Há seis anos com aulas em porão paroquial, escola de Capela de Santana luta por nova sede


“Saímos do prédio, em outubro de 2013, na promessa de que a escola seria demolida e reconstruída”, desabafa o diretor Laércio Lancellotti, do IEE Manoel de Almeida Ramos, de Capela de Santana.

A escola, mais antiga do município com mais de 83 anos de existência, é a única na cidade a oferecer turmas do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º do Ensino Médio, mas, desde outubro de 2013, precisa peregrinar por estruturas diferentes para receber seus estudantes.

Desde 2015, os 490 alunos, matriculados em 3 turnos, estudam no porão alugado de um salão paroquial da cidade. Tudo isso porque a obra de seu novo prédio nunca saiu do papel.

Trata-se de mais um retrato do descaso e abandono do governo Eduardo Leite (PSDB) com a educação pública gaúcha.

O município ficou responsável pelo aluguel do porão do salão por um ano, enquanto o terreno ia sendo regularizado. Após, o Estado assumiu a locação do espaço.

A antiga sede da instituição foi desativada, pois engenheiros da Secretaria de Obras da Seduc avaliaram que a escola não tinha condições de funcionar por apresentar riscos aos estudantes e educadores(as): fios desencapados, telhado quebrados, paredes com risco de desabarem, piso cedendo, entre outros problemas.

De março de 2014 até maio de 2015, os estudantes tiveram aula em um anexo da Escola Técnica Visconde de São Leopoldo.

A escola, improvisada no porão paroquial, não oferece espaço para biblioteca, laboratórios, cozinha, refeitório ou depósito.

“Estamos há oito anos acampados. Receberemos 15 novos alunos da comunidade indígena o que fará com que cheguemos a 505 alunos. E sem estrutura escolar”, define Lancellotti.

Oito anos de espera

O diretor Lancellotti conta que já tiveram inúmeras reuniões com deputados, com a secretária de Educação, Raquel Teixeira, com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos Júnior, audiência com as  Comissões de Educação da Assembleia Legislativa, mas – até agora – não houve nenhuma resolução concreta para o problema. “Em um áudio em que cobrei providências da coordenadora da 2º CRE, ela me respondeu que não constrói escolas”, explica.

 “A Seduc ouve as necessidades, mas não se compromete em assumir a obra. Numa audiência pública, pediram para o prefeito dar o projeto”, completa Lancellotti.

Lancellotti vê a situação da instituição como um absoluto descaso do governo. “Preferem pagar aluguel em espaços precários do que construir uma escola. Constrói-se presídios, mas não escolas”, conclui o diretor.

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