Em reunião com a Seduc, CPERS e comunidade escolar exigem solução para a situação da Escola Indígena Kame Mre Kanhkre


Há um ano e quatro meses, a Escola Estadual Indígena Kame Mre Kanhkre, de Carazinho, luta para garantir um espaço digno onde as crianças da aldeia possam estudar.

No dia 18 de março de 2022, um vendaval destruiu a estrutura da escola, que atendia estudantes do 1º ao 5 ano, de forma multisseriada. Desde então, a comunidade aguarda uma solução para o problema.

Na manhã desta terça (18), em reunião com representantes da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), educadores(as), pais e estudantes exigiram a urgente resolução para a dramática situação da escola. O CPERS, representado pelo diretor Leonardo Preto Echevarria e a diretora do 37° Núcleo (Carazinho) Adelia Menezes dos Santos, participaram da reunião.

Até o momento, as aulas estavam sendo ministradas em uma estrutura improvisada, com goteiras e uma parede de tecido, mas o local foi condenado pelos bombeiros da região. Há cerca de uma semana, as aulas estão sendo realizadas na igreja da aldeia.

Desde a fatalidade, de modo emergencial, a Seduc prometeu a disponibilização de três contêineres para suprir a demanda das aulas, mas, até o momento, a escola segue sem estrutura. A base para a instalação desses contêineres já está pronta há cerca de seis meses.

Em decorrência desta situação, a comunidade se uniu e construiu uma nova estrutura com duas salas, mas ainda faltam janelas e um banheiro para a construção ser concluída.

“Faz mais de um ano que a escola está nesse processo de tentativa de reconstrução. Acho importante termos alguns encaminhamentos reais dessa reunião. Precisamos urgentemente que o problema da escola seja resolvido e que os estudantes tenham um lugar digno para as aulas”, destacou o diretor do CPERS, Leonardo.

“Nós acompanhamos essa situação da escola desde o início. Já estamos em 2023 e o problema persiste, e a comunidade segue lutando. Há um descaso com a comunidade indígena, mas também com os professores e funcionários que são exigidos, mas não têm uma estrutura adequada para trabalhar”, afirmou Adelia.

Durante o encontro, o Cacique Ivo Galles destacou a urgência e a necessidade de o problema ser solucionado.

“Hoje, estamos aqui para obter alguma posição positiva. Não apenas uma posição, mas uma ação concreta. Não é possível que nossas crianças continuem passando frio, em um lugar que não é adequado para as aulas. Agora, nossas crianças estão tendo aulas no salão da igreja, mas a partir de agosto não terão onde estudar”, explicou.

“Quem consegue aprender no frio ou na chuva? A situação daquelas crianças está nas mãos de vocês. Precisamos que vocês se sensibilizem com a situação. Quem não gosta de ter aula em um lugar quentinho e adequado para a aprendizagem?”, desabafou Eliseu Soares, capitão da comunidade indígena Kaingang Váycupry e professor artesão.

Seduc compromete-se em entregar os contêineres em até 45 dias

A diretora adjunta do Departamento de Obras Escolares da Seduc, Alessandra Freitas Godinho, destacou que os trâmites para a aquisição dos contêineres estão em processo de finalização e garantiu que em até 45 dias eles estarão na escola. Na ocasião, Alessandra entregou ao Cacique Ivo um documento que apresenta a estrutura dos contêineres.

“Vocês não estão recebendo apenas um papel, estão recebendo o nosso compromisso. Essa escola vai ser reconstruída. Vamos encontrar uma solução, se não total, pelo menos uma que atenda as necessidades de vocês nesse momento”, finalizou o diretor-geral da Seduc, Paulo Afonso Burmann.

Os representantes da Secretaria também se comprometeram a avaliar a estrutura existente na comunidade, a fim de verificar se há a possibilidade de aproveitar o espaço existente até a chegada dos contêineres.

O CPERS, por meio da direção estadual e do 37° Núcleo (Carazinho), seguirá vigilante e mobilizado para que a comunidade escolar da Kame Mre Kanhkre tenha acesso a uma educação de qualidade e estrutura adequada e digna.

Também participaram da reunião o advogado da assessoria jurídica do CPERS, Douglas Machmann Ambrozi, a diretora do Departamento de Modalidades e Atendimento Especializado da Seduc, Katyucha Amaral Fagundes, o deputado estadual Adão Preto (PT), a assessora da deputada Sofia Cavedon (PT), Maria de Guadalupe Lima, e Rozane Dalsasso, coordenadora da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa.

>> Confira o vídeo produzido pelo CPERS durante visita à escola em setembro de 2022: 

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