Dia da Visibilidade Trans: a educação pode superar a transfobia


No dia 29 de janeiro é comemorado o Dia da Visibilidade Trans no Brasil. A data tem o objetivo de promover reflexões sobre a cidadania das pessoas travestis, transexuais e não-binárias (que não se reconhecem nem como homens, nem como mulheres) e gerar conscientização sobre sua visibilidade em todo o país.

Toda pessoa, ao nascer, tem um sexo (biológico) pelo qual é designada. Algumas, ao longo da vida permanecem reconhecendo-se e identificando-se com essa designação: essas pessoas são chamadas “cisgênero”.

Outras, ao longo da infância, da adolescência, da juventude ou da vida adulta, não se reconhecem nessa identificação: são as pessoas transgêneros.

Uma pessoa transgênero é aquela que nasce biologicamente de um jeito, mas não se identifica assim. Esta é uma questão de identificação, relacionando-se à identidade de gênero dos sujeitos, que podem ser tanto homens como mulheres, cis ou trans.

A exclusão e a impermanência das pessoas trans em sociedade passa, impreterivelmente, pela escola. O ambiente educacional tem uma dívida irreparável com a legitimação e a perpetuação da transfobia – aversão ou discriminação contra a população trans – uma realidade cruel, que leva essas pessoas a abandonarem os estudos e enfrentarem dificuldades de inserção no mercado de trabalho.

Diante disso, cabe questionar quais papéis a educação desempenhou para a manutenção de estruturas excludentes e como a escola pode se transformar em um espaço de inclusão, defesa e garantia de direitos para pessoas trans e travestis.

O papel da escola na inclusão de pessoas trans

É sabido que a escola de hoje precisa encontrar seu caminho para a diversidade, engajando as crianças no mundo das diferenças e preparando-as para serem legítimos cidadãos.

Cerca de 70% das pessoas trans e travestis não concluíram o ensino médio e apenas 0,02% dessa população teve acesso ao ensino superior, ainda segundo informações da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).

A gravidade dos índices de evasão da população trans é um dos indicadores utilizados por pesquisadores para definir esse processo como uma verdadeira exclusão fruto de uma pedagogia da violência. O conceito de pedagogia da violência foi elaborado pela pesquisadora Luma Nogueira de Andrade, primeira pessoa trans a concluir o doutorado em rede pública no Brasil.

O respeito ao nome social e a garantia ao uso do banheiro próprio à identidade de gênero das pessoas trans e travestis são medidas mínimas que podem auxiliar o enfrentamento à transfobia no espaço escolar.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Pesquisa realizada pelo defensor público João Paulo Carvalho Dias, presidente da Comissão da Diversidade Sexual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), estima que, no Brasil, 82% das pessoas trans e travestis tenham abandonado os estudos ainda na educação básica.

O fomento e o respeito à diversidade são desafios atuais e imediatos que a gestão escolar deve enfrentar. Superar estereótipos e preconceitos é um caminho para o acolhimento de toda a comunidade escolar; o diálogo aliado a esforços conjuntos podem transformar o ambiente da escola.

Entendemos que a luta dos educadores(as) pelos direitos e pelo reconhecimento das diferenças não pode se dar separadamente e isolada. Uma escola com olhar voltado para a inclusão social, precisa olhar para todo tipo de diferença que existe e surge a cada dia.

A educação pode superar a transfobia porque é na escola que os alunos(as) começam a ter visão sobre o futuro; eles vão aprender que homofobia e transfobia são crimes e, mesmo que não fossem, que eles não devem tratar nenhuma pessoa violentamente.

O primeiro passo para a celebração da diferença é sua compreensão. Nós, educadores(as), precisamos fazer valer e respeitar o uso do nome social dos nossos alunos(as), bem como promover seu bem-estar e inclusão junto à comunidade escolar.

Que possamos ser mais justos e mais inclusivos com a população trans não apenas no mês da visibilidade trans.

É preciso respeitar e incluir todas, todos e todes. Essa é a escola que precisamos!

Artigo do Departamento de Gênero e Diversidade do CPERS

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