A EEIEF Adalírio Lima Siqueira, escola indígena localizada na Aldeia Goj-Júr, em Passo Fundo, segue enfrentando um cenário de total abandono por parte do governo Eduardo Leite (PSDB).
Em 2025, as(os) estudantes continuam tendo aulas em uma barraca de lona, sem iluminação e sob calor intenso e umidade constante, após o prédio principal — construído pela própria comunidade — ser interditado por risco de desabamento.
O problema se agravou durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio de 2024. Na tragédia político-ambiental, uma das vigas do telhado cedeu, levando à suspensão das aulas por mais de 20 dias. Após um período de atividades remotas, as(os) estudantes retornaram para uma tenda improvisada montada pela Defesa Civil — onde permanecem até hoje.
Ainda em 2024, o CPERS esteve na escola e constatou a precariedade da estrutura. Onze dias depois, participou de uma reunião com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), cobrando providências. Desde então, a única resposta concreta foi a instalação de um poste de energia, sem a expansão completa da rede ou solução para as demais demandas.
Em março de 2025, a Caravana do Sindicato retornou à instituição de ensino e constatou, com indignação, que nada mudou. Estudantes e educadoras(es) seguem enfrentando os mesmos problemas estruturais e a mesma negligência do Estado, um ano após o alerta inicial.
Apesar de a escola já dispor de R$ 60 mil, a burocracia do governo impede que os recursos sejam utilizados na construção de um novo prédio — permitindo apenas reformas.
A comunidade, no entanto, afirma que a reforma seria um desperdício de recursos, pois a estrutura está condenada. “O terreno é nosso, já está cedido e documentado, a aldeia é permanente. Está tudo certo. Mas, em vez de construir algo adequado, insistem em reformar. A estrutura atual está tão ruim que teria que ser quase tudo demolido”, assevera o cacique Jocemar Mariano.
A escola foi construída pela própria comunidade, com base em conhecimentos tradicionais e força coletiva. “Foi o nosso jeito de garantir um lugar digno para nossas crianças estudarem. Só assim conseguimos o credenciamento da escola”, frisa o cacique. Salas, banheiros e demais espaços foram erguidos por meio de mutirões, doações e muito esforço da população indígena local.
As consequências são sentidas diariamente por estudantes e educadoras(es). “A barraca é muito quente e úmida, e as crianças estão adoecendo. Já alertamos a CRE várias vezes. É um problema grave, mas parece que ninguém resolve”, desabafa o cacique Jocemar.
Além da precariedade física, a escola também enfrenta problemas de RH. De acordo com a direção, falta uma(um) professora(or) de Educação Física, uma(um) profissional de Secretaria e uma(um) professora(or) para atendimento educacional especializado.
“Estou priorizando resolver as questões burocráticas para atender às demandas mais urgentes. Primeiro, garantir o funcionamento adequado das turmas e a regularização do RH e, assim, focar na estrutura física da escola, que é fundamental para oferecer uma educação digna às nossas crianças”, explica a diretora da EEIEF Adalírio Lima Siqueira, Girley Ribeiro.
O descaso com a escola indígena escancara a negligência do governo Eduardo Leite (PSDB). “Lamentavelmente, não há nenhum encaminhamento concreto para resolver a situação da escola, que foi erguida com tanto suor pela comunidade. Cadê o respeito pelo trabalho da população indígena? Cadê o compromisso com as nossas crianças? Estamos cansados de promessas vazias!”, destaca a diretora do CPERS, Sandra Santos, que esteve presente na escola durante a passagem da Caravana pelo 7° Núcleo do Sindicato (Passo Fundo).
A comunidade da EEIEF Adalírio Lima Siqueira segue resistindo – com dignidade, força e sabedoria – diante do descaso do Estado, que insiste em negar o direito à educação pública de qualidade.
O CPERS reforça seu apoio à luta dessas(es) educadoras(es), estudantes e familiares, exigindo urgentemente a garantia de condições dignas de trabalho e o cumprimento do dever constitucional do poder público. A comunidade escolar quer e exige uma escola pública de verdade, com investimentos, valorização profissional e respeito à educação como direito fundamental.