Escola indígena de Carazinho pede socorro após vendaval destruir prédio


A Escola Estadual Indígena Kame Mre Kanhkre, de Carazinho, está pedindo socorro para continuar lecionando para os 14 estudantes indígenas, do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental.

A instituição foi completamente destruída por um vendaval no dia 18 de março, quando uma árvore caiu sobre a estrutura. Felizmente, os estudantes não estavam na sala quando aconteceu o fato.

A escola, criada em 2013, é estadual somente no papel, pois os governos estaduais de José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB) nunca investiram em sua estrutura.

As crianças tinham aula em uma casa, a qual estava sendo construída somente com contribuições da comunidade, ainda assim, a estrutura era precária para ser um espaço escolar. “O estado nunca mandou material para a construção da escola, construímos somente com as doações”, explica o cacique Ivo Galles.

Agora, após o vendaval – para que as crianças não percam aula – um morador da aldeia cedeu a sua casa para a realização das atividades.

“Hoje a nossa comunidade não tem escola. Nossas crianças têm dificuldade de espaço para a educação na comunidade indígena. Peço para os órgãos competentes para se sensibilizarem com a dificuldade da escola. Para conseguirmos levantar um espaço para os nossos filhos”, ressalta o cacique.

No dia 22 de março, lideranças indígenas tiveram uma reunião com o coordenador de políticas específicas do Departamento Pedagógico da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Rodrigo Venzon, onde foi cobrada a construção da escola de forma emergencial. Mas, até o momento, a secretaria não deu nenhum retorno sobre o assunto.

“Esperamos que esse encontro valha para nós construirmos a escola junto com a Seduc. Nós lideranças cobramos mais uma vez o estado, para colocarmos isso na prática e estamos ansiosos para que essa escola venha a ser construída na comunidade. Não vamos sossegar até que o estado venha fazer o papel dele sobre a educação dos pós-indígenas diferenciados”, destacou Galles.

Na caravana do CPERS por #ReposiçãoJá, em novembro do ano passado, representantes do Sindicato visitaram a escola e verificaram de perto o descaso do governo de Eduardo Leite (PSDB) com os educadores e toda a comunidade indígena.

Confira o vídeo:

Luta por uma escola digna para a comunidade indígena

O funcionário da escola, Sandro Galles, aponta que a instituição precisa da atenção da Seduc, para oferecer melhores condições para os estudantes. “Nós queremos uma estrutura melhor para atender essas crianças. Nós estamos atendendo agora em uma casa emprestada, exercendo nossa função. Queria chamar a atenção dos órgãos competentes para ver a nossa situação.”

Adilson Jacinto, o único professor da escola, destaca que as condições de trabalho são precárias e pede ajuda para os governos. “Que olhem mais pelas escolas indígenas, registradas, fixas. Estamos sendo desamparados nas reservas indígenas. Não falo só pela nossa escola em Carazinho, mas por todas as escolas indígenas. Queremos mais compromisso da Seduc, do governo federal e estadual, junto com os órgãos competentes que ficam responsáveis pelos municípios. É triste ver a calamidade que aconteceu aqui em nossa escola.”

A diretora do 37º núcleo (Carazinho), Adelia Menezes dos Santos, está acompanhando de perto a situação da escola e destaca o descaso do governo Leite com a educação indígena.

“É possível o estado fazer uma escola provisória para atender dignamente essas crianças. Além da questão física da escola, exigimos que o governo dê condições pedagógicas para que esses alunos tenham atendimento e nós temos a certeza que essa luta é muito justa pela questão da terra, da educação e da cidadania de todas as pessoas que ocupam esse espaço. Ela é uma escola estadual e o Estado tem responsabilidade sobre ela.”, frisa Adelia.

O CPERS irá buscar junto à Seduc solução para a reconstrução da escola, para que possam atender de forma digna, como merecem, os estudantes indígenas da Kame Mre Kanhkre.

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