Interditada por obras intermináveis, única escola estadual de Terra de Areia se deteriora a céu aberto


“Cada vez que chovia, transbordava aquele esgoto que jorrava no estacionamento. As crianças passavam mal por causa do cheiro, mosquitos, doenças e todos os tipos de problemas gerados com um esgoto aberto no meio da escola”, relata Vivian dos Santos, diretora da EEEB Professora Erica Marques, a única escola estadual no município de Terra de Areia, do litoral gaúcho.

Com esgoto aberto no meio do pátio, goteiras por dentro do prédio, fiação elétrica danificada e mais de 20 arrombamentos sofridos, a comunidade escolar luta para honrar os seus 68 anos de história e reerguer a estrutura cada vez mais deteriorada pelo descaso do governo Eduardo Leite (PSDB).

São três anos em obras e duas interrupções. A cada abandono dos trabalhos, novos problemas surgem.

Ainda em 2018, a Erica Marques havia sido contemplada com o financiamento do Estado de R$150 mil junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird). 

Na época, a empresa A.S. Teixeira era responsável pelas obras, iniciadas em setembro do mesmo ano. Mas os trabalhos foram interrompidos três meses depois por apresentar outros problemas estruturais.


Em 2019, o ano letivo iniciou com a obra paralisada e um imenso buraco no meio do pátio da escola com o esgoto aberto. As obras foram retomadas com a empresa Energi; no entanto, um temporal fez o telhado desabar e a chuva tomar conta do pavilhão do Ensino Médio.

“Nesse prédio, chovia pelas lâmpadas, pelos ventiladores, tivemos vários curtos circuitos e problemas sérios na elétrica”, conta a diretora Vivian.

A Secretaria da Educação e a 11ª CRE  foram notificadas através de ofício sobre a situação dramática do prédio.

Conforme Vivian, as goteiras tomavam conta da escola quando chovia e corroíam cada vez mais a estrutura da instituição. “Era visto de longe que tinha buracos, telhas quebradas, madeiramento podre e estava muito perigoso com a chuva”, afirma.

O Ministério Público e a Promotoria Regional da Educação de Osório foram acionados. Em julho de 2019 foi realizada uma vistoria, que determinou a interdição da escola.

Aulas em prédio improvisado

Para não comprometer a saúde dos alunos, já que muitos adoeciam e tinham virose devido ao esgoto a céu aberto, a Secretaria alugou um Salão de Festas de uma sociedade esportiva para a manutenção das aulas do Ensino Fundamental, com salas erguidas por divisórias em MDF.

O prédio também está em más condições, com fiação exposta e paredes esburacadas. O isolamento acústico entre as salas é inexistente, já que as divisórias não alcançam o teto.


Algumas das janelas são basculantes, inadequadas para a ventilação necessária. Salas pequenas e apertadas também colocam a comunidade escolar em situação de risco no retorno presencial.

Com as limitações, o Ensino Médio e as turmas dos Anos Finais não puderam retomar as atividades e permanecem com as aulas remotas.

Anteriormente, o prédio da Fundação La Salle, a três quadras da escola, havia sido alugado para atender as cinco turmas do Ensino Médio. Mas foi entregue de volta à entidade.

“Lá não tinha cozinha e nem refeitório. Nós transportávamos a merenda dos alunos nos nossos carros da direção, dos vice-diretores e funcionários. Fazíamos quatro viagens todos os dias para fechar o horário”, relata.

Atualmente a escola atende os anos iniciais do 1º ao 5º ano dos turnos da tarde e da manhã presencialmente no prédio do Salão de Festas, que também abriga, em média, dez alunos por sala de aula das turmas do 6º ao 8º ano.

Em 2020, as obras da escola foram retomadas com a empresa Energi, que revitalizou o telhado, substituiu as telhas e o madeiramento, e iniciou a obra dos banheiros.

Mas, em julho, as obras foram paralisadas mais uma vez, pois o governo demorou sete meses para autorizar a empresa a continuar com o processo. Pela morosidade e por problemas burocráticos, a Energi abandonou as obras.

Hoje, a escola tem uma liberação e empenho de mais de R$16 mil via autonomia financeira para os reparos no prédio do Ensino Médio, que também foi danificado pelos ventos fortes do dia 20 de julho.

“Com isso a gente vai fazer as adaptações necessárias e refazer a rede elétrica do pavimento dos anos iniciais, onde vamos habilitar sete salas de aula para que possamos atender os alunos que não estão em aula presencial”, conta a diretora.

“Com a situação da obra, temos um empenho para um atendimento emergencial do telhado do prédio e também para religar a luz nas sete salas do Ensino Médio”.  

Desde 2019, a escola já foi arrombada 21 vezes, o que inclui seis arrombamentos nos últimos dois meses. 

“A escola está arrombada e danificada pela ação do tempo e vandalismo, perdemos todo o sistema de alarme. Nos últimos arrombamentos, a fiação elétrica foi danificada, arrancaram os fios, levaram o relógio medidor de luz e a câmera de vigilância”

“Praticamente todos os dias a gente se reveza para verificar se a escola não foi arrombada, mas sempre temos alguma surpresa”, completa.  

Professora Erica Marques resiste!

Nesta sexta-feira (13), às 18h, a comunidade escolar da Erica Marques mobiliza-se em frente à instituição de ensino para pedir o apoio da sociedade e fazer um alerta às autoridades sobre a situação dramática que estão passando.

“A nossa escola já está numa situação muito difícil por ser a mais antiga do município e ainda a única que atende o Ensino Médio. Todas as pessoas da cidade têm um amor por ela ou porque estudaram ou porque tiveram um familiar que estudou nela. A história do município se confunde com a escola. São muitas pessoas envolvidas”, finaliza.

 

 

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