindicato como preparação para a etapa estadual, que deve ocorrer em agosto deste ano.

“É uma satisfação e uma alegria estarmos hoje aqui entre amigos de luta. Quando a cultura está junto dos movimentos políticos, a coisa fica muito melhor”, saudou a diretora do Departamento dos Aposentados(as) do CPERS, Glaci Weber.

Abrindo a programação, o violinista Luiz Ricardo Florêncio Brittes, aluno do CE Emílio Zuñeda, do município de Alegrete, onde aprendeu a tocar no projeto Mais Educação, emocionou os presentes executando obras eruditas e populares. Após, a professora aposentada Cora Cecília fez uma apresentação musical especial.

Retirada de direitos e ataques à educação

“Estamos vivendo um momento extremamente difícil, de ataques ao ensino público desde o governo Temer, que cortou os investimentos à educação”, afirmou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, explanando sobre a conjuntura política e a necessidade de firmar a luta pelos direitos dos educadores(as) e pela escola pública.

Para Helenir, a longa morte da educação perdurou ainda mais sob a gestão de Bolsonaro (PL) cuja política cruel marchou alinhada com a do ex-governador Eduardo Leite (PSDB). “Estamos sentindo na pele e no bolso as consequências das políticas federal e estadual, que têm nos massacrado”, asseverou a presidente.

Com a aprovação da EC 103, Bolsonaro (PL) taxou aposentados(as) e o então governador Leite (PSDB) imediatamente aplicou a mesma medida no Rio Grande do Sul, com a reforma da Previdência Estadual, criando uma tabela progressiva de desconto previdenciário a quem dedicou a vida pela educação.

“Muitos daqui estão pagando R$ 500, R$ 600 ou mais para a Previdência; não existe justificativa para cobrar a Previdência de quem contribuiu uma vida inteira. É justo fazer com que os aposentados paguem essa conta? Só temos contas a pagar e, quanto mais o tempo passa, nos cobram ainda mais”, elucidou a presidente Helenir em tom de indignação.

De lá para cá, tudo aumentou, menos o salário do trabalhador(a) que tem o poder de compra corroído em mais de 60% pela inflação. 

Helenir destacou a luta unificada do CPERS juntamente com os servidores(as) públicos de todas as esferas exigindo, no mínimo, reposição de 10,06% aos trabalhadores(as).

Mas em mais uma atitude autoritária do governo Ranolfo Vieira Júnior (PSDB), que é uma continuidade da política de morte de Eduardo Leite (PSDB), foi aprovada, na Assembleia Legislativa, míseros 6% aos servidores(as).

“Passaram que nem um trator em cima de nós e aprovaram os 6%; a maioria dos votos dos deputados são do governo. O partido Novo, que de novo não tem nada, votou contra, porque defenderam o absurdo de que os educadores não merecem nem um centavo a mais. É um total desrespeito com a nossa profissão”. 

Na última terça-feira (17), por 32 votos a 13, foi aprovado o PLC 48/2022, que altera o congelamento dos investimentos previstos na Lei do Teto de Gastos de três para 10 anos, uma das exigências para a aprovação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF) no RS.

“Esse é o maior escândalo que vi na vida. No RS, após ter assinado o RRF, não teremos concursos públicos e em 10 anos  não haverá reajuste. Essa proposta foi liderada por Frederico Antunes, que já está na campanha do ‘eu amo a educação’”.

“Esse amor termina no dia 2 de outubro. Olhem a importância do voto. Este é um ano crucial para nós, podemos pensar em avançar nas propostas educacionais do país e no estado. É papel do CPERS alertar que política não é brincadeira, é projeto e tem consequência”, finalizou.

Luta jurídica em defesa dos aposentados

Conforme o advogado da assessoria jurídica do CPERS (escritório Buchabqui e Pinheiro Machado), Marcelo Fagundes, a alíquota de contribuição previdenciária é inconstitucional.

Por isso, o Sindicato ingressou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), junto com a União Gaúcha dos Servidores Públicos, a Ajuris e outras entidades.

Antes, o CPERS já havia ingressado com uma ação no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ/RS) e ganhou a liminar. Mas o governo foi até o Supremo Tribunal Federal (STF), cassando-a. O STF ainda deve analisar o mérito da ADI, interposta pelo escritório do ex-ministro Ayres Britto. 

“A gente sabia que essa discussão ia acabar em Brasília. Por isso, entramos com a ação no STF”, explicou Marcelo.

Marcelo também esmiuçou questões que impactam na vida funcional dos educadores(as), como a alteração no Plano de Carreira do Magistério, principalmente quanto à implantação do subsídio, as parcelas de irredutibilidade e autônoma, a mudança na nomenclatura das gratificações e o falso reajuste propagado pelo ex-governador Eduardo Leite (PSDB).

“A implantação do subsídios extingue definitivamente as vantagens. Precisamos defender que os 32% entrem  no subsídio e não seja absorvido pela parcela de irredutibilidade”. 

“É preciso defender os 32% linear de forma que não seja usada a parcela de irredutibilidade”. 

O também advogado da assessoria jurídica, Dejair Eugênio, aproveitou a oportunidade para divulgar o atendimento do jurídico nos dois núcleos no próximos meses. 

“Temos uma artilharia pesada e já temos atendimento marcado nos dois núcleos, dia 14, em Alegrete e, 15, em Uruguaiana. Não vamos ficar com dúvida”.

“Eu fiquei muito triste com essa retirada de direitos deste governo, me aposentei e agora tenho que pagar de novo a Previdência. Quando entrei no magistério, fui direto me filiar ao CPERS. Se não é o Sindicato, quem irá lutar pelos nossos direitos?”, questionou Marli Leivas, professora aposentada de Alegrete.

Desmonte do IPE Saúde

Na ocasião, a diretora do Departamento de Saúde do Trabalhador e representante do Sindicato no Conselho de Administração do IPE Saúde, Vera Lessês, analisou a situação do IPE Saúde desde a sua criação, há oito anos.

Para a diretora Vera, a verdadeira intenção do governo é destruir a autarquia. “Desde que surgiu, o Instituto não teve a atenção necessária. Já estão no sexto presidente. O abandono e a falta de compromisso são propositais para justificar a privatização”, frisou.

Hoje, o IPE Saúde tem menos de 1 milhão de segurados(as). O arrocho salarial dos servidores(as) públicos, que já dura quase oito anos, contribuíram para o agravamento da situação da autarquia.

Vera ressaltou a importância dos educadores(as) estarem mobilizados em defesa do IPE Saúde. “A mobilização é fundamental para fazermos uma forte pressão em cima desses governos e resistir ao desmonte do Instituto”, afirmou a diretora.

>> Dúvidas sobre o atendimento do IPE Saúde? Acesse aqui a Cartilha do Segurado(a).

A diretora Vera também abordou a parceria entre CPERS e Uniodonto, uma demanda antiga entre os sócios(as) e que traz ótimos benefícios aos associados(as). “Estamos colocando essa parceria à disposição para facilitar a vida de vocês”, destacou.

>> Saiba mais sobre a parceria entre o Sindicato e a Uniodonto neste link.

A potência da vida

O evento também contou com a palestra “A Potência da Vida e as Relações Interpessoais”, ministrada pelo professor Dr Rodrigo Dalosto, que encantou os presentes.

Dalosto explanou sobre a importância de estabelecer um olhar positivo da existência diante das adversidades. “A gente vai se maturando com a vida e pensamos no quanto vamos melhorando ao longo do tempo”


O professor Dalosto também ressaltou o quanto a pandemia trouxe para a sociedade novos desafios e aprendizados. “A pandemia nos trouxe o que já sabíamos, que vida e morte se conversam o tempo todo. Ela sacudiu a nossa percepção de existência”, destacou.

Ele também destacou a importância da luta para a garantia de direitos essenciais: “As nossas lutas como categorias são para garantir direitos elementares à vida”, risou Dalosto.

Por fim, alunos(as) da EEEF Marques, de Alegrete, realizaram uma emocionante apresentação e fizeram uma grande homenagem distribuindo rosas às mães. A programação do encontro ainda contou com a exibição de dança do grupo de aposentadas As Guerreiras.

Na ocasião, também estavam presentes a diretora do 19º Núcleo, Rosa Maria Agostini Dotta, a diretora do 21º Núcleo, Zila Teresinha Soares Fidell, a Representante Estadual dos Aposentados(as), Aura Fernandes Rodrigues, a Representante Municipal dos Aposentados(as), Maria Izette, o representante do Sindicato Bancários de Alegrete, José Luiz Andrade, o presidente do Legislativo de Alegrete, vereador Anilton Gonçalves de Oliveira (PT), entre outros parlamentares.

Notícias relacionadas