Revogação é defendida por 92,7% dos estudantes formados pelo Novo Ensino Médio


“Fomos usados como uma espécie de cobaias(…). Perdemos dois anos de estudo preciosos para ingressar no ensino superior devido à reforma”. Esse é um dos relatos apurados pela pesquisa “Mudanças Curriculares e Melhoria do Ensino Público” que evidencia a frustração de estudantes da primeira geração de concluintes do Novo Ensino Médio (2021-2023). 

A investigação científica, desenvolvida pelo Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud) e pela Rede Escola Pública e Universidade (REPU), revela que 92,7% dos estudantes entrevistados defendem a revogação do NEM. O conjunto de dados alarmantes recolhidos pelas pesquisadoras(es) comprova que a Lei 13.415/2017 é perversa, pois não contempla quem vivencia a educação básica diariamente. 

Insuficiência pedagógica

Oito em cada dez alunos(as) que concluíram a escola em 2023 disseram estar insatisfeitos com os componentes curriculares do Novo Ensino Médio. Diante da redução da carga horária de disciplinas essenciais, como geografia, história e química, as aulas foram tomadas por conteúdos irrelevantes, desestimulando o interesse dos educandos pelo processo de ensino-aprendizagem. 

“Nada de Biologia, matérias como ecologia, compostos inorgânicos também não vimos. No 3º ano do Ensino Médio não tivemos revisão, como deveria ser. Ao invés disso, minha escola está ensinando sobre maquiagem, muito útil”, diz um dos estudantes ouvidos pela pesquisa.

Com a inclusão dos itinerários formativos, 79,3% dos entrevistados consideram que a redução das disciplinas comuns impactará negativamente as suas vidas e 85% afirmam que não se sentem preparados para o Enem ou para outros vestibulares.

Em resumo, o Novo Ensino Médio tem prejudicado tanto a trajetória escolar de alunos e alunas da educação pública quanto suas possibilidades de futuro, que ficam cada vez mais distantes do ingresso no Ensino Superior. Enquanto isso, a desigualdade educacional aumenta, pois escolas privadas têm autonomia para oferecer grupos de estudo e aplicar simulados. 

O fim do NEM é urgente

Questionados a respeito das vantagens do NEM, diversos estudantes elogiaram a maior quantidade de tempo livre na escola sem aulas e sem professores(as). Ou seja, o novo modelo tem descaracterizado o papel das instituições educacionais e menosprezado a potencialidade dos alunos(as). Pelo menos 88% das matrículas no Ensino Médio brasileiro estão nas escolas públicas e, diante de tamanha rejeição dos recém-formados, o NEM tem comprovações estatísticas de que não atende às necessidades dos educandos. 

Para o CPERS, a revogação do Novo Ensino Médio é urgente e sua manutenção é injustificável. Tanto o projeto original, sancionado durante o governo de Michel Temer (MDB), quanto a reforma mais recente, aprovada na Câmara dos Deputados em março, fere os desejos da juventude, aniquila o caráter transformador da educação e põe ainda mais desafios à dignidade da classe trabalhadora. #RevogaNEM #RevogaJá

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