Diante do cenário caótico vivido por gaúchas e gaúchos nas últimas semanas, fruto da ineficiência da CEEE Equatorial em solucionar a falta de abastecimento de luz em Porto Alegre e na Região Metropolitana, o CPERS, através do seu Conselho Geral, expressa repúdio ao governo do Estado.
Ao entregar o controle da energia elétrica para o empresariado, o Rio Grande do Sul é corresponsável pelos dias e noites em que milhares de pessoas passaram sem luz e sem água. Com a supressão do acesso a elementos básicos do cotidiano por mais de 110 horas, comunidades de diferentes bairros foram impossibilitadas de trabalhar, de estudar, de se alimentar com qualidade e de se medicar adequadamente.
Para a população gaúcha, a energia elétrica é uma necessidade diária, mas para Eduardo Leite (PSDB), é um negócio. Entregue a ínfimos 100 mil reais ao 2º homem mais rico do país, o bilionário Jorge Paulo Lemann, a CEEE foi privatizada em 2021 com o apoio de deputados estaduais, entre eles o atual prefeito da capital, Sebastião Melo (MDB). De mãos dadas com os interesses do mercado e de costas para os interesses públicos, Leite e Melo abandonaram as gaúchas(os) na escuridão.
Ambos políticos não só negligenciaram os moradores(as) dos municípios atingidos pela falta de luz, como fizeram um péssimo acordo: o Grupo Equatorial tem prestado um serviço inferior ao fornecido quando a empresa era pública. Ao mesmo tempo em que indigna clientes – foram 126 protestos registrados até a última quinta-feira (25) só em Porto Alegre, segundo a Brigada Militar – a CEEE Equatorial precariza seus funcionários(as).
O Ministério Público do Trabalho apontou como precarização deliberada e sistemática todas as frentes de trabalho da empresa, depois de investigar a morte de dois trabalhadores em 2023. Nesta sexta-feira (26), um caminhão da CEEE caiu no Arroio do Dilúvio e dois funcionários foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros.
É evidente a falta de compromisso do Grupo Equatorial com a essencialidade do fornecimento de luz, bem como com a segurança e com a dignidade de seus trabalhadores(as). Por isso, empresas que garantem direitos primordiais não podem estar na mão da iniciativa privada, ao contrário, devem ser administradas por servidoras(es) responsáveis e empenhadas(os) no bem-estar da sociedade.
O CPERS, composto por profissionais do funcionalismo público, exige a reestatização da CEEE. A fórmula para a privatização de serviços até então geridos pelo Estado é sempre a mesma: os governos interrompem investimentos e sucateiam as empresas até o limite máximo, depois as vendem com a justificativa de que não há mais o que ser feito. Diante da péssima oferta de energia elétrica pela Equatorial e do descaso com seus funcionários(as), há, sim, o que fazer.
Por um abastecimento de luz que atenda às demandas da classe trabalhadora, e não às ambições de bilionários e políticos desonestos. Por uma CEEE pública, das gaúchas e dos gaúchos!