“Estamos cansados de promessas”: escola indígena de Carazinho dá aulas em prédio sucateado devido à morosidade do governo


No dia 23 de agosto, a #CaravanaPelaDemocracia do CPERS visitou a Escola Estadual Indígena Kame Mre Kanhkre, localizada na comunidade Kaingang Váycupry, em Carazinho, para conferir de perto a situação de abandono da instituição.

No dia 18 de março, um vendaval destruiu a estrutura da escola e, desde então, a comunidade aguarda uma solução para o problema. Após pressão do Sindicato, em junho, representantes da escola foram recebidos pela Seduc, mas até agora nada foi feito. 

Enquanto isso, as aulas estão sendo ministradas em uma estrutura improvisada, com goteiras e uma parede de tecido. Nos dias de chuva, as aulas precisam ser suspensas devido às precárias instalações.

Eliseu Soares, capitão da comunidade indígena Kaingang Váycupry, relata que a comunidade tentou reconstruir o espaço, mas devido à falta de recursos não conseguem finalizar a obra necessária. 

“A gente fica com o coração partido com o esquecimento da nossa comunidade pelo governo. O nosso colégio é estadual, vocês estão aqui vendo a realidade e é muito triste. Nós sofremos para fazer a construção dessa obra, juntando um pouco de cada e devido a essa catástrofe acabamos ficando sem um novo espaço”. 

O capitão também conta que as promessas são muitas, o que falta é atitude e interesse dos governos com a comunidade: “Os governos nos prometem muitas coisas, mas nada até agora foi concretizado e de promessa nós estamos cansados. A gente queria que eles fizessem a parte deles e viessem conferir a nossa realidade, porque não é aceitável no estado um colégio estadual estar numa situação dessas”. 

>> Confira no vídeo o relato completo de Eliseu e imagens da situação da escola:

Em julho, uma audiência do Ministério Público, que contou com a presença da Seduc e o cacique da aldeia, determinou que o governo deveria fornecer, no prazo de 90 dias, uma estrutura provisória de contêineres até que a escola possa retornar para seu prédio original. O engenheiro da Seduc chegou a visitar o local para avaliar a estrutura, mas, até o momento, os contêineres ainda não chegaram.

Adilson Jacinto, único professor da escola, que atende 21 alunos da 1ª à 5ª série de forma multisseriada, destaca que a comunidade não queria os contêineres, mas por entenderem que a educação indígena é diferenciada e precisa ser preservada, aceitaram a proposta.

“Nós temos o nome de escola estadual, mas parece que isso é só no papel, por que o que adianta ter o nome se não tem o compromisso? A escola ainda não fechou porque tem uma política que é a de defender uma educação diferenciada para os povos indígenas, se não já tinham fechado”. 

“O acesso à educação de qualidade é um direito de todas as crianças e todos os adolescentes, assegurado pela Constituição Federal, mas está sendo negado para esta comunidade devido ao descaso do governo”, destaca a tesoureira e representante da Comissão de Educação do CPERS, Rosane Zan. 

 O Sindicato, por meio da direção estadual e do 37° Núcleo (Carazinho), seguirá vigilante e mobilizado para que a comunidade escolar da Kame Mre Kanhkre tenha acesso a uma educação de qualidade e estrutura adequada e digna.

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