Escolas estaduais do Vale do Taquari, da Região Metropolitana e do norte do RS escancaram o desrespeito de Leite pelo direito à educação


A tarefa de escuta, troca e articulação sindical executada pela #CaravanaDoCPERS2025  vem produzindo difíceis constatações que educadoras e educadores, bem como estudantes e responsáveis, gostariam que fossem irreais. O cotidiano da educação gaúcha, tão distante do que a propaganda do governador Eduardo Leite (PSDB) ostenta, evidencia uma conjuntura de abandono das instituições de ensino indígenas e de extrema lentidão na reconstrução dos prédios educacionais abalados pela enchente.

Nesta quarta-feira (2), a Direção Central do CPERS, na companhia de diversas(os) dirigentes regionais do Sindicato, esteve nos núcleos de Estrela (8º), Carazinho (37º) e Gravataí (22°) dialogando com a categoria e convocando professoras(es) e funcionárias(os) para a Assembleia Geral, que acontece no dia 11 de abril, a partir das 13h30, em Porto Alegre.

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Escolas indígenas estão desamparadas sobre a gestão de Leite 

Em Viamão (22º), na Região Metropolitana, a EEIEM Karai Arandu luta há oito anos pela construção de três salas de aula capazes de contemplar todas(os) as(os) educandas(os) da Aldeia Guarani Cantagalo. Além disso, a comunidade reivindica uma estrutura que respeite a cultura dos povos originários, com espaços arredondados e de barro, ao invés de uma escola quadrada, desconectada das tradições indígenas.

“O governo não valoriza a educação e o rico trabalho que fazemos aqui. A gente só se sente desvalorizado e desmotivado trabalhando para o Estado”, desabafa o professor de física, Gustavo Andrade. 

Na retomada Nhen’engathu, também em Viamão, 60 estudantes se dividem em duas barracas de lona para assistir às aulas. A instituição improvisada não tem sequer cadeiras, classes e quadros. “Crianças sem merenda escolar e tendo aulas dentro de barracas, sem nenhuma orientação concreta dada pela Secretaria da Educação. Vamos repassar essas questões para a Seduc, exigindo o encaminhamento de decisões que solucionem esse descaso com a educação pública e com nossos professores, funcionários e alunos Guarani”, informa o 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia. 

Indignados com a situação que encontraram nos territórios indígenas, Edson e o diretor Leandro Parise marcaram para quinta-feira (3) uma audiência entre a Assessoria Jurídica do CPERS e o professor na Aldeia Nhen’engathu, Eloir de Oliveira. “O governo do Estado usa marketing para promover sua política na área de educação, mas esquece do básico e do grande número de escolas que representam os povos originários. Queremos que a Seduc solucione esse problema o mais rápido possível”, reivindica Leandro.  

Os dirigentes passaram ainda pela EEEM Setembrina, pela EEEM Brigadeiro Antônio Sampaio e pelo CE Antônio de Castro Alves, também na região do 22º Núcleo, acompanhados da diretora-geral do Núcleo, Rosane Jardim, da vice-diretora, Julia Monteiro, do secretário, Marco Sozo e do diretor José Henrique Fontoura. 

No Vale do Taquari, escolas de cidades arrasadas pela enchente permanecem destruídas

A EEEB Padre Fernando, localizada em Roca Sales (8º Núcleo), precisou trocar de prédio ainda em 2023, quando a cheia do Rio Taquari provocou uma primeira enchente na cidade. Desde outubro daquele ano, a escola encontra-se hospedada nas dependências cedidas pela Igreja Matriz São José, onde 215 alunas(os) estão em salas improvisadas, algumas apenas com uma janela. 

O CE Presidente Castelo Branco, de Lajeado (8º Núcleo), também está com suas atividades limitadas desde 2023, ou seja, antes ainda da inundação histórica de maio do ano passado. Enquanto parte das(os) estudantes têm aula em ambientes emprestados pela Universidade do Vale do Taquari (Univates), a reforma da escola caminha a passos lentos. Durante a visita do CPERS nesta quarta, somente um trabalhador da empresa contratada estava no local.

“Hoje pudemos constatar o descaso dos municípios e do Estado em relação à construção das escolas atingidas pelas enchentes. Atualmente, alunos, professores e funcionários estão em outros espaços, em geral, bastante precários”, revelou a diretora do Sindicato, Sandra Regio.

Ao final do dia, na EEEB Érico Veríssimo, também em Lajeado, a categoria ainda se reuniu em plenária para encaminhar as discussões que serão levadas à Assembleia Geral. 

Junto de Sandra, o diretor Leonardo Preto Echevarria denunciou as condições de trabalho das(os) educadoras(es) gaúchas(os) na Rádio Encantado. Ademais, ambos viajaram por Estrela, Encantado e Arroio do Meio, encontrando-se com servidoras(es) da EEEB Vidal de Negreiros, EEEF Moinhos, EEEF Moisés Cândido Veloso, EEEF Fernandes Vieira, EEEF São João Bosco, EEEF Carlos Fett Filho, EEEF Antonio de Conto, IEE Monsenhor Scalabrini e EEEM Guararapes. Representando a direção do 8º Núcleo, acompanharam o roteiro a diretora-geral, Luzia Regina Pereira Herrmann, e a diretora, Sabrina Silva dos Santos.

No 37º Núcleo, crianças Kaingang aguardam professores há quase dois anos

As diretoras Sandra Santos, Juçara Borges, Vera Lessês e o diretor Celso Dalberto percorreram oito municípios pertencentes ao 37º Núcleo do CPERS (Carazinho) para ouvir educadoras(es) que trabalham em escolas de ensinos fundamental, médio e profissional da região. Em Santa Bárbara do Sul, no CE Blau Nunes e na EEEF 19 de Novembro, o Sindicato realizou um importante debate com as professoras(es) e funcionárias(os) de escola, da ativa e aposentadas(os), sobre a crescente sobrecarga de trabalho, a farsa do Adicional de Penosidade, o cruel desconto previdenciário e a luta pela valorização salarial e profissional.

Além de mobilizar as(os) trabalhadoras(es), o grupo de diretoras(es) esteve na Aldeia Fag Pá Tŷ În, em Carazinho, onde 28 estudantes Kaingang estão sem aulas por falta de professoras(es) desde 2023. O pedido para a contratação de docentes foi feito há 2 anos, mas até o momento não houve solução efetiva por parte das autoridades. Diante da demora e da incerteza, a comunidade acionou o Ministério Público e aguarda uma resposta oficial. No entanto, a tramitação do pedido já dura mais de 20 dias sem avanço. 

A comunidade reivindica uma solução imediata, como a contratação emergencial de professoras(es) que já moram na aldeia. “A educação indígena precisa ser respeitada. Não podemos mais esperar”, enfatiza Salmista Carvalho, cacique da Aldeia Fag Pá Tŷ În.

A falta de ação do poder público reforça a negligência histórica com a educação indígena no Brasil e no Rio Grande do Sul, colocando em risco o futuro dessas crianças e desrespeitando seus direitos fundamentais. “Até agora, só promessas e nenhuma assistência aos Kaingang. Já estamos em 2025 e os alunos continuam sem aula e fora da escola. O CPERS somará forças para conseguir trazer o mínimo que é de direito dessas crianças, que é a educação indígena” comunica Sandra Santos. 

A equipe ainda registrou sua passagem pela localidade nas rádios Simpatia e Gazeta, criticando o péssimo trabalho da administração estadual. Participaram do roteiro a diretora-geral do 37° Núcleo, Adelia Menezes dos Santos, a vice-diretora, Claudia Regina Schaffer, a secretária, Gelci Teresinha Quevedo Agne, a tesoureira, Dulce Terezinha Silveira Rocha, as diretoras, Liciane Teresinha Piasson e Rosangela Kempf Raber, os diretores, Jacir Antonio Martins e Renan Mattos dos Santos, as aposentadas Adriana Maria Rossetto Foschera e Lizete Terezinha Dal Pra, a representante 1/1000, Sandra Ivanir Schmaedecke Lisboa, a sua suplente, Marines da Rocha e a representante municipal de Santa Bárbara do Sul, Lenira Fatima Soares. 

Nesta quinta (3), o Sindicato segue com a agenda de visitas nas regiões de Passo Fundo (7° Núcleo), Montenegro (5° Núcleo) e Porto Alegre/Norte (38° Núcleo).

>> Confira a lista de escolas visitadas nesta quarta-feira (2):

> Gravataí (22º Núcleo): 

  1. EEEM SETEMBRINA (Viamão)
  2. EEIEM KARAI ANDARU (Viamão)
  3. EEEM BRIGADEIRO ANTÔNIO SAMPAIO (Alvorada)
  4. CE ANTÔNIO DE CASTRO ALVES (Alvorada)

> Estrela (8º Núcleo):

  1. EEEB VIDAL DE NEGREIROS (Estrela)
  2. EEEF MOINHOS (Estrela)
  3. CE PRESIDENTE CASTELO BRANCO (Lajeado)
  4. EEEF MOISES CANDIDO VELOSO (Lajeado)
  5. EEEF FERNANDES VIEIRA (Lajeado)
  6. EEEF SÃO JOÃO BOSCO (Lajeado)
  7. EEEF CARLOS FETT FILHO (Lajeado)
  8. EEEF ANTONIO DE CONTO (Encantado) 
  9. IEE MONSENHOR SCALABRINI (Encantado) 
  10. EEEB PADRE FERNANDO (Roca Sales) 
  11. EEEM GUARARAPES (Arroio do Meio) 
  12. EEEB ÉRICO VERISSIMO (Lageado)

> Carazinho (37º Núcleo):

  1. IEE JÚLIA BILLIART (Chapada)
  2. EEEF ISRAELINA MARTINS SILVEIRA (Chapada)
  3. EEEB JOSÉ GOMES PORTINHO (Coqueiros do Sul)
  4. EEEM ALMIRANTE TAMANDARÉ (Almirante Tamandaré do Sul) 
  5. EEEM PAULO FRONTIN (Carazinho)
  6. IEE SÃO FRANCISCO SOLANO (Não-Me-Toque)
  7. EEEF GENY VIEIRA DA CUNHA (Não-Me-Toque)
  8. EEEB DR. JOSÉ MARIA DE CASTRO (Victor Graeff)
  9. EEEB ÉRICO VERÍSSIMO (Carazinho)
  10. EEEB ALFREDO FERRARI (Saldanha Marinho) 
  11. CE BLAU NUNES (Santa Bárbara dos Sul)
  12. EEEF 19 DE NOVEMBRO (Santa Bárbara dos Sul)
  13. EEEF  CARLINDA DE BRITTO (Carazinho)
  14. EEEM ERNESTA NUNES (Carazinho)
  15. EEEF  MANUEL ARRUDA CÂMARA (Carazinho)
  16. EEEP DE CARAZINHO (Carazinho) 
  17. IEE CRUZEIRO DO SUL ONIVA DE MOURA BRIZOLA (Carazinho)
  18. EEEM  MARQUÊS DE CARAVELAS (Carazinho)

>> Confira mais fotos das visitas: 

>> Gravataí (22° Núcleo): 

>> Estrela (8° Núcleo): 

>> Carazinho (37 Núcleo): 

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