Na manhã desta terça-feira(25), pais, professores(as) e estudantes da Escola Estadual Tuiuti, de Gravataí, participaram da reunião ordinária da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, da Assembleia Legislativa, para pedir o apoio dos(as) parlamentares(as) para cobrar do governo a execução imediata das obras emergenciais na instituição.
Desde 2016 a escola passa por graves problemas estruturais que prejudicam o andamento das aulas e colocam em risco a integridade dos alunos. Na semana passada, após inúmeras tentativas frustradas para a resolução da situação, pais e alunos decidiram ocupar a escola.
A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, acompanhou a reunião e fez questão de destacar que o Sindicato não estava lá para ser protagonista, mas para prestar total apoio à comunidade escolar. “Visitei a Tuiuti na semana passada e o que eu vi lá foram pais e alunos que têm amor por aquela escola. Eu senti o pertencimento da comunidade e isso é uma riqueza fantástica”, observou.
A diretora da escola Tuiuti, Geovana Rosa Affeldt, ressaltou a importância do debate em um espaço como a Assembleia Legislativa para valorização das escolas públicas gaúchas. “Ocupamos a escola porque já perpassamos todos os meios legais possíveis até chegar aqui, só o amor pela educação nos fez persistir”, destacou.
Em 2016, a escola recebeu do BIRD o valor de 120 mil reais para resolução de problemas elétricos. Mesmo após a entrega do projeto na 28ª CRE as obras nunca foram realizadas e em 2018 os problemas começaram a ficar mais graves. Os(as) professores(as) e estudantes, ao ligar ou desligar as luzes, levavam choque elétrico. Também ocorreu a queima de ventiladores e câmeras de segurança, entre outros equipamentos.
Em novembro de 2018, a situação tornou-se insustentável. O forro de uma das salas de aula da escola caiu. Diante da gravidade da situação foi liberada uma obra emergencial para o prédio, porém, até hoje, o problema não foi resolvido. “Desde novembro é feito um rodízio semanal dos espaços da escola para que os nossos alunos possam ter aulas. As crianças das séries iniciais estão sem ambiente alfabetizador”, denuncia a diretora.
Além dos problemas estruturais, a escola sofre com outras imposições do governo Eduardo Leite que dificultam o andamento do ano letivo, como a proibição de sábados integradores, uma tradição na escola, o fechamento da biblioteca, por determinação da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e do bar da escola, que gerava 40% da verba autônoma da instituição.
Na noite da última segunda-feira (24), os alunos da escola confirmaram o encerramento da ocupação, após a Seduc anunciar que um construtor vai retomar a obra no pavilhão. No entanto, a 28ª CRE ordenou a interdição da escola por um período de sete a quinze dias para que um engenheiro faça uma avaliação.
Jeferson Juliano, pai de um aluno da escola, participou da ocupação e destaca que a Tuiuti está totalmente sucateada, oferecendo sérios riscos aos alunos. “Estamos aqui para pedir a proteção da vida dos nossos filhos. Resolvemos, de maneira pacífica, ocupar a escola num movimento de alunos com os pais para evitar uma catástrofe”, afirmou.
Durante a audiência, o estudante do ensino médio da Tuiuti, Victor Melo, relatou que, há muito tempo, são os pais e os alunos que mantém a limpeza e a manutenção da instituição. “A escola está abandonada pelo governo. Nossa luta é pela manutenção de todos os prédios. Como vamos conseguir prestar atenção na aula se estamos preocupados se o teto vai desabar ou se vai acontecer algo que pode nos machucar?”
A professora Stela Maris Martins de Oliveira reforçou o seu orgulho de pertencer a comunidade escolar da Tuiuti, suas duas filhas se formaram na escola. “Como professora venho aqui hoje dizer que nem estou reclamando do salário, que é pouco e está atrasado, hoje a nossa prioridade é o aluno, porque nós acreditamos em educação”, disse.
Ao fim do encontro, a presidente do CPERS destacou também a importância da pressão da Comissão de Educação para que esses problemas sejam solucionados. “Eu acho que essa comissão precisa visitar a escola para entender que o problema é muito maior. O prédio que desabou o telhado é o principal, mas em todos os outros existem problemas graves”, alertou Helenir.
No encerramento da reunião, a presidente da mesa, deputada Sofia Cavedon (PT), disse que o descaso com a educação ficou ainda mais evidente. “Nesses seis meses de trabalho da comissão percebemos que todos os temas falados aqui hoje já passaram por outras audiências. Esse governo não teve competência para fazer nada novo e está desmontando o que já tinha”, afirmou.
Sofia e outros deputados que integram a comissão assumiram o compromisso de visitar a escola na próxima sexta-feira (28) para verificar in loco os problemas relatados e pressionar a Seduc por respostas.
Governo diz que vai garantir estrutura para fim do ano letivo na Tuiuti
Ao fim da audiência, representantes da comunidade escolar da escola Tuiuti, a presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer e a presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia, da Assembleia Legislativa, deputada Sofia Cavedon, dirigiram-se ao Palácio Piratini para tentar entregar ao secretário chefe da Casa Civi, Otomar vivian, um relatório sobre a situação da escola.
O secretário não estava presente e o grupo foi recebido pelo secretário adjunto, Bruno Pinto de Freitas.
Helenir cobrou do governo uma ação imediata para que o mais brevemente possível os alunos da Tuiuti possam retornar às aulas. Também solicitou que o governo reveja a política de proibir aulas aos sábados, visto que este período precisará ser recuperado. Cobrou ainda um posicionamento sobre a situação da escola, caso uma interdição total seja necessária.
Em resposta, Freitas assumiu o compromisso de que as medidas necessárias serão tomadas. “O governo dará todas as condições para a continuidade das aulas e para que se conclua o calendário escolar desse ano”, garantiu.