Emoção e resistência. Esses foram os sentimentos que predominaram durante a formatura da primeira turma de Ensino Médio da Escola Estadual Indígena Nhamandu Nhemopu’ã, da aldeia Tekoá Pindó Mirim, de Itapuã, município de Viamão.
O CPERS esteve presente na celebração, realizada nesta quarta-feira (13), e comprovou que a luta pela escola pública por uma educação inclusiva e para todos(as) vale a pena.
Apesar das dificuldades no período da pandemia, sem a possibilidade de aulas online, sete alunos(as) completaram a primeira fase dos seus estudos e agora almejam um futuro através da possibilidade do ensino superior.
O diretor da escola, Leandro Subtil Moura, destacou a importância do momento para os alunos(as) e como a finalização do estudo básico é mérito da persistência deles.
“Os alunos hoje se formando, passaram por muitas dificuldades. Diferente de outras escolas, eles não tiveram acesso às aulas online e recebiam atividades em forma física. Mesmo assim, com todas as dificuldades, eles conseguiram concluir e vencer essa difícil etapa. Eu me orgulho muito deles e de poder contribuir com essa história”.
Para o professor de Língua e Cultura Guarani, Arnildo Verá Moreira, a escola indígena é mais que um espaço escolar, ela significa a perpetuação de toda uma cultura.
“Essa é a escola para nós! Onde ensinamos as crianças o nosso modo de vida e assim chegamos a uma escola diferenciada”.
O professor ainda ressalta a importância da inserção da cultura Guarani no dia a dia, não só das crianças indígenas: “Nossa escola é bilíngue porque só com o ensino ocidental a gente não é nada, vocês também deviam estudar o ensino tradicional, não só pela questão indígena, porque para nós o ensino tradicional é mais que isso, é o ensinamento de família, de mãe, pai, vô e vó, que vocês também poderiam ter nas outras escolas”.
A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, salientou que a luta dos povos originários é a luta de todos(as).
“Quero deixar um pedido para os nossos formandos: não parem por aqui! Nós lutamos pela escola pública e queremos ver vocês na universidade pública. Continuem, é direito de vocês. A educação indígena, enraizada na cultura indígena significa resistência. Contem conosco, o CPERS estará sempre ao lado da luta dos povos originários”.
O 1° vice-presidente, Alex Saratt, também acompanhou a formatura.
O CPERS acredita que a luta pela preservação da cultura dos povos originários é diária e transpassa a defesa de uma educação que respeita as suas peculiaridades.
Que os cantos dos nossos indígenas, aldeados ou vivendo nos grandes centros urbanos, continuem ecoando junto à luta pelo direito de existir e preservar seus territórios e corpos.
Viva a Nhamandu Nhemopu’ã!
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