Na luta pelo combate ao racismo, CPERS lança Coletivo de Igualdade Racial


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Esta quarta-feira, dia 25, foi um dia histórico para o CPERS. Hoje, pela primeira vez na história do Sindicato, foi criado o Coletivo de Igualdade Racial, que irá promover ações contra a discriminação racial em todo o Estado. Para anunciar o Coletivo, o CPERS, através do Departamento de Igualdade Racial, sob a coordenação do professor Edson Garcia, e de Cultura, que tem como diretora a professora Alda Bastos Souza, realizou um Encontro que contou com a participação de representantes dos 42 Núcleos do Sindicato. A iniciativa contou com palestras, debates, trabalhos em grupo e apresentações artísticas com a Companhia de Dança Omodua.
“Teremos a representatividade de todas as cidades do Estado, através da participação dos Núcleos. Será um espaço para discutirmos as questões que envolvem os professores, os funcionários e os alunos negros. Atualmente, não temos nenhum dado sobre este cenário em nossas escolas. Com essas informações poderemos contribuir com as políticas públicas para a população negra”, observou o diretor do Departamento de Igualdade Racial e secretário-geral do CPERS, professor Edson Garcia.
“Estamos suprindo uma lacuna do Sindicato: a luta pela dignidade e respeito ao povo negro. Estamos dando um passo de grande importância, um flanco de luta a mais do nosso CPERS. E vamos levar essa discussão para dentro das nossas escolas”, afirmou a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer.

Palestras abordam temas significativos para a população negra

Saúde, direitos constitucionais, legislação, cultura, educação, o papel da mulher negra e do jovem na sociedade e a importância da luta diária contra a discriminação racial em todos os espaços foram alguns dos temas abordados durante o Encontro.
“Ser negro no Brasil é muito doído. Nossas crianças, desde pequenas, aprendem a negar sua negritude e suas origens. Não podemos esquecer que racismo é crime. Esta iniciativa do Coletivo do CPERS é uma vitória para nós que tanto lutamos pelo combate ao racismo”, destacou a secretária do Coletivo de Antirracismo da CNTE, Iêda Leal de Souza.
“Esse espaço será um divisor de águas para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Só vem a engrandecer esse segmento tão importante na luta contra o racismo, que é a educação”, observou a diretora da Fetrafi e secretária estadual de Mulheres da CUT, Ísis Marques.
A Lei Nacional de Diretrizes e Base da Educação para a População Negra, o Estatuto da Igualdade Racial e a Constituição Federal foram abordados pelo membro da equipe do Setor de Auditoria do SUS – SEAUD e da área de políticas afirmativas do Ministério da Saúde, Stênio Dias Pinto Rodrigues. “A Lei só se materializa se de fato a concretizarmos, se lutarmos pelo que nos é de direito. A educação é o que liberta o povo, através do conhecimento. O CPERS dá hoje um passo importante na luta contra a desigualdade, o preconceito e o racismo”, afirmou.

A efetivação da Lei 10639

A importância da implementação do ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana no Brasil, previsto na Lei 10639, foi destacada pelos palestrantes. “Precisa estar no currículo e não apenas lembrada no dia da Consciência Negra. Nossos alunos negros precisam ter orgulho de sua negritude”, frisou a presidente municipal da União de Negros pela Igualdade – UNEGRO Flaviana Paiva.
“A cultura afro-brasileira tem papel fundamental na construção do país. E a educação é uma área imprescindível no combate ao racismo. Se a Lei 10639 não está na grade curricular, temos que exigir que esteja”, ressaltou a representante da Região Sul da Fundação Cultural Palmares, Renata Rodrigues Lopes.
“O racismo é perverso, exclui e machuca demais. Ocorre cotidianamente em nossas escolas. Sabemos a história dos outros, mas não a nossa”, observou   a presidente do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra no RS – CODENE e da UNEGRO, Elis Regina Gomes.

CPERS na luta pela igualdade racial

O professor João Heitor Silva Macedo, do 2º Núcleo – Santa Maria, classificou o Encontro como histórico. “O CPERS está dando, hoje, o passo que há muito tempo o Movimento Negro reivindicava. Não basta termos o salário e o reconhecimento, precisamos que nossos alunos negros sejam respeitados e tenham dignidade. A sociedade ainda não nos enxerga como iguais, infelizmente. Me sinto honrado e só tenho a agradecer por participar de um momento como este”, afirmou.
Para apresentar um pouco da cultura afro-brasileira, Magali Borges e Luciane Bento, da Companhia de Dança Omodua, realizaram apresentações que destacaram a bênção dos orixás e o ritmo angolano. No encerramento do Encontro, elas também fizeram uma homenagem aos educadores.

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