
Na conferência de encerramento do Encontro do Movimento Pedagógico Latino Americano o professor doutor da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais, Miguel Arroyo, abordou o tema “A educação na luta por democracia e pelos direitos”.
Na abertura da palestra Arroyo declarou que o tema proposto para o debate é absolutamente propício para o tempo que os educadores estão enfrentando. “São tempos sombrios e de resistência. A educação e os trabalhadores estão enfrentando um grande golpe. Um golpe do capital contra o trabalho. Escondido não sob as armas, mas sob a democracia, a Constituição. Tentam retirar o direito do trabalho e da cidadania. Os avanços na educação dependem dos avanços da cidadania. Quando se golpeia a cidadania, golpeia-se a educação”, afirmou.
Para Arroyo, o que os educadores sabem sobre as crianças e os adolescentes ainda é muito pouco, e destacou que isso é uma deficiência nos cursos de formação de docentes. “Precisávamos ser especialistas não em Teorias Eurocêntricas de Educação, mas em crianças e adolescentes. Especialistas em juventude. A escola tem que se preocupar com a formação plena dos educandos, sobretudo aquelas infâncias e adolescências que a sociedade trata de maneira tão injusta, tão dura, tão cruel, aqueles a quem se nega a sua possibilidade de ser criança, de ser adolescente”.
O professor contou uma das histórias que compõem seus livros. Em uma escola onde lecionava, a direção expulsou 20 alunos. Logo, ele foi procurado pelas mães dos alunos que pediam para os filhos voltarem para a escola. Então, perguntou para a mãe porque queria que o filho voltasse para a escola e ela respondeu: Meu filho estar na escola é a única garantia de que o terei vivo e que ele terá um futuro. “É essa a função da escola, a garantia de vida para eles. O nosso papel é resgatar a humanidade que foi roubada das nossas crianças”, observou.
Arroyo também lembrou que se as realidades mudam, precisamos mudar com elas: “se as crianças são outras hoje, podemos seguir sendo os mesmos educadores? E se os trabalhadores hoje são diferentes, podemos seguir sendo os mesmos sindicatos?”
O professor destacou também o importante papel do educador em tempos de lutas e resistência. “É importante que nós educadores nos posicionemos, levando a nossa análise para a sociedade. Estamos em um momento em que temos que demarcar nossos direitos e pensamentos”, finalizou.
Arroyo ressaltou que todos os movimentos deviam se unir, os sem-terra, os indígenas, os quilombolas, as feministas e tantos outros. “Devíamos fazer um esforço para defender nossas lutas gloriosas. Por que não nos unimos por outra educação, por nossos direitos?”, indagou.