Sergio Araujo
A principal missão do comandante de um navio é fazer a embarcação chegar ao seu destino. Para isto é preciso estar preparado para enfrentar todas as adversidades possíveis, desde avarias até tempestades. Deve saber aproveitar todas as oportunidades, especialmente as que resultem em motivação da tripulação, para impedir a deriva ou o naufrágio.
O mesmo ocorre com quem comanda uma cidade, um estado ou um país. Um prefeito, um governador ou um presidente deve estar preparado para enfrentar e superar crises. Faz parte da sua missão. Infelizmente para os gaúchos isso não vem acontecendo no Rio Grande do Sul. O atual governo do Estado não apenas não dá mostras de que sabe conduzir o Rio Grande como, passados 20 meses, ainda não tirou o “barco” do cais. E todos sabem que um barco foi feito para navegar e não para ficar parado no porto.
E o pior, seu comandante, para justificar o imobilismo gerencial, insiste em colocar a culpa no “barco” e na “tripulação”. No caso, na crise financeira herdada e no serviço público. E, incompreensivelmente, se mostra conformado com a situação. Como se a melhora dependesse de um milagre. Pelo menos é o que se pode deduzir das manifestações sempre pessimistas, que só faz botar o Rio Grande para baixo.
Para disfarçar sua falta de rumo, o governo estadual vendeu soluções ilusórias. Primeiro foi a necessidade do congelamento e parcelamento dos salários dos servidores do Executivo. Depois, o aumento de impostos (ICMS). Na sequência, o aumento do percentual de retirada dos depósitos judiciais e a venda da folha de pagamento do funcionalismo ao Banrisul. Todas medidas paliativas. Agora falam em extinguir estatais e conceder serviços públicos, atitudes que já foram adotadas em outros governos peemedebistas e que não tiveram resultados práticos.
Até mesmo a renegociação da dívida para com a União, alardeada como a solução para todos os males, foi alcançada sem que isso se refletisse em melhorias efetivas para as finanças do Estado. Tantos insucessos já se refletem claramente no ânimo da sociedade gaúcha, que vê na postura derrotista do Palácio Piratini uma constante regressão da sua expectativa de melhora de qualidade de vida.
Diante de tanta informação oficial desalentadora, qualquer pessoa de mediana intelectualidade sabe que a retomada do crescimento econômico do Estado passa pelo aumento da receita. Por isso é inconcebível que o governo gaúcho, por exemplo, ainda não tenha procurado o novo governo argentino, nosso vizinho de fronteira, para aproveitar a declaração do presidente Mauricio Macri, feita durante a sua posse, de que uma das suas metas seria aumentar o intercâmbio comercial com o Brasil.
Da mesma forma, é inadmissível, que o governo gaúcho não esteja aproveitando a decisão da China de internacionalização das suas empresas, investindo cada vez mais no Brasil. Será que o governador, dentro da sua timidez gerencial, considera que mandar uma missão governamental negociar com outros países é desperdício de dinheiro público? Um gasto desnecessário de diárias?
Enfim, deve existir várias alternativas para a melhoria do desequilíbrio financeiro do Estado. Impossível que não tenha. Por que então elas não estão sendo incentivadas pelo governo? Ou será que a política do quanto pior melhor é intencional?
Independentemente do que se esconde por trás da apatia governamental, que está tornando o Rio Grande um lugar cada vez mais difícil de se viver, o certo é que o governo Sartori – aproveitando o espírito olímpico do momento -, é candidatíssimo a medalha de ouro de governo mais inoperante do Brasil. E candidatíssimo ao título de pior governo da história do Rio Grande do Sul.
Sergio Araujo é jornalista e publicitário