Comunidade Escolar do Instituto de Educação diz não ao projeto de Eduardo Leite (PSDB) em Audiência Pública


Na manhã desta sexta-feira (3), ocorreu a Audiência Pública “A retomada das obras do Instituto de Educação – Projeto da Comunidade Escolar X Projeto do Governo Estadual”. O evento, promovido pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto e Tecnologia da Assembleia Legislativa, aconteceu às 9h30, no Teatro Dante Barone.

O encontro tratou sobre a situação do Instituto de Educação General Flores da Cunha (IE) que está desde 2018 com as suas obras de recuperação e restauro paradas.  Atualmente, os 1.200 estudantes estão sendo atendidos em quatro unidades.

Proponente da iniciativa, a deputada Sofia Cavedon fez um breve resgate de tudo que a escola vem enfrentando desde o início do restauro, ressaltando a o descaso do governo Eduardo Leite (PSDB) com a instituição. “Isso é um descaso, desrespeito profundo com o IE, com a educação pública estadual e com toda comunidade escolar”, afirmou Sofia.

O vice-presidente do CPERS, Alex Saratt, destacou o apoio do Sindicato na luta com a escola para retomar aquilo que é seu.

“A retomada das obras é urgente, são cinco anos já de espera, não são 5 dias, ou 5 meses. Governador Eduardo Leite, demorou! Se não for agora, teremos que usar outros meios. O IE tem uma história que está enraizada na sua comunidade escolar, e temos que deixar claro para o governador que ainda existe gestão democrática e autonomia nas escolas para decidir o seu futuro. Vocês não estão sozinhos nessa luta. O IE fica”, destacou Alex.

Alex também relatou as denúncias da Caravana do CPERS que percorreu todo Rio Grande do Sul de 11 a 26 de novembro e visitou 60 municípios e 186 escolas. “Ontem em uma coletiva de imprensa apresentamos um contundente dossiê sobre as condições de abandono que se encontram as nossas escolas estaduais”, frisou.

O IE é nosso!

A equipe diretiva da escola, professores, estudantes, mães e representantes da comunidades escolar falaram na audiência e expuseram a indignação e repulsa pelo governo do estado, que além de parar as obras da instituição por falta de pagamento para a empresa responsável, ainda anunciou um projeto para construir um museu privado, nos moldes do Museu do Amanhã do Rio de Janeiro, e de um centro tecnológico de formação de professores(as) dentro da escola.

Alessandra Lemes da Rosa, diretora da instituição fez um longo apanhando do restauro da escola ressaltando a grande luta que travam para voltarem ao prédio do IE, com o projeto original da escola que foi feito pedagogicamente juntamente com a comunidade escolar.

 

“Esse ano completamos cinco anos fora da nossa instituição, ano esse que a escola completa 152 anos. Esperamos que possamos voltar em breve, pois esse projeto de restauro foi pensado para atender uma escola. Nós queremos nosso prédio de volta e continuaremos lutando para isso”, afirmou Alessandra.

A vice-diretora, Heloiza Rabeno destacou que a proposta do governo de colocar um museu dentro de uma escola, mostra que ele não conhece o chão da escola pública e não sabe como é a sua realidade.

“Eduardo Leite nunca nos perguntou nada, nunca consultou a comunidade escolar”, destacou a vice-diretora.

Heloiza também entregou a deputada Sofia o abaixo-assinado com 10 mil assinaturas. O documento proposto pelo Movimento em Defesa do IE exige do governo a garantia da continuidade do restauro e o retorno da comunidade escolar para o prédio histórico do Instituto.

A professora e mãe de aluno, Adriana Farina Marcon destacou que a luta pelas reformas do IE acontece desde 2011, mas que o movimento ganhou mais força este ano quando o governador anunciou os novos rumos que pretende para este patrimônio da educação?

“Não tem condições de funcionar um museu e um centro de treinamento dentro da escola. Como vai ficar a atenção para as nossas crianças? Eu gostaria muito que o governador repensasse em todo esse descaso com as escolas públicas estaduais e retomasse as obras do IE imediatamente”, concluiu.

“Quero colocar aqui a nossa indignação, como pais, mães membros da comunidade escolar. Queremos a retomada da escola em sua integralidade. Queremos um retorno já. Não pode faltar ninguém dentro da nossa escola”, apontou Luciana Assis Brasil, presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM).

“A secretária desconhecia que tinha uma comunidade escolar dentro da escola. E continua nos tratando do mesmo jeito, como se ali não existisse ninguém. Nós estamos perdendo nossos estudantes que estão tendo aula em salas minúsculas e espaços insalubres. Tem que valorizar os professores e a escola pública no presente. Se pedimos o restauro é porque o teto da escola estava desabando na cabeça dos nossos estudantes”, desabafou Ceniriani Vargas da Silva, presidente do Conselho Escolar.

Os alunos Marina Alburquerque e Fredericco Restori destacaram todo carinho pela instituição e ressaltaram o descaso do governo.

“Não precisamos de museu, precisamos da obra concluída e do nosso prédio localizado na Av. Osvaldo Aranha. Podemos ter a infraestrutura que a escola precisa, basta que façam o projeto que foi feito junto com a comunidade escolar”, observou Marina.

“O governador não tem nenhum cuidado com a nossa escola, com a educação pública, para ele o que importa é o lucro. Eu lembro da Helenir falando em uma reunião do suicídio de diversos professores pela falta da valorização. O abandono do nosso prédio representa o abandono da educação pública. O IE existe, nós estamos aqui, e se precisar nós ocupamos esse espaço, que é nosso”, ressaltou Fredericco.

“Estou aqui pela minha filha, netos, bisnetos e pelos filhos daqueles que vão precisar da escola pública. Todos precisamos de educação. O prédio na Osvaldo Aranha é um lindo prédio que o governador descobriu, mas ele já é nosso, estudantes, pais, mães, educadores, ex-alunos e alunos, da comunidades escolar. Eu clamo ao Sr.  governador que venha para o lado da educação”, afirmou Tatiana Gomes, ex-aluna do curso do magistério e mãe da estudante Laura Gomes.

“Quando entrei naquele prédio mal sabia que se tornaria a minha segunda casa e minha família”, destacou a estudante Laura muito emocionada.

Maria da Graça Ghiggi, integrante da Comissão do Restauro do Instituto e mãe de ex-alunos destacou que o projeto do governador irá roubar boa parte da escola.

“O projeto retira muito espaço de escola, de salas de aula. Nós não queremos a escola do futuro, nós queremos a escola do agora. O projeto do governo não prevê uma escola integral. Esse projeto que o governo quer é marketing”, concluiu.

O que diz a Seduc

O diretor-geral da Seduc, Guilherme Daltrozzo Corte e o engenheiro civil da Secretaria de Obras do Estado, Ricardo Todeschini, afirmaram durante a audiência que as obras serão retomadas ainda na primeira quinzena de janeiro, dia 15.

“Acredito que na primeira semana estamos todos mobilizados para a retomada das obras”, concluiu Guilherme.

Ao final da reunião, a comunidade escolar reivindicou representação na discussão sobre o projeto que o  Executivo gaúcho quer implementar no Instituto de Educação.

Uma comitiva do Movimento em Defesa do IE, juntamente com a deputada Sofia Cavedon e a direção do CPERS Sindicato,  foram ao Palácio Piratini entregar o abaixo-assinado na Casa Civil, mas infelizmente não foram recebidos.

Um dos encaminhamentos da audiência pública foi um encontro com a secretária de educação, Raquel Teixeira e o Movimento em Defesa do IE.

 

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