Antecedendo o Conselho Geral do CPERS, nesta sexta-feira (13), ocorreu a Mesa de Debate Educação Pública e os dois Projetos em Disputa, ministrada pelo cientista político Benedito Tadeu César.
O palestrante tem um vasto e significativo currículo, é professor de Ciência Política da UFRGS, Mestre em Antropologia Social, Doutor em Ciências Sociais, integrante das coordenações do Comitê em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito, do Comitê Gaúcho em Defesa da Soberania e do Patrimônio Nacional, do Comitê Gaúcho do Projeto Brasil-Nação e do M3D Movimento Democracia, Diálogo e Diversidade.
César fez uma retrospectiva histórica sobre os governos no Brasil, o processo de desenvolvimento e a indústria de base do país. “Todas as vezes que o projeto nacional liberal entreguista chegou ao poder no Brasil chegou mascarando seus propósitos ou através da desconstrução do seu adversário, em cima do combate ao período comunista ou associado ao combate à corrupção. É a mesma coisa que estamos vivendo hoje”, afirmou.
O cientista político deu continuidade às reflexões lembrando que as elites econômicas brasileiras são adeptas da concepção de que não se deve construir uma nação autônoma. Ou seja, para manter seus privilégios é preciso que a população do Brasil não caiba no Brasil. “É preciso não governar para a maioria. É necessário que se concentre renda! Somos o país mais desigual do mundo”, destacou.
César apresentou também dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico – OCDE que, em relatório, mostrou que entre os 36 países pesquisados, o Brasil é o penúltimo em ascensão social do mundo. “Para que uma pessoa de situação de baixa renda chegue à classe média precisam ser transcorridas nove gerações. Este é um dado estarrecedor”, observou. Em termos de comparação: na Dinamarca são necessários apenas duas gerações, na Espanha são quatro, na Nova Zelândia, no Canadá, na Bélgica e no Japão são cinco. Em Portugal, Estados Unidos, Itália e Suíça são necessários cinco anos. Na França, na Alemanha e no Chile, seis. Na China, sete. Na África do Sul, nove. E na Colômbia, 11 anos.
O palestrante destacou que o grande instrumento para promover a ascensão social, conforme avaliação da OCDE, é o estudo. “É isso o que as elites tradicionais brasileiras não querem. Por isso, temos os salários achatados e as condições de trabalho cada vez piores. Os investimentos que ocorreram durante os períodos de ascensão ou de exercício de governos voltados para um desenvolvimento nacional autônomo foram momentos de investimento em educação em todos os níveis”, lembrou.
As Mesas de Debates são organizadas pelo Departamento de Formação do CPERS, coordenado pela diretora Valdete Moreira e ocorrem no início dos Conselhos do Sindicato com o objetivo de respaldar e esclarecer os conselheiros sobre informações importantes sobre a conjuntura estadual e nacional.