Ensino privado do RS tem maior concentração de alunos por turma do Brasil


As salas de aula de rede privada de Ensino Básico do Rio Grande do Sul detêm a maior concentração de alunos do país. Os dados são do Censo Escolar 2020, analisados pelo Dieese.

Além do conhecido impacto da lotação na qualidade do ensino-aprendizagem, a informação ganha relevância diante da sugestão do Sinepe/RS – sindicato patronal do setor – de tornar obrigatória a presença de estudantes durante o ano letivo, em meio à pandemia.

Considerando que os protocolos sanitários atuais serão mantidos, com o revezamento presencial em meia lotação, outro problema se destaca: o número de docentes está em queda. Como reorganizar as turmas sem realizar novas contratações?

O Sinpro/RS, Sindicato dos Professores do Ensino Privado, argumenta que o rodízio é impraticável. “Como serão planejadas as atividades? Quem fará isso se os professores estão envolvidos com as aulas? Haverá mais trabalho para o professor? Será feito quando? Haverá remuneração extra?”, indaga Margot Andras, diretora da entidade.

Diante do recrudescimento da pandemia e da morosidade da vacinação no país, Margot também defende a autonomia dos pais para decidirem se os filhos(as) frequentarão as aulas presenciais ou não.

De forma semelhante, o CPERS manifesta profunda contrariedade à proposta em análise pelo Gabinete de Crise do Estado.

Não é possível que, após mais de 220 mil vidas perdidas, continue a prevalecer a lógica que transformou o Brasil em ameaça sanitária global, pária em rankings internacionais e vetor de variantes mais perigosas do coronavírus.

Países que priorizaram a reabertura de escolas fizeram o dever de casa: controlaram a disseminação comunitária e adotaram a ampla testagem como rotina. Aqui, os testes apodrecem em depósitos e, no estado, o governo sequer apresenta dados do contágio na rede e se nega a vistoriar as instituições de ensino.

>> Leia a posição do CPERS sobre a presença forçada nas escolas

A falta de uma política de testagem impede a detecção de graves situações como a do Instituto Educacional Jaime Kratz, de Campinas (SP), que ilustrou manchetes nesta semana após surto que contaminou 47 trabalhadores(as) e estudantes. 

Apelamos aos integrantes do Gabinete de Crise que tenham o bom senso de rejeitar a medida e pleiteiem junto ao governo melhores condições para um retorno seguro: priorizar a vacinação de educadores(as) e prover EPIs, recursos humanos e financeiros e testagem em massa a toda a comunidade.

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