Na tarde desta segunda-feira (26), a secretária-geral do CPERS, Candida Beatriz Rossetto, os diretores Sônia Solange dos Santos Vianna e Daniel Damiani juntamente com a diretora do 39º Núcleo (Porto Alegre), Christiane Ribeiro Gomes participaram da reunião com representantes da Secretaria de Educação, o diretor, professores e funcionários e a comunidade escolar da E.E.E.F. Ayrton Senna da Silva.
O motivo do encontro é que o governo de forma autoritária quer mudar a escola para outra instituição – EEEF Balduíno Rambo, distante 1,4 km, nas proximidades da Av. Bento Gonçalves, bairro Partenon, localizada em área de risco.
A desculpa é que a escola paga aluguel, e que a escola não poderia ser mais escola aberta e sim integral e para ser de período integral teria que ir para outro espaço.
A escola tem um atendimento diferenciado para os seus 70 estudantes, oferece oficinas a tarde, tendo atividades durante todo o dia, oferta as quatro refeições, somatiza algumas premiações e conta com turmas menores, com 10 alunos em média. Isso ocorre porque a maioria das crianças que ali estuda foram encaminhadas pelo Ministério Público ou pelo Conselho Tutelar em situação de alta vulnerabilidade. Em geral, isso se traduz em alunos com histórico de violência, repetência ou defasagem cognitiva.
A escola Ayrton Senna tem um contrato com o proprietário até 2019, sendo que o proprietário quer vender o imóvel.
A diretora do CPERS, Sônia Vianna lembrou que o dinheiro que o governo gasta com propaganda pode ser investido na educação e na compra do prédio. “Se o problema é o prédio que é alugado, que o governo pare de gastar 46 milhões que foi o que gastou em 2017, com propagandas e compre o prédio”. E ainda acrescentou. “Quando tu fecha uma escola, no futuro estará abrindo um presídio e não podemos permitir, se uma vida é salva com o trabalho diferenciado que a escola oferece, isso não tem preço”, concluiu.
“Nós sabemos o que está por traz de tudo isso, 20 anos de congelamento, zero de investimento na saúde, educação e segurança. Nós queremos trabalhar onde há uma faísca de esperança e aqui tem. Uma educação de qualidade se faz com a comunidade, ouvindo e dialogando. O CPERS sempre estará presente nessa luta contra o fechamento de escolas”, ponderou a secretária-geral do CPERS, Candida Beatriz Rossetto.
O diretor Daniel Damiani lembrou que na manhã desta segunda-feira, estava em um ato em outra escola em Porto Alegre, onde foram fechadas turmas do 6º ao 9º ano. E que só hoje, no dia em que começaria as aulas a comunidade foi informada. “Esse método de trabalho do governo está errado, em não informar, não dialogar com a comunidade. Por isso, é tão importante nossa união, porque quando a comunidade mobiliza-se consegue reverter a essas decisões tomada em gabinete pelo governo”, afirmou.
Comunidade escolar e educadores reprovam a mudança de local
Em todos os momentos durante a reunião os pais, estudantes, professores e funcionários de escola mostraram contrariedade a mudança de local.
“O governo quer é colocar nossas crianças em uma zona de risco, sem se preocupar com a segurança. Eu como mãe não quero que mude. Aqui me sinto tranquila em deixar meu filho, porque sei que está bem cuidado”, relatou Janaíra Lima, mãe de aluno.
“A escola Ayrton Senna não só educa, também oferece alimentação, suporte integral, onde as crianças não só estudam mas fazem atividades extracurriculares. Estamos acompanhando outros fechamentos de escolas. É assim que o governo pretende oferecer uma boa educação, fechando as boas escolas que temos?, refletiu Ana Paula de Souza, mãe de aluno.
“Em 30 anos de experiência, nós sabemos que a fusão de escolas não dá certo. Nossa proposta é diferenciada de outras escolas, com poucos alunos. Sempre trabalhamos junto com a comunidade, respeitando as suas decisões. Vamos juntos lutar pela nossa escola” ressaltou o diretor da escola Adroaldo Machado Ramos.
Os encaminhamentos da reunião: representantes da SEDUC fizeram uma ata e vão encaminhar para o secretário de educação a contrariedade da comunidade escolar na troca de local, a comunidade junto a direção da escola irão solicitar uma audiência com o secretário, na próxima quinta terá uma audiência no Ministério Público para tratar sobre o assunto.
A Direção Central do CPERS irá acompanhar o caso e estará presente em todas as reuniões.
Carta de uma mãe: