Para vivermos em uma sociedade realmente democrática, precisamos, primeiramente, respeitar e valorizar sua diversidade étnica e cultural. A sociedade brasileira, marcada pela presença de diferentes raças, grupos culturais e religiões, ainda se esforça para debater temáticas polêmicas que trazem à tona preconceitos inscritos em nossa cultura. Entranhado e presente nos mais diversos espaços, o racismo estrutural é como aponta seu nome: nós o percebemos nas estruturas que sustentam o nosso dia a dia.
Ele afeta o acesso de negras e negros a direitos básicos como uma infância plena, emprego digno e educação. Nessa matéria, visamos comprovar, através de dados, que o racismo estrutural, muito além do preconceito racial, é uma forma de hierarquização e exclusão em nossa sociedade.
Acesso aos estudos e ao emprego pela população negra é menor
Segundo dados do IBGE, apurados pela Agência Brasil, a população negra estuda em média 9,2 anos, enquanto brancos têm essa média elevada até 10,8 anos. Conforme a Agência, o acesso à educação é parelho por parte das diferentes populações, mas isso somente até a chegada da adolescência.
É na parcela de estudantes de 15 a 17 anos que acontece essa diferenciação. Nessa faixa, 71,5% das(os) negras(os) acessam estudos, enquanto esse número entre brancas(os) é de 80,5%.
Em relação à conclusão do Ensino Médio, os números também são assustadores. Enquanto 61,8% das(os) brancas(os) completam essa etapa escolar, somente 48,3% das(os) negras(os) finalizam essa etapa do ensino.
No mundo do trabalho, os impactos do racismo estrutural também são profundos, começando pelo acesso ao emprego. Conforme o IBGE, a taxa de desemprego de negras(os) é em torno de 30% maior do que para brancas(os). Em números também aferidos pela Agência Brasil, o site destaca haver uma manutenção dessa desigualdade em percentuais semelhantes durante toda a série histórica.
Racismo estrutural nega uma infância digna para meninas e meninos negros
Enquanto crianças brancas tiveram melhora nos seus índices de nutrição, crianças negras apresentaram queda nos mesmos números. As informações são apresentadas pelo Desiderata, instituto que atua em políticas de saúde pública para crianças e adolescentes.
Em números aferidos entre 2015 e 2018 na pesquisa Panorama da Obesidade de Crianças e Adolescentes, a curva da nutrição de crianças negras apresentou uma queda, finalizando 2021 com 7,4% dessa faixa da população em estado de desnutrição. Em crianças brancas, no mesmo ano, o índice foi de 4,9%. Os dados desse relatório foram analisados também pela Agência Brasil.
Em outra área, tão importante quanto a nutrição, a situação também é delicada. Estamos falando da adoção de crianças. Em matéria do site do Conselho Nacional de Justiça, que analisa a adoção, os números são entristecedores. Apesar de comporem a maior fatia de crianças em situação de adoção (69,6%), crianças pretas são 52,1% do total de 18.530 de jovens que encontraram uma nova família.
Chega de negar o básico para a população negra
Acesso à educação, uma infância plena, nutrição e emprego são o mínimo que uma sociedade pode proporcionar. Ao cercear esses direitos para toda uma parcela da população por centenas de anos, passando pela escravidão até o século XXI, fica claro que o racismo fez e faz parte dos pilares que sustentam o mundo como ele é hoje. E isso precisa acabar!
Para combater o racismo estrutural, mobilizações como a do Novembro Antirracista são indispensáveis. Por uma série de ações nesse período, o Coletivo de Igualdade Racial e Combate ao Racismo do CPERS, que promove encontros durante todo o ano, na capital e no interior, também fará a sua parte nessa luta. Fique ligada(o) nas redes sociais do Sindicato!