De mãos dadas, com o auxílio de um tecido para manter o distanciamento devido à Covid-19, educadores(as) e comunidade escolar realizaram, na manhã desta quarta-feira (17), um abraço coletivo à Escola Estadual de Educação Especial Aracy de Paula Hoffmann, de São Leopoldo.
O ato público selou a contrariedade de professores(as), pais e alunos(as) à tentativa de fechamento de um turno da instituição, imposto pelo governo Eduardo Leite (PSDB). A escola é única do município que atende alunos(as) na modalidade especial.
A ordem para o encerramento de turno foi enviada em janeiro pela 2ª Coordenadoria Estadual de Educação (CRE). O memorando determina que “haverá reprovação somente de estudantes matriculados na Educação Profissional, Curso Normal ou Totalidades 6 e 9 da EJA. Por isso, os estudantes de sua escola que não se encaixam em uma das modalidades acima descritas deverão ser encerrados como Aprovados ou Aprovados com Necessidade de Apoio Pedagógico”.
Conforme o diretor da escola, Edson Renato Flores Rodrigues, o cumprimento destas orientações reduziria o número de alunos e a consequência seria o fechamento de turno e, posteriormente, de turmas.
“Nossa escola reduziria significativamente o número de alunos matriculados. Perderíamos 54 alunos, ou seja, 4 turmas de ciclo II e 4 turmas de EJA, Etapa II. Consequentemente, teríamos a redução de turnos e o fechamento das demais turmas”.
Diante da ameaça, reação
Com o risco de fechamento de turno e turmas e a possibilidade de não conseguir atender os estudantes, a direção da escola organizou a mobilização junto ao 14º Núcleo do CPERS. “Recorremos à comunidade, ao Conselho Escolar, ao CPM e à equipe pedagógica para tomar as decisões necessárias, que pudessem responder às demandas e necessidades, principalmente pela permanência destes alunos na escola”, relata.
Isso, segundo Rodrigues, foi fundamental para a adesão ao movimento realizado hoje, que contou com a presença de centenas de pessoas.
“A escola é fundamental para a minha filha”
Mãe de uma aluna autista da escola, Andréa Frank define a instituição como fundamental para a filha de 16 anos. “Ela ama, pois é recebida com muito amor e as atividades são desenvolvidas para a capacidade que ela consegue responder. Sem a escola há uma quebra de rotina, perdas irreparáveis com tudo que ela já está habituada”, observou.
Ela avalia a importância do ato desta manhã para manter o atendimento da escola como está. “Foi muito importante o nosso movimento, a força e o apoio total de tantas autoridades e comunidade que se fizeram presentes hoje”, observa.
Erica Paula Medina de Souza, que trabalha na escola, também conta com assegurar o acesso à educação para a filha Marcela, com Síndrome de Down.
“Todo ano temos essa ameaça. Se fechar um turno o que vai ser dos alunos com idade, vão ficar em casa? Sendo que para muitos a Escola é o único ambiente de socialização. Temos que ter uma garantia que não vão mais falar em fechamento”, relata.
A estratégia de mobilização também passou pela denúncia em veículos da imprensa local e pressão junto à Prefeitura, Câmara de Vereadores e Assembleia Legislativa.
2ª CRE recua
Durante a manifestação, o advogado da 2ª CRE, Diego da Rosa, esteve no local e garantiu que nada será alterado. “Esteve aqui e se comprometeu de, após o dia 22, a volta do recesso da CRE, buscar alternativas via sistema, que permita atender nossas reivindicações”, afirmou Rodrigues.
“Ele afirmou que a escola não perderá alunos e nem fechará um turno, que vai permanecer como está”, detalha o diretor do 14º núcleo do CPERS (São Leopoldo), Luiz Henrique Becker.
Apesar da promessa, o diretor da escola destaca que a certeza só virá quando a situação estiver oficialmente resolvida. “Só vou acreditar quando realmente tivermos essas turmas inseridas e homologadas no sistema. Agora, vamos aguardar este retorno da CRE/Seduc para proceder com o encerramento do ano letivo de 2020, e consequentemente a abertura do ano de 2021.”
Becker ressalta que o Sindicato ficará atento ao envio do documento à escola, que garante as afirmações feitas pelo jurídico da Coordenadoria. “Continuamos vigilantes e firmes na manutenção dessa escola. Seguimos atentos a ameaça de fechamento de turmas e turnos em outras escolas”, afirmou.