Heróis invisíveis: encontros regionais valorizam o papel dos(as) funcionários(as) de escola na educação


A servente Simone Camargo Maciel participou, nesta quarta-feira (29), do seu primeiro encontro de funcionários(as) de escola promovido pelo CPERS. Saiu do evento, realizado na sede do núcleo de Lagoa Vermelha (25º), determinada a transformar sua atuação na ETE Bernardina Padilha, de Vacaria.

“Sem conhecimento a gente fica burro, alienado. Engole qualquer coisa. Agora eu sei dos meus direitos, posso lutar pelo que é justo e sei que preciso ser reconhecida como educadora”, afirma. Ela é concursada há 27 anos e foi beneficiada, em maio de 2015, pela ação do CPERS que resgatou o PL 155, então engavetado na Assembleia, garantindo o enquadramento de todos os funcionários no Quadro de Carreira, bem como seus direitos salariais.

Fortalecer a identidade dos funcionários como educadores de fato, traçar caminhos para a profissionalização e resgatar a história de lutas de quem atua para garantir o bom funcionamento das escolas e, muitas vezes, não é reconhecido por seus próprios pares. São estes alguns dos objetivos dos Encontros Regionais de Funcionários de Escola, que ocorrem até o início de julho em todas as regiões do estado.

“Mesmo sem perceber, exercemos o papel de educar em todos os espaços da escola. Pois cada ambiente de uma instituição de ensino serve a um único propósito: a educação”, explicou Sonia Solange, diretora do Departamento de Funcionários(as) de Escola do CPERS ao público presente, composto por mais de 100 funcionários(as) dos núcleos de Lagoa Vermelha e Vacaria. “Nosso trabalho tem uma dimensão pedagógica importantíssima, e sua valorização começa por nós”, complementa.

A servente Olívia de Fátima Carini, de 51 anos, construiu seu protagonismo na EEEM Presidente Kennedy, de Lagoa Vermelha, batalhando e se fazendo ouvir por professores(as) e estudantes, bem como pelo corpo diretor. Hoje, atua como merendeira para suprir a carência de recursos humanos – reflexo da política de precarização do governo Eduardo Leite -, mas também preside o conselho escolar.

“A gente tá sempre de fundo na escola, sem reconhecimento. Temos que ir atrás e buscar nosso espaço, não podemos aceitar uma condição subalterna”, pondera. “É muito bom ter encontros como esse, pois a gente sai do ambiente escolar, vê colegas e compartilha dos mesmos problemas e sonhos, se exercita e até respira melhor”, completa, referindo-se às atividades lúdicas de ginástica corporal e dança.

Reforma da Previdência

Olívia, além de um bom exemplo para a luta dos(as) funcionários, também ilustra a crueldade da Reforma da Previdência. Com 51 anos de idade e 29 de contribuição, ela precisaria trabalhar mais quatro anos de acordo com a regra atual para se aposentar com a integralidade, ou 100% do último benefício.

Se a Reforma da Previdência passar, ela cairá na regra de transição e precisará chegar aos 62 anos para garantir o benefício integral, trabalhando seis anos a mais. Saiba mais sobre como a proposta de Bolsonaro prejudica todos(as) os(as) educadores(as) aqui.

Os encontros de funcionários também são uma oportunidade para prestar esclarecimentos sobre a proposta, que é brutal para todos os trabalhadores, da iniciativa privada ou do poder público. O advogado Marcelo Oliveira Fagundes falou aos presentes sobre a reforma e reforçou a necessidade de conscientizar a comunidade sobre as reais consequências do projeto.

“Conversem com as pessoas. Estão veiculando muitas inverdades, dizendo que quem está próximo de se aposentar não será afetado. É mentira. A Reforma vai pegar todos com violência, e vai pegar os pais e alunos das suas escolas também. É preciso dialogar”, frisou.

O CPERS também disponibiliza uma cartilha detalhada sobre a Reforma. São 32 páginas que abrangem os diferentes aspectos do texto em tramitação no Congresso, incluindo as alterações no Regime Geral (setor privado) e Regime Próprio da Previdência Social (servidores), além de exemplos práticos e informações organizadas sobre os principais pontos da proposta. Clique aqui para baixar.

Calendário de lutas

Além de debater o reconhecimento social e os direitos da categoria, o evento também discutiu a conjuntura de ataques à educação em todos os níveis, com destaque para as mobilizações marcadas para os próximos dias. A presidente do CPERS, Helenir Aguiar Schürer, fez um chamado à luta. “Se vocês não lutarem do nosso lado, ninguém vai substituir o lugar de vocês. Será um buraco na resistência”, disse.

Nesta quinta-feira (30), o CPERS orienta educadores(as) a se somarem às mobilizações contra os cortes na educação e a Reforma da Previdência. No dia 3, próxima segunda-feira, a categoria deve cruzar os braços em protesto pelos salários atrasados e congelados, e participar do ato estadual em Porto Alegre. Já no dia 14 de junho, data da Greve Geral, educadores(as) se unem a trabalhadores(as) de todos os segmentos para barrar a Reforma da Previdência.

Ao término do evento, as educadoras e educadores construíram uma árvore simbólica, escrevendo palavras que resumiam o encontro em mãos de papel a serem afixadas na parede. Um marco que ficará na sede do 25º Núcleo para que nunca se esqueçam da importância de lutar.

Confira abaixo o cronograma dos próximos Encontros Regionais e participe!


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