Abandono. Esta é a palavra que pode resumir a realidade da escola Escola Estadual Indígena de Ensino Fundamental Nhamandu Nhemopu’ã, localizada em Itapuã – no município de Viamão. A estrutura, pequenas salas de madeira adaptadas na casa que era do fundador da aldeia, está longe de ser a adequada e impede o retorno presencial às aulas.
A biblioteca é o único espaço que possui estrutura de concreto, pois foi construída através da doação de recursos por uma empresa privada. Porém, os enormes buracos no telhado de sapê já trouxeram prejuízos.
“Sofremos com a falta de estrutura há anos. A biblioteca está com goteiras, com rombos no teto. Já perdemos vários livros. Fizemos o pedido para o reparo, mas foi negado pelo governo”, explica o diretor da escola Leandro Subtil Moura.
A instituição atende a educação infantil, ao ensino fundamental e médio e ao EJA, totalizando 84 alunos.
De acordo com Moura, o governo fez um repasse em 2014 que foi destinado para a construção de um “puxadinho”, conforme denomina o diretor, onde ficam os três banheiros da instituição.
O pedido para a construção de um prédio, que contemplaria salas de aula, cozinha, refeitório e escritório está com o governo desde 2019. “Também solicitamos, de modo emergencial, a construção de uma sala para atender o terceiro ano do ensino médio e a reforma da cozinha e da biblioteca. Mas foi negado”, relata.
Precariedade impede aulas presenciais
Salas de aula inadequadas, sem espaço suficiente para manter o distanciamento previsto nos protocolos de segurança para evitar o contágio da Covid-19, são algumas das questões que impedem o retorno ao ensino presencial.
“Não temos condições seguras para receber nossos alunos. Não voltamos por total falta de estrutura. Estamos bem desassistidos”, desabafa Moura.
Para que os estudantes sigam com aulas, os 15 professores entregam as atividades para as famílias, que depois retornam para a correção das questões.
Na última terça-feira (19), o diretor do CPERS, Cassio Ritter, ciente dos problemas enfrentados pela escola foi até o local para verificar de perto a situação. “ É necessário a construção de um outro prédio, que seja adequado para as atividades escolares. O que eles têm hoje é uma moradia adaptada. A reforma da biblioteca também é urgente.”
Com o intuito de auxiliar os educadores e a comunidade escolar, o CPERS encaminhou o pedido para uma audiência pública com a Coordenação de Políticas Específicas para a Educação (CPE), da Seduc, na qual irá expor e cobrar a urgente solução dos problemas enfrentados pela escola.
“A impressão é a de que estão esquecidos e que a própria existência deles incomoda. Não podemos admitir esse descaso”, considerou.