II Encontro Estadual de Funcionários da Educação destaca a necessária valorização da profissão


Começou nesta quinta-feira (12) a 2ª edição do Encontro Estadual de Funcionários de Educação. O evento, realizado em Bento Gonçalves, segue até esta sexta e objetiva valorizar o importante trabalho realizado por estes profissionais no chão da escola. A iniciativa é a culminância dos encontros regionais realizados no decorrer de 2019 nos 42 núcleos do Sindicato.

O Coral dos educadores do 12º núcleo (Bento Gonçalves) deu início às atividades do dia. Logo após, a diretora do Departamento dos Funcionários de Escola do CPERS, Sônia Solange Viana, destacou que somente a luta dos educadores vai impedir que os ataques aos direitos históricos da categoria avancem. “Além de mexer em nossa carreira, o governo ainda faz descontos em cima do nosso salário, que é pago com atraso todos os meses. Estamos aqui firmes e fortes para dizer que ninguém vai nos derrubar”, enfatizou.

Helenir Aguiar Schürer, presidente do CPERS, salientou o essencial trabalho desenvolvido pelos funcionários. “Vocês são fundamentais nas escolas. Aproveitem este encontro, pois aqui terão informação, que é o que nos instrumentaliza para a luta”, destacou.

“Hoje, aqui, estamos nos fortalecendo, pois formação é fortalecimento e resistência, essenciais neste momento difícil que estamos enfrentando”, destacou o segundo vice-presidente do CPERS, Edson Garcia.

A diretora do 12º núcleo, Juçara Borges, lembrou dos avanços já conquistados pelos funcionários. “Quando eu comecei no estado eu não assinava o mesmo ponto dos professores e nem usava a mesma sala que eles. Tivemos conquistas muito significativas, mas ainda temos muito a avançar”, observou.

Representantes do 2º núcleo do CPERS (Santa Maria), subiram ao palco para homenagear a incansável educadora Gleide Fagundes Vieira, que faleceu recentemente.

Análise sobre a conjuntura destaca o papel dos educadores na resistência

Uma detalhada análise sobre a conjuntura política foi apresentada por Helenir, pelo secretário de funcionários(as) da educação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), José Carlos Bueno Prado – Zezinho, e pelo presidente da CUT/RS e diretor adjunto de assuntos jurídicos do SINPRO/RS, Amarildo Pedro Cenci.

“Será que o Leite é pior que o Sartori ou ele está no quinto ano do mesmo projeto? Isso que estamos vivendo é a continuidade do estado mínimo, que repudia a educação pública”, explicou Helenir.

Ela também destacou que foi a força da luta dos educadores que impediu que o pacote do governo fosse ainda mais danoso à categoria. “Podíamos ter perdido tudo, mas aí vocês entraram em cena e fizeram uma greve histórica, além da pressão nas Câmaras de Vereadores. Tivemos, durante a greve, o apoio de 315 Câmaras”, exaltou.

“Queremos que seja colocado no plano de carreira dos funcionários um índice de reajuste. Por isso, vamos novamente pressionar as Câmaras”, afirmou.

Ela frisou ainda que o governo pretende, até o final do mandato, fechar cinco mil turmas e 480 escolas. “Isso demonstra o tanto de luta que temos pela frente, junto com a comunidade escolar”.

“No próximo dia 18 estaremos em frente ao Piratini e convidaremos todos os deputados a irem conosco exigir do governo que reverta o corte do ponto dos educadores”, conclamou.

Consciência política para impedir a retirada de direitos

“Voto não tem preço, tem conseqüência. Não fizemos o debate necessário e o Brasil acabou elegendo Bolsonaro”, foi assim que Zezinho iniciou sua fala no debate.

“Chegamos a um ponto em que ou lutamos ou lutamos. Se não, a tendência é que nas salas de aula tenhamos uma televisão e uma pessoa, que não será educador, para conduzir os trabalhos”, explicou.

E foi enfático ao frisar que os funcionários nunca devem se ver como coitadinhos. “Não somos tapetinhos. Somos educadores! Nos tornamos coitadinhos quando deixamos que nos tratem assim. Seja quem for que quiser tratar vocês assim, digam: eu sou tão educador quanto vocês”.

Amarildo expôs fatores que representam os sintomas da crise financeira e ressaltou que o setor produtivo, os serviços públicos e o Estado são reféns da ditadura dos acionistas. “Estamos diante de um ferrenho ataque aos serviços públicos e do sucateamento das carreiras. Temos que defender emprego e salário a todos”, alertou.

“Vocês fizeram uma grande greve e mostraram que a educação pública não aceita ser sucateada. Educação para todos os trabalhadores é o que temos de mais importante para o bem social”, finalizou.

No encerramento das atividades da manhã, houve a apresentação dos projetos elaborados pelos funcionários de escola que participaram da 4ª Mostra Pedagógica Estadual do CPERS.

Assédio moral e a valorização dos funcionários foram os temas que pautaram a tarde

Com a apresentação do espetáculo Marias, o grupo de aposentadas do 24º núcleo (Pelotas) iniciou as atividades da tarde.

Na seqüência, a secretária de políticas educacionais do SINTEP/MT, Guelda Cristina de Oliveira Andrade, apresentou o painel Construção do Conceito Funcionários como Educadores e Como Romper com a Barreira da Individualidade Social.

“A educação acontece em todos os espaços da escola. Nós produzimos educação o tempo todo, individualmente e de forma coletiva. Se eu não tenho convicção de que sou educadora como vou convencer o outro?”, questionou.

Ao apresentar a trajetória dos funcionários em busca de formação, destacou “temos que ir rompendo com a invisibilidade no dia a dia através da nossa atuação. Uma das ferramentas para que isso ocorra é a formação, um dos pilares do plano de carreira”, ressaltou.

Fomentar a oferta de cursos técnicos profissionalizantes, realizar censo dos funcionários da educação, implantar imediatamente políticas de formação e garantir, onde não houver, planos de carreira e piso nacional foram algumas das urgências colocadas por Guelda.

A diretora e coordenadora do Coletivo de Funcionários da APP Sindicato/PR, Nádia Beatriz Brixner, apresentou o tema Funcionários(as) em Foco – as redes sociais a serviço da educação. “Temos um grande desafio que é como utilizar as redes sociais para conseguirmos nos comunicar de forma efetiva. Há três anos fazemos um debate no Facebook chamado funcionários em foco, que fala especificamente sobre a pauta dos funcionários com linguagem simples, direta e objetiva”, relatou.

Na seqüência, Zezinho falou sobre assédio moral no trabalho, explicando os tipos existentes e destacando a importância de saber reconhecer atos que configuram essa situação e ao identificá-los denunciar ao sindicato. “Comportamentos, gestos e escritas constantes que causem sentimento de humilhação e inferioridade são classificados como assédio moral e devem ser combatidos”, alertou.

O dia encerrou com a confraternização dos participantes e momento cultural.

Nesta sexta-feira (13) ocorre o último dia do Encontro com atividades que iniciam às 8h30.

 

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