Na manhã desta terça-feira (30), dirigentes do CPERS foram à Secretaria de Educação (Seduc) para cobrar mudanças e respostas sobre o Avalia, plataforma imposta pelo governo Leite (PSDB) a escolas estaduais para avaliação do aprendizado dos alunos(as) no ano letivo de 2020.
O sistema impõe uma padronização incompatível com o período pandêmico, ignora o Plano de Ação elaborado pelas escolas a partir das matrizes referendadas pelo próprio Estado e desconsidera as desigualdades locais.
De forma tecnocrática e sem qualquer base pedagógica, a plataforma não leva em conta os imensos desafios do período, marcado pela precariedade de acesso, orientações desencontradas e comunidades escolares lutando para priorizar os vínculos de estudantes e os aprendizados possíveis.
Outra questão que volta à tona é a sobrecarga de trabalho, com educadores(as) se virando para atender os prazos exigidos apesar da instabilidade do Avalia, que cai com frequência e apresenta links quebrados.
“Um dos problemas é o acúmulo de trabalho no momento em que começou o ano letivo; não houve formação para o acesso da plataforma e nem clareza nos prazos”, frisou o 2º vice-presidente do CPERS, Edson Garcia.
Na carência de profissionais capacitados para suprir as inúmeras demandas do governo, professores(as) acabam assumindo tarefas de supervisores(as) educacionais, tendo que realizar o planejamento, acompanhamento, coordenação, controle, avaliação e atualização do desenvolvimento de processo ensino-aprendizagem.
“O ideal é ter uma formação com as equipes de divisão; são horas de vídeos para informar e depois fazer o direcionamento com o grupo de professores. Tivemos férias coletivas, as secretarias não funcionavam, há dificuldades para organizar o administrativo e pedagógico”, completou Garcia.
A diretora do departamento de Educação do CPERS, Rosane Zan, também alertou para a falta de privacidade das informações na Avalia: “todos os professores que acessam a plataforma podem ver as habilidades de quem preenche. Essas informações deveriam ser privadas”, asseverou.
Para o diretor Cássio Ritter a imposição da plataforma pelo Estado fere a autonomia pedagógica das escolas, prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). “É absurdo o governo tomar medidas unilaterais, sem compreender a realidade das instituições escolares”, afirmou.
Como a Secretaria da Educação está em processo de transição, as questões serão encaminhadas para estudo da equipe do departamento Pedagógico e a nova secretária, Raquel Teixeira.
Após, será agendada uma reunião online, que deve ocorrer na próxima semana com representantes do CPERS e Seduc.
Manifesto sobre a plataforma Avalia
Nesta semana, a equipe diretiva da EEEF Dom José Baréa, do município de Três Cachoeiras (13º Núcleo), promoveu um manifesto questionando, nos grupos de WhatsApp que participa junto a 11º Coordenadoria Regional de Educação (CRE), o processo de avaliação estabelecido pela plataforma. O documento também será encaminhado por ofício à Seduc.
Leia a íntegra:
O ano de 2020 foi marcado por muitas incertezas e imensos desafios. No âmbito da escola pública, aqui no RS, fomos orientados – assertivamente – a priorizar a manutenção dos vínculos e a saúde mental dos nossos alunos e alunas, bem como de suas famílias.
A partir das Matrizes de Referência do Estado, cada escola elaborou o “seu” Plano de Ação, contemplando as habilidades consideradas “possíveis” de serem desenvolvidas, tendo em vista os desafios do período e realidade local, quase sempre, marcada pela precariedade de acesso das famílias à plataforma, além de outras dificuldades sócio-estruturais, com comunidades se virando para conseguirem equipamentos e Internet na tentativa desesperada de garantir algum acesso por parte dos estudantes.
Pois bem, perguntamos para que possamos pensar junt@s:
Nós, das equipes diretivas das escolas, entendemos que as diretrizes da plataforma AVALIA exigem a presença, o envolvimento da práxis com os estudantes para que possam ser efetivadas.
Se a sua escola considera importante este questionamento junto à Seduc, junte-se a nós.