Um levantamento feito pelo Instituto Pesquisas de Opinião (IPO), encomendado pela Assembleia Legislativa do RS, aponta que mais da metade (55,8%) dos gaúchos defende o retorno das aulas presenciais no Estado somente após a imunização de toda a população.
O dado demonstra o acerto da luta realizada pelo CPERS por vacinas e condições sanitárias adequadas antes da retomada.
A proporção é maior entre pais estudantes da rede pública; 60,1% defendem a necessidade de imunização prévia.
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Foram ouvidas 1,5 mil pessoas em todo o Rio Grande do Sul, de forma presencial, entre 19 e 24 de junho. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
A falta de condições estruturais que garantam segurança sanitária nas escolas está entre os principais motivos que dificultam o retorno das aulas presenciais.
Dos entrevistados, 38,9% não acredita que há higienização adequada nas instituições de ensino, relatam a falta de funcionários e recursos, e também têm dúvida do apoio do governo no fornecimento de EPIs.
Além disso, 35,3% dos pais ressalta o baixo percentual de pessoas vacinadas. Para estes entrevistados, a quantidade de imunizantes aplicados no Estado ainda é pequena e não proporciona uma situação de segurança para a comunidade escolar.
Quanto menor o grau de educação formal e mais baixa a renda familiar, maior é a tendência de avaliar que as aulas presenciais só deveriam retornar após a vacinação de todos, diz a pesquisa.
Percepção sobre conhecimento adquirido na pandemia
Além das questões sobre a percepção dos gaúchos com as condições para o retorno das aulas presenciais, o levantamento trouxe ainda perguntas sobre o conhecimento adquirido pelos estudantes durante a pandemia.
Quase metade (47,8%) das famílias está participando mais da educação formal dos filhos. Mesmo assim, os pais percebem grande dificuldade das crianças acompanharem (70,8%) e aprenderem com as aulas remotas (67,7%).
Desse modo, os obstáculos para acompanhar as aulas não presenciais incidem na dificuldade de aprender.
Os principais motivos indicados são falta de concentração, acesso à Internet, ausência de contato/acompanhamento do professor, falta de explicação do conteúdo/material, domínio do sistema/plataforma e a falta de apoio dos pais (por tempo ou conhecimento).
Há três obstáculos no acompanhamento da educação na pandemia: emocionais, materiais e técnicos e cognitivos.
O principal entrave é emocional (36,9%), que envolve a falta de foco, a adaptação à nova rotina e a falta da socialização das crianças e dos adolescentes.
No que se refere ao aprendizado, o problema maior apontado pelos pais é entender o conteúdo (34,2%), mas também há menção à falta de foco do aluno, dificuldades de acesso à Internet e ausência de contato com o professor.
Problemas da educação pública
A última parte da pesquisa abordou a qualidade da educação pública no RS e a necessidade de atuação da Assembleia Legislativa para criar dispositivos legais em favor da educação.
O principal problema apontado pelos entrevistados, independentemente da pandemia, foi a baixa qualidade do ensino (21%), seguido pela estrutura precária (19,6%) e pela falta de valorização dos professores (11,6%).
Quase metade dos pais (45,2%) entende que o maior problema envolve um ciclo vicioso, no qual o professor é desvalorizado e isso influencia na qualidade do ensino, e vice-versa, o que impacta na motivação do aluno.
A maioria dos entrevistados (62,6%) defende que a Assembleia Legislativa deveria fazer uma lei/regra que melhore a educação no Rio Grande do Sul, especialmente para qualificar o ensino, a estrutura das escolas, que dê autonomia e garanta melhor remuneração aos professores.
Um percentual semelhante (58,4%) defende que haja lei/regra para melhorar as sequelas da pandemia, especialmente alguma que garanta a segurança sanitária nas escolas e o reforço escolar, que destine verbas para infraestrutura e tecnologia e incentive a economia.
A partir do resultado da pesquisa, o presidente da Casa, deputado Gabriel Souza (MDB), afirmou que a Assembleia está à disposição para contribuir financeiramente com o governo do Estado em demandas como investimento em equipamentos de proteção individual (EPIs). Também sinalizou com a proposta de um projeto de lei que propõe que empresas invistam o valor que pagariam de ICMS na educação.
Assista ao vídeo com os resultados da pesquisa