SOS: Colégio Estadual José de Alencar, em São Francisco de Paula, pede socorro


Telhado quebrado, salas alagadas, infestação de pombos, teto caindo, infiltração, fiação elétrica defasada. Essa é a realidade do CE José de Alencar, localizado em São Francisco de Paula, que iniciou o ano letivo, nesta quinta-feira (23), com os mesmos problemas enfrentados desde o ano passado.

O descaso do governo Eduardo Leite (PSDB) fica evidente nas dificuldades enfrentadas pela escola. A José de Alencar, que possui três andares, está com dois deles interditados. O terceiro, onde fica o auditório e cinco salas de aula, está fechado em sua totalidade, e o segundo, onde ficam sete salas de aula, está parcialmente vedado.

Na manhã desta sexta-feira (24), o 1° vice-presidente do CPERS, Alex Saratt, conferiu a situação calamitosa e a negligência do atual governo com a instituição, os educadores(as) e os estudantes.

“As condições são chocantes e mostram a falta de prioridade do governo Leite com a educação, seja na desvalorização salarial dos professores, funcionários e aposentados, seja no modelo pedagógico excludente do Novo Ensino Médio, ou na falta de obras e reformas das escolas que se encontram caindo aos pedaços”, afirma.

O colégio, que completa 105 anos em março, atende cerca de 800 estudantes do Ensino Fundamental, Médio, Curso Normal (Magistério) e Educação para Jovens e Adultos (EJA), em três turnos.

No terceiro andar da instituição, as pombas tomaram conta do ambiente, onde se acumulam excrementos, correndo o risco de transmissão de doenças aos alunos(as), professores(as) e funcionários(as) da escola.

A diretora da instituição, Mirian Regina Paiva Vieira da Silva, conta que, devido à interdição das salas de aula, parte dos estudantes tem aula no subsolo da escola. “São salas insalubres, muito pequenas, úmidas e com vasculhantes. Em cada sala temos a média de 40 estudantes”.

Mirian explica ainda que, em decorrência dos problemas na fiação e chuvas, muitas salas de aula ficam sem luz e necessitam de constantes trocas de lâmpadas. “Elas são trocadas semanalmente. Então para a aula à noite é muito ruim, tem salas que, às vezes, não têm luz”, frisa.

A vice-diretora do turno da manhã, Kellen Klein, chama a atenção ao fato que o colégio é o único da região que oferece o Ensino Médio e, por isso, recebe estudantes das cidades vizinha e do interior, o que torna a situação da instituição ainda mais urgente.

“Nós precisamos ter o mínimo de condições para atender nossos estudantes. É triste ver os alunos empilhados em salas de aula que antes eram depósitos. Nossa demanda é urgente e entristece a gente estar esperando por anos e anos essa reforma que nunca chega. O discurso do governador é o de priorizar a educação, mas não é isso que a gente vê”, conclui Kellen.

O ex-secretário escolar, Gladson Tizzato, destaca que o governo do RS abandonou a educação pública, principalmente os funcionários de escola. “Vejo que têm muitos funcionários que deixam o cargo porque existem propostas melhores nas empresas privadas, ou até mesmo em outros órgãos públicos. Não existe uma valorização financeira do secretário, das serventes, das merendeiras e também para os professores”.

E completa: “Nas lives e entrevistas, parece que a secretária de educação não vive na realidade que nós vivemos, ela não frequenta o chão da escola, não vê o que as escolas estão passando diariamente”, conclui.

Educação Pública X Seduc

Para a diretora Miriam, a morosidade e a burocracia são os grandes problemas para a resolução das demandas do colégio. “A escola mandou vários e-mails, ofícios, fotos e vídeos para a CRE, a Seduc e aos engenheiros. Tivemos as visitas dos engenheiros elétricos e de estrutura. O retorno que temos da Seduc é que até abril vão dar início às licitações”, resume Miriam.

Além dos problemas estruturais, a escola também sofre com a falta de recursos humanos: a instituição necessita de quatro merendeiras (atualmente, conta com somente uma, que é contratada), cinco serventes de limpeza (atualmente são duas), dois secretários e três monitores para atender os alunos(as) especiais.

“A situação da educação pública no RS é periclitante, embora o governador tenha dito que nesse ano de 2023 a prioridade dele é a educação. Estamos aguardando ansiosos e tristes, porque cada vez mais o descaso com a educação pública e os educadores aumenta”, desabafa Mirian.

O CPERS seguirá vigilante e acompanhando de perto a situação do CE José de Alencar e pressionando a Seduc para que os problemas estruturais e de recursos humanos sejam solucionados.

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