Na manhã desta quarta-feira (19), centenas de estudantes e educadores(as) tomaram as ruas de Porto Alegre, no Dia Nacional de Mobilização da Educação, pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM), por paz nas escolas e em defesa do Tri Escolar.
A concentração ocorreu em frente ao CE Júlio de Castilhos, o Julinho. Com palavras de ordem, cartazes e faixas nas mãos, os alunos e alunas partiram em caminhada até o Palácio Piratini, denunciando para a sociedade gaúcha o retrocesso que a Reforma do Novo Ensino Médio representa para a educação pública.
A reforma retira o acesso qualificado ao conhecimento científico, à arte, ao pensamento crítico e reflexivo para a imensa maioria dos jovens que estudam nas escolas públicas e que respondem por mais de 80% das matrículas do Ensino Médio no país.
No dia 4 de abril, o governo federal publicou a portaria n.º 627/2023, que suspende a implementação do Novo Ensino Médio por 60 dias. O documento foi publicado pelo MEC e determina que o prazo será usado para avaliação e reestruturação da política nacional sobre o Ensino Médio, conforme consulta pública aberta pelo governo.
Os estudantes de Porto Alegre também enfrentam uma dura batalha em defesa do TRI Escolar, já que desde que a Lei Municipal n.º 12.944/2021, sancionada pelo prefeito Sebastião Melo (MDB), em dezembro de 2021, eles perderam a garantia de 50% de desconto na passagem escolar. Desde então, todos os estudantes devem comprovar residência em Porto Alegre e declarar renda familiar para a aquisição do benefício da passagem escolar no município, que pode variar de 25%, 50% e 75% de desconto.
O presidente da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES), Anderson Farias, frisou a necessidade de investimento na educação pública e valorização dos educadores(as).
“A gente quer uma educação de qualidade, que não falte professor, que não falte merenda. Que tenha banheiro, que tenha uma estrutura adequada para nos receber. Nós queremos uma escola acolhedora, segura, que não tenha violência. Por isso, nosso movimento é tão importante, pela luta de uma educação pública para todos”.
“Essa reforma só aumenta a desigualdade, retira o nosso sonho de ir para uma universidade federal. Essa reforma retira matérias essências para nós pensarmos. Por isso ocupamos as ruas para lutar pela revogação da Reforma do Novo Ensino Médio”, destacou o vice-presidente sul da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Kaick Silva.
Para Airton Silva, presidente da União Estadual dos Estudantes do Rio Grande do Sul (UEE/RS), estudantes das escolas públicas também tem o direito de almejar um futuro através de uma universidade pública. “Nós estamos lutando para revogar a Reforma do Novo Ensino Médio. Eu saí da Escola Alberto Torres e fui para a universidade federal e isso deve ser o sonho de todos nós. Precisamos de uma escola mais acolhedora, democrática, com estrutura, que ouça as nossas vozes”.
“A Reforma do Novo Ensino Médio está atrapalhando a vida de nós estudantes e dos educadores. Professores e professoras estão tendo que dar aula de matérias que não estudaram, isso é um absurdo. Essa reforma não prepara os estudantes para o futuro, não dá a base que precisamos para ir para uma faculdade federal”, observa Mariana Nogueira, secretária da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES).
A coordenadora da Juventude Pátria Livre (JPL), Vitória Cabreira, destacou a luta pela meia passagem dos estudantes. “Aqui em Porto Alegre tem resistência, aqui em Porto Alegre Melo não se cria. Estudante aqui não aceita para político nenhum. Tiramos Marchezan e Bolsonaro. Nossa luta é por meia passagem para todos os estudantes. Temos esse direito”, afirmou Vitória.
O CPERS segue na luta pela revogação do Novo Ensino Médio (NEM), por paz nas escolas e apoia a luta dos estudantes pelo direito de acesso à educação, através da meia passagem.
Queremos uma rede de ensino democrática e acolhedora, em um ambiente escolar seguro, que combata todas as formas de violência e discriminação.